Cancro do colo do útero: sintomas, causa e tratamento
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O cancro do colo do útero é um problema preocupante em Portugal, onde apresenta valores mais elevados do que na grande maioria dos restantes países europeus. Além disso, na Europa é a oitava neoplasia mais frequente nas mulheres.
Este tipo de cancro desenvolve-se no colo do útero, que é a zona de entrada para o útero a partir da vagina. Afeta, principalmente, mulheres sexualmente ativas com idades compreendidas entre os 30 e os 45 anos.
O cancro do colo do útero pode ser, frequentemente, detetado na sua fase inicial e prevenido através de testes de rastreio regulares. Se detetado precocemente, é um dos cancros com maior sucesso de tratamento.
Cancro do colo do útero: aquilo a que deve estar atenta
Sintomas
Normalmente não existem sintomas nas fases iniciais do cancro do colo do útero.
Caso haja sintomas, o mais frequente é uma hemorragia vaginal anormal, que pode ocorrer durante ou após a relação sexual, entre períodos menstruais, ou uma nova hemorragia já depois de ter passado pela menopausa.
A hemorragia anormal não significa, porém, que a mulher tenha cancro, embora seja motivo suficiente para consultar um médico de clínica geral.
Se o médico suspeitar de cancro do colo do útero, a mulher deve ser encaminhada para uma consulta urgente de Ginecologia.
A que se deve o cancro do colo do útero
Causas e fatores de risco
O cancro do colo do útero é, normalmente, provocado por uma infeção provocada pelo Vírus do Papiloma Humano (Human Papillomavirus – HPV). Embora existam mais de 150 tipos de HPV, a maioria dos quais inofensivos, alguns deles possuem proteínas que "desligam" determinados genes supressores dos tumores (genes que impedem o seu desenvolvimento).
Quando isso acontece, as células que revestem o colo do útero podem crescer demasiado e desenvolver alterações em genes adicionais, o que provoca, nalguns casos, o cancro.
No entanto, o HPV não é a única causa, até porque a maioria das mulheres com HPV não desenvolve cancro do colo do útero.
Existem outros fatores de risco associados, tais como o tabagismo e a infeção pelo HIV, que tornam as mulheres expostas ao HPV mais suscetíveis de desenvolver cancro do colo do útero.
O HPV é transmitido através da relação sexual (vaginal, anal ou oral), sendo um vírus que também provoca verrugas genitais, entre outras.
Os fatores de risco para o cancro do colo do útero incluem:
- Ter relações sexuais pela primeira vez em idade muito jovem (especialmente antes dos 18 anos);
- Ter mais do que um parceiro sexual;
- Ter um parceiro sexual de alto risco (portador da infeção por HPV ou que tenha vários parceiros sexuais);
- Tabagismo (as mulheres fumadoras têm um risco duas vezes maior de desenvolver cancro do colo do útero);
- Imunosupressão (devido a doença ou medicamentos);
- Doenças sexualmente transmissíveis (clamídia, herpes genital);
- Mulheres que tiveram três ou mais gravidezes completas, não só devido à maior exposição à infeção por HPV através da relação sexual, como devido a eventuais sistemas imunitários enfraquecidos durante a gravidez;
- Primeira gravidez numa idade muito jovem (antes dos 20 anos);
- Uso prolongado de contracetivos orais;
- Dieta pobre em frutas e vegetais;
- História familiar de cancro do colo do útero.
De referir que quanto mais jovem a mulher tiver tido a sua primeira relação sexual, e quantos mais parceiros sexuais ela tiver tido, maior é o risco de desenvolver cancro do colo do útero. Deve, por isso, fazer rastreios de rotina com maior frequência.
Prevenção
As principais formas de prevenir o cancro do colo do útero são:
- Citologia cervical (exame de papanicolau);
- Pesquisa de HPV;
- Vacina contra o HPV.
O rastreio do cancro do colo do útero é feito através de um exame de fácil execução chamado Papanicolau e destina-se a examinar as células da zona interior do colo do útero.
A melhor fase para a sua realização é a que se segue a um período menstrual e antes de atingir o pico da ovulação, ou seja, na primeira fase do ciclo.
O Teste de Papanicolau consiste na recolha de células do colo do útero para que possam ser examinadas em laboratório, permitindo a deteção do cancro ou de lesões pré-malignas (displasia cervical).
Estes exames papanicolau de rotina detetam os casos de cancro do colo do útero com uma precisão de, aproximadamente, 80 por cento, antes mesmo do aparecimento dos sintomas.
De acordo com as indicações da American Cancer Society (ACS) e da Sociedade Americana de Colposcopia e Patologia Cervical (ASCCP) as indicações são:
- Idade inferior a 21 anos não é recomendado rastreio;
- Entre os 21 e 29 anos é recomendada a citologia a cada 3 anos;
- Dos 30 aos 65, teste de HPV e citologia a cada 5 anos, preferencialmente, ou citologia a cada 3 anos, no mínimo;
- 65 anos, não está indicado rastreio se os rastreios prévios tiverem sido negativos e não existirem fatores de risco.
Tratamento
Existem vários tratamentos possíveis para o cancro do colo do útero. A opção está, sobretudo, relacionada com a fase em que a doença se encontra.
Há, ainda, outros fatores que influenciam o tratamento a aplicar, designadamente, a localização exata do cancro no colo do útero, o tipo de cancro (célula escamosa ou adenocarcinoma), a idade e saúde geral da mulher, e se ela quer ter filhos (manter a fertilidade) ou não.
Entre os vários tratamentos possíveis, destacam-se os seguintes:
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Cirurgia (remoção do útero ou histerectomia)
Pode ser utilizada para ajudar no diagnóstico, a determinar até que ponto o cancro se espalhou, ou no tratamento propriamente dito (sobretudo nas fases iniciais). -
Radioterapia
A radioterapia usa raios X de alta energia para eliminar as células malignas.
Para algumas fases da doença, a opção passa apenas pela radioterapia ou cirurgia seguida de radioterapia. Noutras fases, a radioterapia é administrada como um auxiliar da quimioterapia, pois ajuda a melhorar o resultado do tratamento. -
Quimioterapia
A quimioterapia é, habitualmente, recomendada nos casos em que o cancro se espalhou por outros órgãos e tecidos (fase avançada). Pode, também, ser útil em casos de recidiva de cancro do colo do útero recorrente. -
Terapias dirigidas
A terapia dirigida consiste num conjunto de medicamentos antineoplásicos que atuam a nível molecular. Funcionam de forma distinta dos fármacos tradicionais da quimioterapia e têm efeitos secundários também diferentes.
Mantenha-se vigilante!