O que é a ambliopia? Saiba como lidar com o olho preguiçoso
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A ambliopia ou “olho preguiçoso” é a designação atribuída a um problema de visão caraterizado pela baixa acuidade visual de um ou de ambos os olhos da criança (embora, afete, geralmente, apenas um olho).
Alguns estudos apontam para que cerca de 1,75% da população mundial sofra desta condição, que é mais comum na Europa. Na sua origem, podem estar complicações no desenvolvimento da visão durante a primeira infância.
Fique a perceber melhor este problema oftalmológico.
Como tratar o problema do “olho preguiçoso”?
Desde que nascemos que os nossos olhos recebem, através da retina, estímulos visuais que são, posteriormente, enviados para o córtex visual.
No caso da ambliopia, o cérebro recebe duas imagens distintas do mesmo objeto, o que leva a que ele acabe por suprimir a que está desfocada, ou seja, a que foi captada pela retina do chamado “olho preguiçoso”. Assim, a visão será suportada pelo olho “não amblíope”, o qual é capaz de enviar as imagens para o cérebro de forma nítida.
Causas
Na origem da ambliopia, está uma baixa estimulação do córtex visual, em idade infantil. Isso pode estar relacionado com:
- Estrabismo (desalinhamento dos olhos)
- Erros de refração (astigmatismo, miopia ou hipermetropia) ou diferença de graduação entre os olhos (anisometropia)
- Cataratas congénitas que causam visão turva.
Sintomas
Como referido, a ambliopia manifesta-se na infância, sendo muitas vezes detetada entre os cinco e os seis anos de idade. Por isso, é importante estar atento a crianças que:
- Tenham dificuldade de visão
- Semicerrem os olhos para tentar ver melhor
- Inclinem a cabeça para um lado ou num ângulo estranho para observar coisas que estão distantes
- Fechem um olho
- Chorem ou fiquem agitadas quando é tapado um dos olhos (neste caso, o olho “não amblíope”)
- Sofram de estrabismo
- Aproximem-se muito dos objetos, das coisas e das pessoas para conseguirem ver melhor.
Tratamento
A ambliopia tem cura, mas a causa deve ser devidamente diagnosticada e identificada, de modo a proceder ao tratamento mais indicado. O tratamento pode ser simples, mas demorado, e pode passar por:
- Óculos com graduação para correção de erros refrativos, como a hipermetropia
- Oclusão (tapar com uma pala corretiva o olho dominante, ou seja, o “não amblíope"), de forma a estimular a função visual do “olho amblíope”
- Cirurgia precoce das cataratas, de modo a estimular o córtex visual
- Terapia visual (habitualmente, após outras intervenções), de modo a “educar” ambos os olhos a trabalharem em conjunto e de maneira interativa.
O sucesso do tratamento da ambliopia é maior quando o diagnóstico do problema é feito precocemente, preferencialmente em crianças até aos oito anos de idade.
Além disso, é importante que as recomendações realizadas pelo oftalmologista sejam cumpridas pela criança/pais/educadores. Também há que ter em consideração a gravidade e o tipo de ambliopia, existindo situações de resolução mais difícil do que outras.
É ainda importante sublinhar que o não tratamento da ambliopia pode criar deficiência visual grave e definitiva no indivíduo.
Rastreio
A melhor forma de prevenir complicações associadas à ambliopia e manter uma boa saúde ocular é fazendo um diagnóstico precoce do problema. Para isso, os rastreios oftalmológicos revestem-se da máxima importância, embora ainda não sejam disponibilizados gratuitamente em todo o país.
De uma forma geral, os médicos oftalmologistas recomendam que o rastreio seja feito o mais cedo possível. Alguns aconselham que as crianças sejam sujeitas a rastreios oftalmológicos durante o primeiro ano de vida; aos três anos de idade; e, mais tarde, entre os cinco/seis anos de idade, ou seja, antes da entrada na escola primária.
O Rastreio Oftalmológico Infantil nos Cuidados Primários
Um estudo publicado na “Ata Pediátrica Portuguesa da Sociedade Portuguesa de Pediatria” alertou para a necessidade de haver um Rastreio Oftalmológico Infantil nos Cuidados Primários. É que em Portugal a ambliopia afeta aproximadamente 2% a 5% da população infantil, sendo que o prognóstico de cura da doença está muito dependente da idade em que o diagnóstico do problema é feito.
Segundo os autores deste trabalho, a prevenção primária é a medida mais eficaz, sendo por isso da máxima relevância a realização de rastreios oportunistas, os quais devem ser feitos nas Consultas de Vigilância de Saúde Infantil. Sempre que exista suspeita de ambliopia ou de outra doença visual, a criança deve ser referenciada para observação especializada no hospital, em oftalmologia pediátrica.
Por isso, a sugestão é para que se informe, desde cedo, sobre os rastreios oftalmológicos pediátricos disponíveis perto de si e que leve a sua criança ao médico oftalmologista o mais precocemente possível, mesmo que sem sinais de alerta identificados.