O que é uma escoliose: tratamento e prevenção
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A escoliose é uma deformidade na coluna vertebral caracterizada pela existência de desalinhamento lateral anormal.
Este problema afeta pessoas de todas as idades, desde bebés a adultos, mas surge, habitualmente, entre os 9 e os 15 anos. Nas crianças e nos adolescentes, a escoliose pode, todavia, não ser percetível até progredir significativamente.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da escoliose são:
- A idade (9 a 15 anos);
- O sexo (é bastante mais frequente no sexo feminino);
- História familiar (fatores hereditários).
A curvatura da coluna é considerada escoliose sempre que o desvio, verificado num raio-X, é igual ou superior a 10 graus. Esta curvatura anormal pode ser em forma de C (uma curva) ou em forma de S (duas curvas).
Embora a escoliose não seja considerada uma doença, em casos raros pode ser provocada por uma doença. Mais frequentemente, porém, desenvolve-se a partir de uma causa desconhecida durante a adolescência (80-90% dos casos) ou na sequência da degeneração da coluna vertebral ao longo da idade adulta.
O diagnóstico é feito através de um exame físico e do recurso a raio-X, TAC ou ressonância magnética.
Compreender a escoliose
Tipos mais comuns
Existem vários tipos de escoliose. A sua classificação baseia-se, essencialmente, na causa associada e na idade em que se começa a desenvolver.
Entre os vários tipos, destacam-se os seguintes:
- Escoliose idiopática: sem causa identificável. É o tipo de escoliose mais comum.
- Escoliose congénita: relacionada com malformações desde o nascimento.
- Escoliose pós-traumática: que ocorre na sequência de fraturas ou cirurgias mal realizadas.
- Escoliose degenerativa: que resulta do desgaste da coluna vertebral.
- Escoliose neuromuscular: secundária a sequelas de doenças neurológicas e/ou musculares.
- Escoliose secundária: que ocorre na presença de outra doença.
- Escoliose postural: que se desenvolve a partir de vícios posturais.
Sintomas
Os sintomas de escoliose podem variar muito, dependendo da severidade da curvatura da coluna vertebral. Em casos ligeiros, podem ser apenas de aparência e incluir:
- Diferença visível na altura da anca e do ombro.
- Uma ou ambas as ancas levantadas ou notavelmente altas.
- Ombros desiguais, em que uma ou ambas as omoplatas podem sobressair.
- A cabeça não está centrada (alinhada com) mesmo por cima da pélvis.
- Assimetria entre as alturas da caixa torácica em ambos os lados.
- Cintura aparentemente irregular.
- Mudanças na aparência ou na textura da pele sobre a coluna vertebral, tais como covinhas, manchas peludas ou anomalias de cor.
- O corpo inteiro inclina-se para um lado.
Em casos mais sérios, os sintomas podem incluir:
- Dores de costas.
- Incapacidade para a pessoa manter-se em pé.
- Dor nas pernas, dormência e/ou fraqueza devido à irritação da raiz nervosa (radiculopatia), ou pressão nos nervos da coluna lombar.
- Perda de altura em adultos.
- Disfunção do intestino ou da bexiga em casos mais graves.
Tratamento
Os casos de escoliose ligeira podem não necessitar de tratamento. Em grande parte dos casos, o médico opta apenas por acompanhar a evolução do problema ao longo do tempo, através de consultas e exames periódicos, para assegurar que não há agravamento. Também pode haver indicação de exercícios específicos de fisioterapia e/ou pilates.
Quando a escoliose começa a provocar uma deformidade percetível ou existe alto risco de isso acontecer, o médico pode prescrever um colete ortopédico (órtese) para evitar o aumento da curvatura e assim ajudar a manter a coluna reta. Este colete é, habitualmente, usado pelo adolescente até atingir a maioridade esquelética total.
Em simultâneo, é frequente o recurso à fisioterapia para ajudar a prevenir o agravamento da deformação.
Nos casos mais graves, pode ser necessário o recurso à cirurgia com o objetivo de ligar as vértebras (fusão espinal).
Ao interferir na autoimagem e na autoestima dos adolescentes, é muitas vezes aconselhável o acompanhamento psicológico (psicoterapia).
Prevenção
A maioria dos casos de escoliose não pode ser evitada, à exceção da que está relacionada com a osteoporose. Contudo, é sabido que alguns pacientes são mais suscetíveis do que outros e durante a puberdade há um risco maior de progressão da escoliose.
Não existem evidências científicas de que a melhoria da postura ou a realização de exercícios evitem o seu surgimento.
No entanto, os casos provocados por fraturas da coluna vertebral podem ser prevenidos com a adoção de determinadas medidas:
- Suplementação com cálcio e vitamina D para aumentar a massa óssea e fortalecer os ossos.
- Realização de exercícios regulares para suportar o peso.
- Toma de medicamentos para a construção óssea.
Em certos casos, a deteção precoce da escoliose pode ser importante para impedir o seu agravamento.
É aconselhável que os pais examinem regularmente a coluna vertebral dos filhos, logo a partir da infância, e falem com um profissional de saúde caso tenham quaisquer preocupações.
Mitos
Em torno da escoliose há uma série de mitos que convém esclarecer. Eis alguns deles:
- Lesões durante a prática desportiva na infância não causam escoliose.
- Carregar mochilas pesadas não é uma causa, embora deva ser evitado.
- Má postura também não.
- Excesso de peso ou obesidade não causam escoliose, embora devam ser evitados devido a outras condições de saúde.
Além disso, atividades como praticar uma boa postura, fazer exercícios para fortalecer os músculos das costas e praticar Yoga ou Pilates não impedem a escoliose. Podem, contudo, aliviar os sintomas em pessoas que já têm esse problema.