Ansiedade infantil: o que é e como tratar
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Indíce
- 1. Quando é um problema?
- 2. Quais os Sintomas?
- 3. Quais os tipos?
- 4. Quais as causas?
- 5. Como tratar?
Estudos indicam que as crianças com ansiedade infantil têm maior risco de vir a sofrer de depressão, terem comportamentos suicidas e desenvolverem dependência de álcool e drogas.
O que é a ansiedade infantil: os medos normais
As crianças podem ficar ansiosas em várias situações e isto varia consoante a idade, sendo que muitas das preocupações da criança constituem comportamentos normais e fazem parte do processo de desenvolvimento.
Assim, é normal que, dos 6 meses aos 3 anos, as crianças sintam ansiedade de separação. É normal que fiquem rabugentos ou que chorem quando separados da mãe ou do pai ou das pessoas que lhes são mais próximas. Este é um comportamento normal e deve deixar de acontecer por volta dos 2 ou 3 anos.
Já as crianças em idade pré escolar tendem a desenvolver medos que são comuns à maioria das crianças da mesma idade, nomeadamente medo da escuridão, de alturas, de animais, como é o caso dos insetos, medo da água - de entrar no mar ou numa piscina, mas até da água que lhes molha o rosto quando tomam banho em casa. Por norma, estes medos vão desaparecendo gradualmente e sem que seja preciso tomar quaisquer medidas nesse sentido.
Situações novas e mudanças são também potenciadoras de medo e ansiedade. Quando a criança vai para a escola, por exemplo, ou quando tem um teste, ou mesmo quando vai ao médico. Em determinadas situações sociais, por exemplo, perante muitas pessoas ou perante desconhecidos, muitas crianças sentem também ansiedade.
Quando a ansiedade se transforma num problema
Quando se passa da ansiedade tida como “normal” para aquilo a que pode chamar-se transtorno de ansiedade?
Isto acontece quando esta ansiedade e os medos se tornam excessivos e começam a atrapalhar o dia a dia da criança, impedindo-a de executar as suas atividades e tarefas normais, por exemplo, impedindo-a de ir à escola.
É normal que a criança se sinta ansiosa perante a perspetiva de ter de fazer um teste. No entanto, se essa ansiedade se manifesta através de dores físicas, como cólicas ou dores no corpo - sintomas que sugerem psicossomatização - e isso a faz ter medo de ir à escola, isso já é um sinal de que a ansiedade atingiu níveis que exigem que sejam tomadas medidas.
Sintomas de ansiedade nas crianças
Nem sempre é fácil perceber e identificar os sintomas de ansiedade nas crianças, nomeadamente nas mais pequenas, já que elas, muitas vezes, não conseguem, sequer entender o que se passa, muito menos são capazes de o expressar.
Assim, é preciso estar atento a sinais como: irritabilidade, choro constante ou dificuldade em adormecer. A criança tende, também, a acordar a meio da noite e a ter pesadelos. Pode, ainda, começar ou voltar a fazer chichi na cama.
Nas crianças mais velhas, pode notar-se uma falta de confiança para experimentar coisas novas ou mesmo dificuldade em enfrentar os desafios mais simples do dia a dia. A criança com transtorno de ansiedade tem, muitas vezes, dificuldade em concentrar-se e em adormecer, perde o apetite e tem, com frequência, explosões de raiva.
A criança tem tendência a ter pensamentos negativos e a achar que vão acontecer coisas más para ela e para os que a rodeiam. Nestas condições, a criança pode mesmo começar a evitar atividades do dia a dia, como ir à escola ou mesmo sair para brincar e estar com amigos, isolando-se.
Dores de barriga e cólicas são também uma constante, bem como dores de cabeça e uma indisposição geral.
Os diferentes tipos de ansiedade
Os transtornos de ansiedade mais comuns em crianças e adolescentes são:
- Agorafobia: medo de estar em espaços públicos, ou qualquer outro local em que a pessoa se encontre fora de casa, como na fila de um supermercado ou numa sala de aula. A pessoa sente que não tem escapatória e pode ter um ataque de pânico.
- Transtorno de ansiedade generalizada: é um estado persistente de ansiedade e inquietação, excessivos em relação a atividades e acontecimentos gerais, em que os sintomas físicos podem incluir tremuras, sudorese, cansaço extremo e outras queixas somáticas.
- Transtorno de pânico: este distúrbio é caraterizado por crises de pânico frequentes, mas por um curto período, acontecendo pelo menos uma vez por semana. Os sintomas incluem uma crise repentina de medo intenso, acompanhado por sintomas como palpitações, sudorese, tremores, dor no peito, falta de ar, tonturas e náuseas. As crises, ou ataques de pânico, são mais expressivas que nos adultos, podendo resultar em choro, gritos e hiperventilação.
- Transtorno de ansiedade de separação: uma das formas mais comuns entre as crianças mais novas, este distúrbio consiste no medo intenso e persistente de separação da pessoa a quem a criança está mais ligada (normalmente, a mãe).
- Transtorno de ansiedade social: é o medo intenso de sentir dificuldades ou, mesmo, de ser ridicularizado ou humilhado em ambientes sociais, nomeadamente na escola.
- Fobias específicas: tratam-se de medos irracionais, intensos e persistentes a determinadas situações, circunstâncias ou objetos.
Causas da ansiedade infantil
Estudos referem que o transtorno de ansiedade envolve uma disfunção nas áreas do sistema límbico e do hipocampo que regulam as emoções e a resposta ao medo. Outras evidências científicas dão conta da importância dos fatores genéticos e hereditários, não tendo sido, no entanto, um único gene específico responsável por esta patologia.
De resto, pais ansiosos tendem a ter filhos ansiosos e, em face da sua própria ansiedade, podem exponenciar os problemas sentidos pela criança. Em muitos casos, é útil tratar a ansiedade da criança juntamente com a ansiedade dos pais.
Também as discussões e o mau ambiente familiar podem fazer com que as crianças se sintam inseguras e ansiosas, um quadro igualmente comum a crianças que passaram por uma experiência traumática, como um acidente de carro, por exemplo.
Situações do dia a dia, como a mudança de escola ou de casa, podem conduzir a quadros de ansiedade.
Como tratar a ansiedade infantil
Antes de recorrer à ajuda de especialistas, os pais devem falar com a criança sobre as suas preocupações. Uma conversa tranquila em que lhe mostrem que entendem como ela se sente e lhe demonstrem uma atitude de acolhimento.
Se a criança já tiver idade para perceber, deve explicar-lhe em que consiste a ansiedade e o efeito que tem em nós. Explicar-lhe que também os adultos passam pelo mesmo e que o problema tem tratamento.
Ajude a criança a encontrar soluções para as situações específicas de que ela tem medo ou perante as quais sente ansiedade.
Ensine o seu filho a identificar os sinais de ansiedade e ensine-o a prevenir estes momentos adotando rotinas reconfortantes.
Em situações potencialmente difíceis, como a mudança de escola ou de casa ou mesmo o divórcio dos pais, mostre livros e filmes que possam ajudá-lo a entender melhor o que vai acontecer e como lidar com a situação.
Pratique técnicas de relaxamento, seja através da respiração, da prática de meditação, yoga ou uma qualquer brincadeira ou jogo que a deixe relaxada e a sentir-se segura.
Adicionalmente a todas essas medidas, e se os sintomas persistirem, deve procurar ajuda médica e psicológica, de modo a que o problema não ganhe maiores proporções, provocando maior sofrimento à criança. Poderá falar, primeiro, com o pediatra ou o médico assistente, que o ajudará a encontrar a melhor solução para o caso.
De qualquer forma, nunca se esqueça da importância de ouvir a criança e de a incentivar a falar sobre as suas angústias e medos. Sem julgamentos e sem acusações.