Terapia da fala: quando é necessária?
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Linguagem
- 3. Articulação
- 4. Terapia nas crianças
- 5. Terapia nos adultos
Há muitas situações em que a terapia da fala atua. Entenda a quem se destina e em que casos é aconselhada.
A terapia da fala pode tratar vários problemas e ser recomendada em diferentes situações. De uma forma geral, tem como fim ajudar a superar dificuldades relacionadas com a comunicação, mas também ao nível da deglutição (ato de engolir alimentos e bebidas).
Pode ser indicada tanto a crianças comof a adultos com este tipo de condicionantes. Naturalmente que, quanto mais cedo for iniciado este acompanhamento, melhores serão os resultados alcançados.
O que é a terapia da fala?
A terapia da fala trata diversos problemas e condições, estando indicada nas seguintes complicações:
- Atraso ou perturbação no desenvolvimento da linguagem;
- Perturbações da leitura e da escrita (dislexia, disgrafia, disortografia);
- Perturbações adquiridas da linguagem (afasia, disfasia, discalculia);
- Perturbações articulatórias (sigmatismo);
- Perturbações motoras da fala (disartrias, disfonia, desfemia ou gaguez);
- Dificuldades ao nível da deglutição (ato de engolir comida e bebida).
Áreas de intervenção
As principais áreas de intervenção da terapia da fala são a linguagem, a articulação (fala), a alimentação e a voz. Vejamos cada uma em maior detalhe:
Linguagem
Há diferentes tipos de linguagem. A verbal (oral e escrita) e a não verbal (gestual, por exemplo). Quando há uma dificuldade neste campo, como acontece nos casos de afasia, é necessário intervir, de modo a não prejudicar a capacidade de comunicar.
Articulação
A articulação verbal permite produzir fonemas, ou seja, vocalizar vogais e consoantes, coordenando, para isso, os movimentos da língua, dos lábios, da mandíbula e dos dentes (órgãos fonoarticulatórios).
Quando estamos perante um caso de disartria, a articulação não acontece corretamente, o que prejudica a clareza do discurso e pode dificultar a comunicação.
Alimentação
A terapia da fala também pode ser indicada quando há dificuldade nas atividades neuromusculares, como a mastigação e a deglutição. A disfagia, nome que se dá a este problema, tem origem numa lesão neurológica e prejudica estas tarefas tão básicas e essenciais à alimentação.
Voz
Entende-se por voz os sons que produzimos graças aos órgãos ressoadores - a laringe, a faringe, os lábios, a língua, o palato (céu da boca), os dentes e a cavidade nasal -. A voz não é sempre igual e pode variar em função de fatores como:
- Idade;
- Sexo;
- Estrutura física;
- Genética;
- Caraterísticas de personalidade;
- Estado emocional.
A disfonia é o termo usado para definir os problemas ao nível da voz, que têm como possíveis causas o mau uso e abuso vocal ou uma lesão neurológica.
Terapia da fala nas crianças
A terapia da fala nas crianças em idade pré-escolar e escolar trabalha, sobretudo, as dificuldades na articulação dos sons da fala e o atraso no desenvolvimento da linguagem. Tratar estas complicações é essencial para evitar eventuais atrasos de aprendizagem da leitura e da escrita.
Muitas destas dificuldades podem surgir logo nos primeiros meses de vida. No entanto, nem sempre são detetadas, nomeadamente pelos pais, uma vez que estes podem não saber identificar os sinais de alerta.
Assim, recomenda-se especial atenção sempre que sejam observadas algumas das seguintes manifestações, por idades:
0 a 6 meses:
- Não reagir a sons;
- Não sorrir;
- Não estabelecer contacto visual.
6 a 12 meses:
- Não emitir sons;
- Não reagir ao seu nome ou a sons familiares.
12 a 18 meses:
- Não brincar;
- Não produzir monossílabos;
- Não reagir ao interlocutor;
- Não imitar.
18 a 24 meses:
- Não compreender instruções simples;
- Ter um vocabulário que não exceda as seis palavras;
- Não dizer palavras simples.
2 a 3 anos:
- Ter um vocabulário inferior a 200 palavras;
- Não fazer perguntas;
- Não juntar duas ou mais palavras;
- Ter dificuldade em imitar gestos simples;
- Usar mais gestos do que palavras.
3 a 4 anos:
- Ter um padrão de fala pouco percetível;
- Não produzir frases simples;
- Utilizar frequentemente palavras como “isto” e/ou “coisa”;
- Ter dificuldade em compreender ordens simples.
4 a 5 anos:
- Omitir e/ou trocar sons nas palavras;
- Ter dificuldade em iniciar ou repetir uma palavra, como se gaguejasse;
- Ter dificuldade em contar uma história e descrever acontecimentos simples e a rotina diária;
- Ter dificuldade em cumprir duas instruções simples;
- Ter dificuldade em falar ou responder a questões sobre o passado ou o futuro.
5 a 6 anos:
- Manter alterações na articulação das palavras;
- Usar frases mal estruturadas;
- Ter um discurso incoerente, desorganizado e desadequado;
- Ter dificuldade em manter e explorar um determinado tópico de conversa;
- Não conseguir dividir as palavras em sílabas e as sílabas em fonemas;
- Ter dificuldade em discriminar os sons da fala.
Terapia da fala nos adultos
Os adultos também podem beneficiar da terapia da fala, em situações específicas. Por exemplo, no caso de pessoas que, devido à sua profissão, estão mais sujeitas a sofrer de patologia vocal, como os professores, os cantores ou os locutores de rádio.
A terapia da fala nos adultos é igualmente recomendada quando o paciente tem patologia laríngea, se foi operado às cordas vocais ou se sofreu ou sofre de tumores de cabeça e do pescoço. Os traumatismos crânio-encefálicos, os acidentes vasculares cerebrais (AVC), e as doenças degenerativas do sistema nervoso central também podem dar origem a dificuldades em que a terapia da fala seja útil.
Uma forma simples de saber se beneficiaria da terapia da fala é colocando-se estas perguntas:
- Tem voz rouca?
- Tem uma profissão que desgasta a sua voz?
- Não consegue pronunciar alguns sons?
- Gagueja?
- Tem dificuldade em fazer-se entender ou em compreender os outros?
- Tem dificuldades em comunicar?
- Tem dificuldade em mastigar ou em engolir os alimentos?
Se responder afirmativamente a alguma delas, deverá ponderar consultar um terapeuta da fala.