Apneia do sono: o que deve saber sobre este problema
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Apneia do sono: o que é e como tratar
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), vulgarmente conhecida como apneia do sono, é uma doença cada vez mais frequente, devido à prevalência de alguns dos seus fatores de risco na sociedade, como é o caso da obesidade e do consumo de álcool.
A SAOS afeta aproximadamente 5% da população portuguesa, entre os 30 e os 60 anos de idade. Apesar do seu perfil crónico e das comorbilidades associadas, esta é uma doença tratável. Contudo, só 2,5% dos indivíduos com esta patologia, cerca de 15.000 doentes, é que são sujeitos a tratamento. A explicação para esta situação estará no subdiagnóstico destes casos.
Portanto, importa ficar a saber mais sobre esta doença, nomeadamente, sobre os seus sintomas e causas principais.
O que é
A apneia do sono pode definir-se como um quadro de sonolência, acompanhado de alterações cardiovasculares e neuropsiquiátricas.
Esta doença faz com que, durante o sono, ocorra recorrentemente uma obstrução das vias aéreas superiores, que causa dessaturações, pausas involuntárias e momentâneas na respiração e fragmentação do sono, devido aos despertares transitórios.
Sintomas e consequências
Os principais sintomas da apneia do sono são: roncopatia; apneias; sonolência diurna excessiva; deterioração intelectual; perturbações da memória, atenção e concentração; alterações da personalidade; irritabilidade; cefaleias matinais; diminuição dos níveis de oxigénio no sangue; disfunção sexual; e depressão, este último decorrente das várias comorbilidades provocadas pela apneia do sono.
A sonolência diurna excessiva é, simultaneamente, um sintoma e uma consequência da apneia do sono, que interfere na realização das atividades quotidianas, nomeadamente, na condução, estando mesmo na origem de alguns acidentes de viação.
A apneia do sono constitui um fator de risco para outras doenças, nomeadamente, as cardio e cerebrovasculares.
Este problema conduz, muitas vezes, ao desenvolvimento da insulino-resistência, da Diabetes Mellitus, dos acidentes vasculares cerebrais, das doenças crónicas, das doenças coronárias, da insuficiência cardíaca, da síndrome de hipoventilação, da doença pulmonar obstrutiva crónica, da fibrose pulmonar idiopática e da doença mental. Aproximadamente metade dos doentes com apneia do sono sofrem ainda de hipertensão arterial.
Por tudo isto, a apneia do sono pode prejudicar gravemente a saúde do indivíduo e reduzir mesmo a sua esperança média de vida.
Causas e fatores de risco
Há alguns fatores de risco que constituem causas para o surgimento da apneia do sono. Alguns desses fatores são: a obesidade; o consumo de álcool e sedativos; a genética; a congestão nasal; e as dismorfias crânio-faciais associadas ao estreitamento da faringe, como palato ogivado, micrognatia, retrognatia e anomalias ORL.
Diagnóstico e tratamento
Para fazer o diagnóstico da apneia do sono é necessário proceder a uma avaliação clínica adequada, assim como a um estudo poligráfico noturno do sono.
O exame de diagnóstico é realizado através de um estudo poligráfico do sono standard, feito em laboratório por um técnico credenciado. Este exame permite detetar eventos obstrutivos durante o sono e a sua repercussão, nomeadamente, na estrutura do sono.
A polissonografia também permite o registo de variáveis cardiorrespiratórias, da saturação periférica de oxigénio, da pressão nasal, do fluxo oronasal e do esforço torácico e abdominal.
Como já dissemos, a apneia do sono tem tratamento. Algumas das terapêuticas indicadas podem ser: ventilação por pressão positiva, cirurgia ou próteses de avanço mandibular.
Prevenção
Além de evitar o máximo de fatores de risco possível, manter uma boa higiene de sono pode ajudar a evitar este e outros problemas. Assim, deve:
- ter horários regulares para se deitar e acordar;
- usar o quarto apenas para dormir (e não para comer ou trabalhar);
- praticar desporto, 6 a 4 horas, antes de se deitar;
- fazer atividades relaxantes, antes de ir dormir;
- evitar consumir tabaco, álcool, café, chá preto, chocolate ou outro estimulante, após as 17 horas;
- fazer um jantar mais leve, cerca de 3 horas antes de ir dormir;
- manter o quarto a uma temperatura agradável, silencioso e com pouca ou sem nenhuma luz.
Cuide do seu sono!