Diástase abdominal: como identificar e tratar
• 4 mins. leitura
A diástase do músculo reto abdominal ou, simplesmente, a diástase abdominal pode ser congénita ou adquirida. Trata-se do afastamento dos músculos abdominais e tecido conjuntivo, dando aspeto de barriga flácida, com excesso de pele e acumulação de gordura.
Principais fatores de risco da diástase abdominal
A gravidez é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de diástase, que pode ocorrer no segundo ou no terceiro trimestre da gravidez ou durante o trabalho de parto, devido ao esforço físico envolvido na expulsão do feto.
Apesar de comum, este pode ser um problema, caso permaneça oito semanas após o nascimento do bebé.
Geralmente, a diástase abdominal aparece 4,5 cm acima da cicatriz umbilical (supraumbilical) ou ao nível da cicatriz (umbilical). Mais raramente, surge 4,5 cm abaixo da cicatriz umbilical (infraumbilical).
Esta situação é mais frequente em:
- Mulheres em idade reprodutiva, entre os 19 e os 40 anos;
- Multíparas;
- Multigestas;
- Mulheres que tiveram partos normais com intervalos curtos de tempo entre si ou bebés mais pesados (com mais de 4kg).
Para evitar ou tratar esta complicação, é importante recomendar a prática de atividade física adequada durante a gestação, bem como no puerpério.
O que é e quais as principais causas da diástase abdominal
A diástase abdominal está relacionada com várias mudanças, nomeadamente hormonais, que ocorrem no organismo, durante a gravidez. Ao longo da gestação, tem lugar uma ação hormonal sobre os tecidos conjuntivos, e que está ligada a alterações biomecânicas que permitem o crescimento do útero.
Todas estas alterações provocam o afastamento da musculatura abdominal, que se pode prolongar pelo pós-parto. Se esse afastamento for superior a 2 cm, designa-se de diástase abdominal.
A diástase abdominal pode prejudicar:
- A estabilização da musculatura abdominal;
- O movimento do tronco;
- Funções como a postura, o parto, a defecação e a contenção visceral.
Consequências
A diástase abdominal torna órgãos, como o útero ou os intestinos, mais desprotegidos. Logo, esta situação pode acarretar algumas consequências negativas, nomeadamente:
- Dores na região lombar;
- Dificuldade em respirar;
- Dificuldade em movimentar-se;
- Perdas involuntárias de urina;
- Obstipação;
- Hérnias.
Tratamento e pós-parto
Em primeiro lugar, é importante dizer que a diástase abdominal deve ser devidamente diagnosticada pelo médico e/ou fisioterapeuta e que todos os exercícios a fazer devem ser recomendados e avaliados por um especialista.
A principal maneira de evitar e contrariar a diástase abdominal é realizar exercício físico durante a gestação e no puerpério. A atividade física garante benefícios para vários sistemas do nosso organismo, nomeadamente para a musculatura abdominal.
Combater a musculatura flácida previne a acumulação de gordura abdominal e os problemas intestinais, como a obstipação ou a patologia hemorroidária.
No pós-parto, a fisioterapia também pode ser fundamental para melhorar a tonicidade dos músculos abdominais e pélvicos.
Benefícios do exercício físico para a puérpera
Entre os benefícios do exercício físico para a puérpera estão:
- Melhoria da função respiratória;
- Melhoria da função sexual e da líbido;
- Reeducação postural;
- Recuperação do pavimento pélvico;
- Gestão das pressões (pré-ativação muscular);
- Diminuição do perímetro da cintura;
- Tonificação da musculatura abdomino-perineal;
- Melhoria da auto-estima e da auto-confiança.
Exercícios para tratar a diástase abdominal
Existem exercícios mais indicados para os casos de diástase abdominal. Deve aconselhar-se junto do seu médico acerca do tipo de atividade física mais apropriada para si, assim como sobre programas de fisioterapia que possam ser benéficos para a sua situação.
Exercícios abdominais pós-parto
Os seguintes oito exercícios são adequados para a fase do pós-parto e para mulheres que estejam a sofrer de diástase abdominal.
Nas primeiras duas semanas, pode começar por fazer duas séries destes oito exercícios, podendo depois aumentar a duração de cada exercício.
1. Prancha ventral
- Coloque-se de barriga para baixo.
- Levante o corpo numa posição estática e apoie-se nos antebraços e nas pontas dos pés.
- Fique nessa posição por 30 segundos.
2. Ponte de glúteos
- Coloque-se de barriga para cima.
- Levante a anca e mantenha-se nessa posição por 30 segundos.
- Durante esse tempo, contraia 10 vezes os músculos abdominais, relaxando entre cada uma das contrações.
3. Abdominal com bola de Pilates
- Coloque-se de barriga para cima, com a anca, a coluna e a cabeça apoiadas no solo.
- Posicione as duas pernas fletidas e elevadas a 90º, enquanto aperta com as pernas a bola de Pilates.
- Mantenha-se nessa posição por 30 segundos.
4. Abdominal inferior
- Coloque-se de barriga para cima.
- Alinhe a lombar, os ombros e a cabeça com o chão.
- Estenda os braços ao lado do corpo.
- Leve o joelho até a cabeça, elevando o quadril e, posteriormente, descendo lentamente.
5. Prancha lateral
- Mantenha-se de lado, com as pernas esticadas e juntas.
- Apoie o cotovelo e o antebraço no chão, enquanto coloca a outra mão na cintura.
- Comece a elevar o quadril lentamente, mantendo-se nessa posição durante 30 segundos, ao mesmo tempo que contrai o abdómen.
6. Tesoura
- Deite-se no chão, apoiando a lombar, os ombros e a cabeça.
- Comece por levantar as pernas, ao mesmo tempo que mantém os joelhos em flexão, formando um ângulo de 90º.
- Contraia o abdómen e vá descendo, lentamente, uma perna de cada vez.
7. Quadril alternado
- Deite-se no chão, apoiando a lombar, os ombros e a cabeça e fletindo os joelhos, de modo a formar um ângulo de 90º.
- Nesse momento, gire os joelhos para a esquerda e para a direita, mantendo-os juntos.
- Faça movimentos lentos, enquanto contrai o abdómen.
8. Ponte com pernas elevadas
- Deite-se no chão, apoiando a lombar, os ombros e a cabeça.
- Agora, levante o quadril e contraia os glúteos e o abdómen.
- Entretanto, retire uma perna do chão, mantendo-a esticada e elevando-a.
- Depois, repita o procedimento com a outra perna.
Método hipopressivo
Este é um dos métodos mais recomendados para a fase de recuperação pós-parto. Os seus exercícios têm por objetivo:
- Reduzir a congestão pélvica
- Reposicionar os órgãos
- Melhorar a postura corporal
Isto, enquanto o útero recupera o seu tamanho normal (algo que demora, pelo menos, 40 dias a acontecer).
O método hipopressivo consiste em inspirar e expirar totalmente o ar, até o abdómen começar a contrair-se sozinho. Depois, deve encolher a barriga, “puxando” os músculos abdominais “até o umbigo tocar nas costas”.
Exercícios que deve evitar
Em caso de diástase abdominal, existem exercícios que deve evitar, nomeadamente flexões e agachamentos, porque estes podem piorar essa condição. Também desportos como a natação e o ioga não são aconselháveis nesta circunstância.
Durante este período, também deve evitar pegar em pesos e executar qualquer atividade que implique um esforço excessivo dos músculos abdominais.
Assim que o afastamento muscular desapareça, pode experimentar atividades como o Pilates, pois ele irá ajudar a fortalecer a parede abdominal e a reforçar o músculo transverso abdominal.
Diástase abdominal | ||||
---|---|---|---|---|
O que é? | Onde se manifesta? | O que a causa? | Como tratar? | Como prevenir? |
Afastamento da musculatura abdominal superior a 2 cm. | É um problema que, normalmente, surge 4,5 cm acima da cicatriz umbilical (supraumbilical) ou ao nível da cicatriz (umbilical). | Mudanças hormonais, nomeadamente as vividas durante a gravidez. | A principal forma de combater a diástase abdominal é através da realização de exercícios físicos adequados e de fisioterapia. | Praticar atividade física apropriada durante a gestação e o puerpério. |