Sífilis: o que deve saber sobre esta infeção
• 5 mins. leitura
Indíce
- 1. O que é?
- 2. Sintomas
- 3. Tipos
- 4. Tratamento
- 5. Como evitar?
De acordo com o Inquérito Serológico Nacional 2015-2016 sobre Infeções Sexualmente Transmissíveis, realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, em Portugal, 2,4% da população tem anticorpos para a bactéria que provoca a doença, o que significa que estas pessoas têm, ou já tiveram, sífilis.
O que é a sífilis
Provocada por uma bactéria chamada Treponema pallidum (Tp), a sífilis é adquirida ao praticar relações sexuais não protegidas (oral, vaginal ou anal) com um parceiro infetado.
Ao praticar sexo sem preservativo com um parceiro que seja portador da doença, a pessoa irá estar em contacto com a bactéria, entrando no organismo através da pele ou das mucosas da boca, zona genital ou ânus.
Algumas bactérias ficam no local e outras vão entrar na circulação sanguínea, o que vai provocar uma infeção sistémica apenas algumas horas após a exposição ao Tp. Esta infeção irá então, através da corrente sanguínea, atingir o organismo.
A pessoa pode estar infetada durante vários anos sem ter quaisquer sintomas da doença. No entanto, e mesmo ao fim de 20 a 30 anos, a sífilis pode entrar em atividade e provocar problemas cardíacos, na pele ou ao nível do sistema nervoso central.
As mulheres grávidas que estejam infetadas podem transmitir a infeção ao feto, podendo levar ao aborto, parto prematuro ou sífilis congénita no recém-nascido.
Uma doença com diferentes velocidades e sintomas
Esta doença apresenta vários estádios clínicos, com diferentes sintomas e, também, “velocidades” distintas, havendo períodos sintomáticos e outros em que a doença fica latente e sem qualquer manifestação visível.
São estas as três fases da doença:
Sífilis primária
Surge entre uma semana após a infeção, podendo apresentar sintomatologia até três meses depois. Carateriza-se pelo aparecimento de uma pequena ferida (úlcera), no pénis, na vagina, na boca ou no ânus.
Esta ferida não provoca dor e poderá ser confundida com outro tipo de lesões ou até mesmo passar despercebida. A lesão desaparece ao fim de três a seis semanas, mesmo sem ter sido sujeita a tratamento, mas a infeção permanece.
Sífilis secundária
Depois de um período de latência (sem sintomas), podem aparecer manchas vermelhas no corpo, nas plantas dos pés, nas palmas das mãos e também no ânus e na zona genital.
Nesta altura, podem também surgir “caroços” nas axilas e no pescoço, febre, dor de garganta e rouquidão, além de queda de cabelo. Entre os demais sintomas sistémicos encontram-se cansaço, perda de apetite e perda de peso.
Mais uma vez, ao fim de um período que poderá durar de quatro semanas a três meses, os sintomas desaparecem e a infeção volta ao estado latente. No entanto, continua a existir possibilidade de contágio, o que, aliás, poderá acontecer até dois anos após ter contraído a doença.
Esta doença poderá ficar latente durante 20 ou mais anos sem qualquer manifestação ou sintoma, denominando-se de sífilis latente.
Sífilis terciária
Nesta fase, cujo surgimento varia muito de pessoa para pessoa e que pode levar vários anos a implementar-se, os sintomas são bem mais graves e o tratamento implica uma maior complexidade, com a possibilidade de, mesmo curada a infeção, ficarem sequelas, nomeadamente no coração, sistema nervoso central e ao nível de outros órgãos.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico faz-se através de análises ao sangue, procedendo-se à pesquisa de anticorpos totais para a existência do Treponema pallidum e pode ser feito em qualquer fase da doença.
A sífilis está incluída no lote de doenças que são testadas quando se faz um despiste de Infeções Sexualmente Transmissíveis. Exame que pode ser solicitado após um contacto sexual de risco e que também é efetuado, por exemplo, às grávidas ou a casais que pretendem ter um filho.
No final da gravidez, a mulher deverá fazer de novo análises, já que, no caso de ter havido infeção, terá que ser sujeita a tratamento para evitar a transmissão da doença ao feto.
O aparecimento de úlceras na zona genital, bem como o surgimento de gânglios ou de um corrimento estranho por parte de pessoas com atividade sexual, são sinais que não podem ser desvalorizados e que devem levar à procura de um médico.
Tratamento da sífilis
O tratamento é feito com antibióticos, nomeadamente a penicilina, e as doses irão variar de acordo com a fase da doença.
Durante o tratamento, a pessoa deverá abster-se de ter relações sexuais e os parceiros sexuais (atuais e anteriores) deverão ser informados para também serem testados e tratados.
Um acompanhamento médico frequente é aconselhado para um maior controlo da doença.
Como evitar a doença?
Para evitar a doença, é imprescindível o uso de preservativo durante as relações sexuais. No entanto, e tratando-se de uma infeção que pode ser transmitida através do sexo oral, este cuidado poderá não ser suficiente para afastar a possibilidade de contrair a doença.
A melhor forma de evitar a doença é utilizando preservativo durante todas as relações sexuais e ir fazendo análises de despiste, sobretudo se não estiver numa relação monogâmica.
De relembrar que a sífilis potencia o contágio pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) e que as pessoas com esta doença têm duas a cinco vezes mais probabilidades de ficarem infetados.