Bexiga hiperativa: cuidados a ter para evitar esta patologia
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De acordo com a Associação Portuguesa de Urologia, a urgência em urinar é o elemento chave da bexiga hiperativa e “define-se como o desejo súbito de urinar, difícil de adiar”.
A incontinência de urgência, que decorre da necessidade súbita e imperiosa de urinar que a pessoa com bexiga hiperativa sente, é outro fator a ter em conta no diagnóstico desta patologia, além da frequência urinária, considerando-se que mais de oito eventos em 24 horas é uma frequência miccional anómala.
A noctúria, interrupção frequente do sono pela necessidade de urinar, é outra caraterística da bexiga hiperativa.
Recorde-se que estes sintomas podem também decorrer de outros fatores, como sejam a infeção urinária, condições metabólicas ou outras doenças, pelo que, para que haja um diagnóstico correto, é necessário descartar estas opções.
Possíveis causas da bexiga hiperativa
Considerada um distúrbio neuromuscular, que se carateriza pela contração desadequada da bexiga, esta condição afeta cerca de 17 por cento da população europeia com mais de 40 anos.
São variadíssimas as causas que podem dar origem a este problema, nomeadamente, traumatismo com lesão medular, acidente vascular cerebral (AVC), esclerose múltipla, demência, doença de Parkinson, lesões medulares, insuficiência cardíaca, neuropatia diabética, insuficiência venosa periférica ou um enchimento vesical rápido e algumas questões relacionadas com o envelhecimento como é o caso da alteração do tónus muscular.
Também a medicação, como é o caso dos diuréticos, assim como alguns alimentos e bebidas (como a cafeína), podem despoletar este problema.
Fatores de risco
As pessoas com depressão e os diabéticos insulinodependentes têm um risco três vezes superior de desenvolver bexiga hiperativa. E, embora este problema possa atingir pessoas de qualquer idade, estima-se que a prevalência aumente com a idade, já que o envelhecimento implica a perda de tónus muscular.
Pessoas a fazer terapêutica hormonal de substituição, mulheres com um elevado índice de massa corporal e pessoas sujeitas a cirurgia vesical ou vaginal estão, também, mais sujeitas a desenvolver esta doença.
A doença pulmonar obstrutiva crónica, a obstipação, a imobilidade e o fato de ter sido sujeita a uma histerectomia (cirurgia para remoção do útero) são outros fatores de risco.
Sintomas e diagnóstico
A bexiga hiperativa não pode ser considerada uma doença mas sim um conjunto de sintomas que ocorrem com bastante frequência como por exemplo:
- Necessidade em urinar de forma urgente (com ou sem incontinência);
- Aumento da frequência e número de micções noturnas (não havendo infeção ou outra doença)
O diagnóstico é frequentemente realizado através de uma cuidadosa avaliação da história clínica e exame físico do paciente. A análise à urina para descartar uma possível infeção urinária é também um exame habitualmente realizado.
Tratamento
De acordo com a Associação Portuguesa de Urologia, são três as modalidades de tratamento: farmacológica, terapia comportamental e cirurgia, sendo que “a escolha de um tipo particular de tratamento depende da severidade dos sintomas e da sua interferência no estilo de vida do doente”.
Na grande maioria dos doentes, a combinação da medicação com a terapia comportamental é o suficiente para tratar o problema. A fisioterapia e a eletroestimulação são outros recursos disponíveis para o tratamento da bexiga hiperativa.
Só no caso destas duas modalidades de tratamento falharem é que se avança para a cirurgia, sendo várias as opções disponíveis, como a neuromodulação sagrada, a cistoplastia de aumento, a estimulação percutânea do nervo tibial ou a utilização da toxina botulínica (botox).
Hábitos que ajudam a evitar o problema
Aconselhadas como forma de tratamento, portanto, após o problema se instalar, estas medidas funcionam, igualmente, como prevenção e passam por evitar o consumo de tabaco, álcool e cafeína.
O excesso de peso provoca uma pressão maior do abdómen sobre a bexiga, pelo que perder peso ajuda a tratar e a prevenir a bexiga hiperativa.
Sempre que urinar, deve ter o cuidado de esvaziar completamente a bexiga e não deve reter a urina durante muito tempo, ou seja, não deve ignorar a vontade de urinar e só ir à casa de banho quando já não aguenta mais.
De resto, uma das técnicas usadas na terapia comportamental é, exatamente, criar o hábito de ir à casa de banho antes de sentir vontade, em intervalos regulares.
Aprender e praticar exercícios de Kegel e praticar exercício físico de forma regular, fortalecem o pavimento pélvico e ajudam a evitar as perdas de urina.