Viver com artrite reumatóide: como atenuar a sintomatologia
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De acordo com a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, estima-se que a artrite reumatóide (AR) em Portugal afete 0,8 a 1,5 por cento da população.
“A ocorrência global de RA é duas a quatro vezes maior em mulheres do que em homens. O pico de incidência nas mulheres é após a menopausa, mas pessoas de todas as idades podem desenvolver a doença, incluindo adolescentes”, pode ler-se no site da SPR.
Artritre reumatóide: o que é
A artrite reumatóide é uma doença inflamatória crónica, em que o sistema imunitário ataca as articulações e tecido conjuntivo do indivíduo, provocando inflamação nas articulações, em especial nas mãos, pés, nos pulsos e joelhos, podendo também afetar quaisquer outras articulações.
Esta doença autoimune raramente pode também causar um processo inflamatório nos olhos, pulmões, coração, vasos sanguíneos e pele.
O revestimento das articulações fica inflamado, causando dores, inchaço e dificuldades de locomoção e em segurar objetos, levando a deformidades nas articulações e, consequentemente, bloqueio e perda de mobilidade. A inflamação pode levar mesmo, ao comprometimento dos ossos, consequente da destruição da cartilagem.
A doença, que afeta cerca de um por cento da população mundial, é mais comum nas mulheres do que nos homens e surge, habitualmente, entre os 35 e os 50 anos, podendo, no entanto, ocorrer em qualquer idade.
Causas
As causas exatas da artrite reumatóide são ainda desconhecidas, embora o fator genético desempenhe um papel importante, ou seja, pessoas com história familiar de AR têm uma maior predisposição para desenvolver a doença.
Também alguns fatores ambientais, como infeções virais ou tabagismo podem contribuir para contrair artrite reumatóide.
Sintomas mais comuns de artrite reumatóide
A AR desenvolve-se com diferentes intensidades, sendo que algumas pessoas têm crises ocasionais seguidas de longos períodos de remissão, em que a doença está inativa; outras apresentam sintomas bastante ligeiros e outras ainda apresentam um quadro grave e de progressão contínua, podendo ser de evolução rápida ou lenta.
A doença pode começar subitamente, com várias articulações inflamadas em simultâneo, mas o mais normal é instalar-se de forma subtil, afetando diferentes articulações, gradualmente.
Por norma, a inflamação é simétrica, e afeta ambos os lados do corpo de forma idêntica.
Podendo comprometer qualquer articulação, por norma, são os punhos, articulações interfalangeanas proximais (articulação do meio dos dedos) e metacarpofalangeanas (entre os dedos e mãos) as zonas mais afetadas
Outras zonas comumente afetadas são os joelhos, ombros, tornozelos, cotovelos e ancas, sendo que também o pescoço pode sofrer. Já as pontas dos dedos e a região lombar raramente são acometidas desta doença.
As articulações apresentam-se rígidas e dolorosas, especialmente após o acordar ou depois de algum tempo de inatividade. Muitas pessoas sentem fraqueza e cansaço, especialmente, ao início da tarde, podendo também haver perda de apetite e consequente perda de peso, além de febres altas.
As zonas afetadas ficam quentes e inchadas, podendo apresentar deformações rapidamente. As articulações ficam como que congeladas numa determinada posição, não se conseguindo estendê-las ou dobrá-las, dificultando os movimentos.
Os dedos podem sair da posição normal, deslocando-se na direção do dedo mindinho de cada mão, o que faz também com que os tendões saiam do sítio, provocando outras deformidades.
A inflamação nas articulações dos pulsos pode levar à compressão do nervo mediano, resultando em formigueiro devido à síndrome do canal cárpico.
Muitas pessoas com AR têm caroços sob a pele (os nódulos reumatóides), normalmente, junto de áreas onde existe mais pressão e, nos joelhos, podem desenvolver-se quistos.
Embora seja raro, a artrite reumatóide pode provocar a inflamação dos vasos sanguíneos, chamada de vasculite, o que reduz o fornecimento de sangue aos tecidos e pode causar lesões nos nervos ou úlceras nas pernas.
Esta doença pode ainda afetar a pleura, a membrana que cobre os pulmões, e o pericárdio, o que pode provocar dores no tórax e falta de ar. A AR é ainda responsável pelo desenvolvimento de linfadenopatia (inchaço dos gânglios linfáticos), síndrome de Felty (que se traduz por uma baixa contagem de leucócitos e aumento do baço) e síndrome de Sjögren (que provoca secura dos olhos e da boca).
Por último, a artrite reumatóide pode também afetar o pescoço, com o risco dos ossos comprimirem a medula.
Diagnóstico
Sinais e sintomas
Habitualmente, a artrite reumatóide manifesta-se com mais de quatro articulações inchadas e dolorosas, nos dois lados do corpo (poliartrite simétrica), sendo que as pequenas articulações das mãos e dos pés são, normalmente, as mais afetadas.
Para além de dor e inflamação, podem dar-se deformações graves das articulações e, na sua forma mais grave, a doença diminui a esperança média de vida do seu portador entre cinco a dez anos.
Para além dos sintomas físicos nas articulações, há outros sintomas frequentes, tais como:
- Cansaço
- Febre (suores e sintomas semelhantes a gripe)
- Perda de peso não provocada
- Rigidez articular, geralmente mais acentuada na parte da manhã e após algum período sem atividade
Alterações em exames
As alterações laboratoriais assinaladas no sangue e no líquido sinovial dos doentes com artrite reumatóide indicam a presença de uma inflamação sistémica e intra articular e dos aspetos autoimunes da doença. Estes marcadores incluem líquido sinovial inflamatório, anemia crónica, fator reumatóide positivo, bem como o aumento dos marcadores da fase aguda.
Tratamento
O doente com artrite reumatóide deve ser acompanhado por um reumatologista, sendo o tratamento, habitualmente, à base de anti-inflamatórios, analgésicos, corticosteróides, bem como medicamentos modificadores de artrite reumatóide clássicos ou biológicos e outros. O tratamento inclui também fisioterapia, podendo, mesmo, passar por uma cirurgia.
De resto, o paciente deve optar por um estilo de vida saudável, o que implica deixar de fumar e perder peso, caso necessite.
Recomenda-se também a prática de exercício físico, mas sempre com orientação médica.
O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para evitar a progressão da doença e proporcionar alívio sintomático e qualidade de vida ao paciente.