As variantes da Covid-19: o que as distingue
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Desde que o novo coronavírus foi, pela primeira vez, detetado que se começou a falar em mutações do vírus e, consequentemente, no surgimento de novas estirpes ou variantes da Covid-19.
Este é, de resto, um comportamento comum nos vírus, que sofrem mutações, de modo a serem capazes de se tornarem mais resistentes ao meio e ao sistema imunitário dos indivíduos em que se alojam.
Além disso, quando nos encontramos numa pandemia, em que há a circulação de um vírus à escala mundial, estas mutações são ainda mais frequentes, devido à elevada transmissão e aos muitos casos de infeção.
Embora seja comum, o aparecimento de novas variantes da Covid-19 merece a melhor atenção pela comunidade científica, pois estas estirpes podem apresentar-se, por exemplo, mais contagiosas ou letais do que o vírus original. Fique a par das principais variantes da Covid-19 até então detetadas.
Variantes da Covid-19: o que se sabe até agora
Como já explicamos, são as mutações que ocorrem no código genético do vírus que permitem que ele se reproduza e se vá adaptando ao ambiente, tornando-se mais resistente, transmissível e infecioso.
Muitas dessas mutações ocorrem na proteína spike, a qual serve de “porta de entrada” ao vírus no organismo. Sempre que um ou mais grupos de proteínas mudam, desaparecem ou surgem, é detetada uma nova estirpe da Covid-19.
A denominação destas novas variantes da Covid-19 é feita com a sequência de aminoácidos do vírus ou com a zona geográfica onde a estirpe foi pela primeira vez detetada ou que foi mais atingida por ela.
O principal desafio é perceber quais as principais caraterísticas de cada variante e o que as distingue do vírus original e das demais estirpes.
Principais variantes do Sars-Cov-2
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, foram muitas as variantes da Covid-19 já detetadas. Porém, algumas mereceram mais atenção por parte da comunidade científica, nomeadamente devido ao seu número de mutações e perigo de transmissão e infeção mais grave.
Das oito variantes da Covid-19 que registamos na tabela seguinte, podemos verificar que, regra geral, a sua principal diferença face ao vírus original é mesmo o facto destas estirpes serem muito mais contagiosas.
Contudo, importa referir que o modo como o aparecimento destas novas variantes da Covid-19 foi encarado varia bastante de 2020 para 2021 e 2022, pois desde que há vacina contra a Covid-19 a vulnerabilidade das pessoas ao novo coronavírus e às suas mutações é bastante diferente. Até porque as vacinas se têm mostrado eficazes, mesmo perante estas novas estirpes.
Conheça, agora, algumas das variantes da Covid-19.
Variantes | Local onde foi pela primeira vez detetada | Data em que foi pela primeira vez detetada | Mutações | Principais caraterísticas |
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Variante IHU | França | janeiro de 2022 | 46 mutações |
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Variante B.1.1.529 ou Ómicron | África do Sul | novembro de 2021 | Mais de 50 mutações, 32 das quais na proteína Spike. |
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Variante B.1.617, Delta ou variante indiana | Índia | abril de 2021 | Duas mutações importantes na proteína spike (L452R e E484K). |
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Variante B.1.621 ou Mu | Colômbia | janeiro de 2021 | Mutações que podem conseguir “escapar” à ação dos anticorpos. |
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Variante Lambda | Peru | dezembro de 2020 | Número significativo de mutações. |
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Variante P.1, Gama ou variante do Brasil (ou de Manaus) | Amazonas, Brasil | novembro de 2020 | 31 mutações, 28 na linhagem B.1.1.28 e 10 no gene S. |
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Variante B.1.351 (ou 501Y.V2), Beta ou variante da África do Sul | Reino Unido | setembro de 2020 | 23 mutações, 8 delas no gene S. |
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Variante B.1.1.7. (ou N501Y ou H69/V70), alfa ou variante do Reino Unido | Reino Unido | setembro de 2020 | 23 mutações, 8 delas no gene S. |
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Qual a utilidade da testagem na deteção de novas variantes da Covid-19?
Os testes à Covid-19 permitem ficar a saber se uma pessoa está ou não infetada e qual é a estirpe que tem, sendo esta uma via de detetar uma nova variante.
Por isso, realizar regularmente testes à Covid-19 é algo cada vez mais importante, pois pode não só detetar um caso positivo de infeção pelo novo coronavírus, como pode servir para chegar à descoberta de uma nova estirpe de Sars-Cov-2.
As variantes da Covid-19 põem em risco a eficácia das vacinas?
Apesar das inúmeras variantes de Covid-19 já detetadas, as vacinas disponíveis contra esta doença continuam a mostrar-se eficazes na prevenção da doença grave, mesmo quando a infeção é causada por estas novas estirpes.
Importa explicar que as vacinas estimulam uma resposta imunitária mais alargada, a qual envolve um grande número de células e de anticorpos. Daí elas permanecerem eficazes. Além disso, a composição das vacinas está em constante revisão e atualização, assim como recomendação das doses de reforço.
É possível prevenir o aparecimento de novas variantes da Covid-19?
O surgimento de novas variantes da Covid-19 é mais frequente em contextos onde há uma transmissão muito intensa do vírus. Por esse motivo, para evitar o surgimento destas novas estirpes, recomenda-se a adoção de alguns comportamentos preventivos, nomeadamente:
- Lavar frequentemente as mãos
- Colocar máscara
- Manter o distanciamento físico
- Arejar bem os espaços
- Evitar a frequência de locais fechados e de ajuntamentos
- Estar vacinado