Bebés prematuros: guia de cuidados para pais
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Indíce
- 1. Prematuridade
- 2. Problemas comuns
- 3. Cuidados a ter
- 4. Fatores de risco
- 5. Como prevenir
O tempo de gravidez tem uma duração média de 40 semanas, o período necessário para o correto desenvolvimento dos órgãos do bebé. Isto significa que os bebés prematuros são todos aqueles que nascem antes das 37 semanas de gravidez e que, por isso, são mais vulneráveis.
A prematuridade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma das principais causas de morte dos bebés no primeiro mês de vida. Em 2020, a taxa de nascimentos prematuros em Portugal, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, situava-se nos 6,8%. Compreende-se, assim, a preocupação e angústia dos pais de um bebé prematuro.
No entanto, ainda que se trate de um bebé mais vulnerável a certas doenças e com mais sensibilidade a fatores externos, com os cuidados médicos adequados, as crianças nascidas antes do tempo conseguem desenvolver-se saudavelmente.
O que é a prematuridade?
A prematuridade consiste no nascimento de um bebé antes das 37 semanas de gestação. A duração da gestação varia entre 37 e 42 semanas. Ao nascer antes do tempo há uma maior probabilidade de sofrer complicações a curto, médio e longo prazo, pois um bebé prematuro nasce com uma imaturidade dos seus órgãos e sistemas e, por isso, exige muitos cuidados especiais e internamento hospitalar prolongado.
De acordo com a Associação Portuguesa de Apoio ao Bebé Prematuro, os bebés prematuros podem classificar-se segundo a idade gestacional, ou seja:
- Pré-Termo Limiar: os bebés que nascem entre as 33 e as 36 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença entre 1500g e 2500g.
- Prematuro Moderado: bebés que nascem entre as 28 e as 32 semanas de idade gestacional e/ou tem um peso à nascença entre 1000g e 2500g.
- Prematuro Extremo: bebés que nascem antes de ter completado as 28 semanas de idade gestacional e/ou pesa menos de 1000g. São considerados grandes prematuros, pois apresentam problemas mais frequentes e mais graves.
A Sociedade Portuguesa de Neonatologia explica que "a idade gestacional corresponde ao período desde o primeiro dia da última menstruação até à data de nascimento. Os problemas relacionados com o nascimento prematuro aumentam quanto menor for a idade gestacional".
Quais os problemas mais comuns nos bebés prematuros?
Os problemas mais comuns da prematuridade devem-se à imaturidade dos órgãos e sistemas orgânicos que ainda não se desenvolveram totalmente, ou seja, um bebé prematuro poderá apresentar dificuldades ao nível da respiração, controlo da temperatura, digestão, metabolismo, entre outras.
O maior risco de complicações num prematuro varia de acordo com o seu grau de prematuridade e, também, com determinadas causas de prematuridade como, por exemplo, infeções, diabetes ou pré-eclâmpsia.
- Problemas respiratórios: os pulmões não estão totalmente desenvolvidos e, por isso, o aparelho respiratório é uma das partes mais afetadas, o que pode levar à chamada dificuldade respiratória ou síndrome de dificuldade respiratória, sendo por vezes necessário dar de forma artificial oxigénio.
- Problemas gastrointestinais: também devido à imaturidade do sistema digestivo, os bebés prematuros são mais suscetíveis a desenvolver problemas gastrointestinais como, por exemplo, a enterocolite necrosante, uma inflamação das paredes do intestino que pode ocorrer devido a malformações ou infeções. As paredes do intestino inflamadas são muito sensíveis e podem acontecer perfurações ou tornarem-se inviáveis por falta de oxigénio. A hiperbilirrubinemia, ou icterícia, é também um problema comum e deve-se, habitualmente, à imaturidade do fígado, mas também pode ser sintoma de doença.
- Problemas cardíacos: ainda que o coração do feto se forme durante as primeiras oito semanas da gravidez, este órgão não têm a maturidade suficiente para se adaptar à vida fora do útero, pelo que podem surgir algumas complicações cardiovasculares.
- Infeções: um bebé que nasce prematuramente é mais suscetível às infeções pois o seu sistema imunitário não está completamente desenvolvido e tem uma menor quantidade dos anticorpos protetores da mãe.
- Hemorragias no cérebro: esta é outra das complicações que pode ocorrer porque o cérebro do bebé prematuro é particularmente frágil. No entanto, esta hemorragia acontece nos ventrículos que não têm funções cerebrais e uma pequena quantidade de sangue intraventricular, não tem, por norma, consequências. Mas se a hemorragia for maior, pode aumentar a pressão no cérebro e gerar-se uma hidrocefalia.
- Olhos: há risco de diagnóstico de retinopatia da prematuridade, mas na maioria dos casos há uma regressão espontânea. Alguns bebés podem precisar de tratamento para evitar uma lesão, no entanto, é raro dar-se a perda de visão. Há também maior risco de desenvolverem outras patologias oculares como a miopia e estrabismos.
- Ouvidos: a incidência de perda auditiva bilateral significativa, segundo a Sociedade Portuguesa de Neonatologia, é estimada em 20 a 40 por 1000 recém-nascidos de risco, ou seja, os prematuros são recém-nascidos de risco para a surdez.
Que cuidados ter?
Um bebé prematuro terá necessidade de ficar mais tempo internado numa enfermaria ou numa Unidade de Cuidados Intermédios ou Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais. Unidades essas que têm os recursos humanos e tecnológicos necessários para dar a assistência e os cuidados especiais exigidos.
Estes cuidados clínicos são estruturados para assegurar três funções essenciais ao bebé prematuro: temperatura corporal, respiração e alimentação. A incubadora vai ajudar a manter a temperatura corporal, um ventilador ou um respirador vai ajudar a respirar e a alimentação necessária pode ser feita através de um tubo colocado no nariz, estômago ou numa veia.
No entanto, a maior preocupação dos pais poderá ser no momento da alta que vai exigir alguns cuidados redobrados devido ao prematuro ter uma pele e um sistema respiratório mais delicado, nomeadamente:
- Não colocar o bebé prematuro a dormir de barriga para baixo;
- Não fumar em casa;
- Evitar lugares fechados e com aglomerações de pessoas;
- Evitar o contacto com pessoas com infeções respiratórias;
- Lavar as mãos com frequência;
- Se possível, dar prioridade ao aleitamento materno;
- Manter a vacinação em dia;
- Trocar as fraldas a cada 2 ou 3 horas:
- Utilizar um sabonete neutro para o banho;
- Dar banho de forma suave, sem esfregar;
- Por muito que custe, evitar os beijinhos no bebé por parte de pessoas fora do círculo familiar mais próximo.
Quais os fatores de risco para um parto prematuro?
Embora não exista nenhum teste que possa prever um parto prematuro, a verdade é que existem vários fatores que aumentam o risco de isso acontecer a uma grávida, nomeadamente:
- Ter tido um parto prematuro anterior;
- Tratar-se de uma gravidez múltipla, ou seja, uma gravidez de gémeos, por exemplo;
- Intervalo de menos de 6 meses entre gravidezes;
- Fertilização in vitro;
- Problemas no útero, colo do útero ou placenta;
- Tabagismo, uso de drogas ou álcool;
- Infeção do líquido amniótico ou do trato genital inferior;
- Doenças como tensão arterial ou diabetes;
- Ter tido abortos múltiplos ou abortos espontâneos;
- Acidente ou trauma;
- Situações que provoquem stress;
- Ter menos de 17 anos ou mais de 35.
Como prevenir?
A prevenção nem sempre é possível, mas há medidas que devem ser seguidas que incluem:
- Ter acompanhamento médico pré-natal;
- Relatar ao médico assistente doenças crónicas e reações alérgicas já apresentadas da mãe e do pai;
- Não se automedicar;
- Não consumir álcool e não fumar;
- Ter uma alimentação saudável com a nutrição adequada;
- Recorrer a técnicas para alívio do stress.