Paralisia cerebral: conheça melhor este problema
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Causas
- 3. Sintomas
- 4. Tratamento
Dificuldades de movimentação, rigidez muscular e alterações no controlo postural são as principais marcas da paralisia cerebral. No entanto, é frequente verificarem-se outros problemas na sequência desta lesão cerebral. É o caso do défice cognitivo, de problemas de comunicação, dificuldades de atenção e concentração, bem como da epilepsia.
O que é a paralisia cerebral
A paralisia cerebral não é considerada uma doença. Trata-se, na realidade, de um conjunto heterogéneo de entidades clínicas com impacto no desenvolvimento motor, e que ditam uma limitação funcional motora.
De acordo com o 5º relatório do Programa de Vigilância Nacional da Paralisia Cerebral (PVNPC), a paralisia cerebral constitui “a deficiência motora mais frequente na infância, e afeta, nos países mais desenvolvidos entre 1,7 em mil e 2,2 crianças em mil”.
Em Portugal, e de acordo com este estudo, o número de crianças afetadas pela paralisia cerebral fixa-se em 1,65 em mil, ou seja, cerca de dois em cada mil indivíduos sofrem desta alteração.
O problema, que afeta o Sistema Nervoso Central, pode acontecer aquando do nascimento (no parto), ainda durante a gestação ou na primeira infância.
Depois de instalada, não há agravamento nem progressão desta condição, mas é limitativa nas atividades e os sintomas podem mudar à medida que a criança cresce. É frequente as crianças terem dificuldades na marcha.
Paralisia cerebral: causas
São vários os tipos de malformações cerebrais que podem causar a paralisia cerebral. E os problemas verificados imediatamente antes do nascimento, durante o parto ou imediatamente após são responsáveis por cerca de 15 a 20% dos casos.
A falta de oxigénio (hipóxia) durante o parto é uma das situações mais comuns. Também as infeções provocadas pela toxoplasmose, pelo vírus Zika, pelo citomegalovírus ou pela rubéola durante a gravidez podem causar paralisia cerebral.
Determinadas anomalias genéticas podem, igualmente, determinar as malformações cerebrais implicadas neste processo.
A prematuridade é um fator com bastante peso no surgimento da paralisia cerebral, com os bebés prematuros, nomeadamente os grandes prematuros (com 28 a 31 semanas) e os bebés com menos de 28 semanas (extrema prematuridade), a terem maior propensão a desenvolver paralisia cerebral.
Algumas doenças graves que ocorram durante os primeiros dois anos de vida da criança podem, igualmente, levar à instalação da paralisia cerebral. Como por exemplo, a meningite, doença que leva à inflamação dos tecidos que envolvem o cérebro; a sépsis, uma desidratação severa ou ferimentos graves na cabeça.
Quais são os sintomas da paralisia cerebral?
Os sintomas variam consoante a severidade com que o cérebro foi atingido e podem resumir-se a uma ténue falta de coordenação motora, praticamente impercetível, a uma total incapacidade de movimentar algumas articulações, que ficam rígidas e paralisadas.
Em alguns casos, a paralisia cerebral manifesta-se também ao nível cognitivo, afetando a capacidade de falar, ver ou ouvir e provocando dificuldades de atenção e concentração. As pessoas com paralisia cerebral podem também desenvolver transtornos convulsivos, como a epilepsia.
Alguns dos sintomas mais comuns são:
- Dificuldades em andar;
- Tremuras ou movimentos involuntários;
- Atetose: lentidão de movimentos durante os quais a pessoa se contorce;
- Ataxia: falta de coordenação muscular;
- Rigidez: a pessoa apresenta rigidez muscular, mas com reflexos normais;
- Espasticidade: à rigidez muscular associam-se reflexos exagerados;
- Dificuldades de deglutição;
- Atraso na fala ou dificuldades em falar;
- Dificuldade em executar movimentos precisos, os chamados movimentos de pinça, como como pegar num lápis ou usar um talher;
- Estatura abaixo do que seria o normal.
Diagnóstico e tratamento
Quando as crianças demoram mais que o esperado a aprender a andar ou a desenvolver outras capacidades motoras, apresentando também músculos fracos ou rígidos, instala-se a suspeita sobre a possibilidade de a criança sofrer de paralisia cerebral.
O diagnóstico é feito através de exames ao cérebro, nomeadamente a ressonância magnética. Serão necessárias, também, análises ao sangue e, eventualmente, uma eletromiografia, um exame da função muscular.
O prognóstico e a esperança de vida das crianças depende da severidade e do tipo de paralisia cerebral, sendo que a maioria dos pacientes sobrevive até à idade adulta.
As crianças a quem a paralisia cerebral impede de se movimentar, de realizar quaisquer tipo de tarefas pessoais ou mesmo de se alimentar pela boca têm, sim, uma esperança de vida bastante mais curta.
A paralisia cerebral não tem cura, mas com o tratamento adequado é possível melhorar substancialmente a qualidade de vida destas pessoas. O tratamento passa por fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala, podendo também ser necessário recorrer a tratamentos cirúrgicos ou com toxina botulínica e outros medicamentos para reduzir a espasticidade.