Pessoas com deficiência: a importância da autonomia

O Governo definiu uma Estratégia Nacional para a Inclusão das Pessoas com Deficiência, para o período 2021-2025, onde a autonomia é um dos eixos fundamentais, o que é válido para deficiências físicas e cognitivas.

De acordo com a Comissão Europeia, na União Europeia há “cerca de 87 milhões de pessoas com alguma forma de deficiência". que não têm acesso às mesmas oportunidades que as outras pessoas.

Os desafios passam por criar estratégias que promovam o emprego, diminuam a pobreza ou exclusão social e que eliminem a discriminação.

Promover a autonomia das pessoas com deficiência

A promoção da autonomia da pessoa com deficiência passa, não por encontrar quem substitua a pessoa na realização das suas tarefas diárias, mas sim por facilitar os processos para que, dentro das suas limitações, ela possa desempenhar essas tarefas autonomamente.

Para isso, há que ter em atenção vários fatores, tais como a eliminação das barreiras comportamentais e ambientais e também dotar a pessoa das ferramentas e meios para que possa, por exemplo, estudar ou trabalhar.

Promover a acessibilidade

A promoção da acessibilidade física é, provavelmente, uma das faces mais visíveis no que se refere a este tema e também uma das que está já mais normalizada, nomeadamente, através da criação de leis e normas.

O próprio desenho arquitetónico das cidades e também dos edifícios privados rege-se por estas normas, que preconizam o fim das barreiras para as pessoas que se deslocam de cadeira de rodas, por exemplo, ou que têm alguma dificuldade de locomoção.

Em casa, e no dia a dia de uma família em que um ou mais dos seus elementos tenham uma deficiência física que obrigue ao uso de cadeira de rodas, há que acautelar, não só que a casa tenha espaço suficiente para manobrar a cadeira de rodas em segurança, mas também ter em atenção a altura do mobiliário e utensílios que a pessoa irá utilizar, como a mesa ou a secretária, por exemplo.

Uma ligeira dificuldade de locomoção pode também criar problemas no quotidiano da pessoa com deficiência, pelo que deve haver o cuidado de retirar tapetes ou peças de mobiliário que possam ser um obstáculo às suas deslocações.

Um dos objetivos gerais da Estratégia Nacional para a Inclusão das Pessoas com Deficiência (ENIPD) é, exatamente, a promoção de ambientes físicos e de informação e comunicação acessíveis e resilientes.

Neste ponto, destaca-se a promoção da acessibilidade ao meio físico edificado, bem como ao sistema de transportes públicos e à informação e comunicação.

A aposta na educação inclusiva

A pessoa com deficiência, independentemente desta ser física ou cognitiva, não deve ser afastada do sistema educativo.

Pelo contrário, a educação inclusiva é uma ferramenta de extrema importância no desenvolvimento da autonomia, dando também à pessoa com deficiência a possibilidade de desenvolver competências sociais.

A integração da pessoa com deficiência no mercado de trabalho constitui outro fator determinante no que toca à autonomia e independência.

Utilização de ajudas técnicas

Seja um computador ou telemóvel que faz a leitura das imagens para permitir a uma pessoa cega aceder à informação, seja um utensílio para ajudar a aceder a um armário mais alto, há uma série de ajudas técnicas que facilitam a vida das pessoas com deficiência, minorando as suas dificuldades e permitindo-lhes ter mais autonomia.

Os pais de crianças ou adultos com deficiência têm, muitas vezes, a tentação de se substituírem aos filhos nas suas tarefas ou atividades do dia a dia.

Porém, é importante, que na medida do possível, explorem as potencialidades dos seus filhos, fornecendo-lhes, assim, as ferramentas necessárias para que possam levar uma vida o mais autónoma possível.

Esta abordagem não só liberta os pais, como favorece a autonomia e a autoestima da pessoa com deficiência.