Síndrome do cólon irritável: que cuidados deve ter
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A Síndrome do cólon irritável, também conhecida como intestino irritável, é uma perturbação do trato digestivo bastante comum. Carateriza-se por um conjunto de sintomas desconfortáveis como dores abdominais persistentes, distensão abdominal e flatulência (gases), associados a prisão de ventre ou diarreia.
Embora possa ser um problema que causa perda de qualidade de vida, é uma doença crónica totalmente benigna, não estando associada a qualquer situação grave.
No entanto, frequentemente, os seus sintomas sobrepõem-se e confundem-se com os de algumas patologias mais graves ou distúrbios funcionais. Daí que deva ser dada especial atenção sempre que os sintomas atrás referidos são acompanhados de perda de peso, diarreia noturna, perdas de sangue nas fezes, anemia, vómitos recorrentes, dificuldade em engolir e dor abdominal persistente ou de intensidade crescente.
Em que consiste a Síndrome do cólon irritável
Causas
Apesar de a Síndrome do cólon irritável ser muito frequente, sobretudo nos países ocidentais, as suas causas são ainda desconhecidas.
Uma das hipóteses mais teorizadas admite que este problema possa ter origem numa desregulação da comunicação entre o sistema nervoso central e o intestino.
As evidências científicas apontam, ainda, para uma interação de múltiplos fatores, que estarão na origem da Síndrome do cólon irritável. Entre eles encontram-se:
- Alterações na motilidade intestinal;
- Hipersensibilidade visceral (resposta dolorosa excessiva a um estímulo);
- Alterações no sistema imunitário intestinal (comunidade de microrganismos que vive no intestino);
- Fatores genéticos e ambientais;
- História de infeções gastrointestinais anteriores;
- Perturbações psicossociais.
Há, ainda, vários estímulos que parecem influenciar o agravamento dos sintomas nalgumas pessoas. Por exemplo:
- Refeições com alto teor de calorias ou uma dieta com alto teor de gordura;
- Consumo de alimentos com muitos hidratos de carbono – trigo, laticínios, feijão, chocolate, chá, alguns adoçantes artificiais, certos vegetais (espargos ou brócolos, por exemplo) ou frutas (como damasco);
- Comer muito rápido ou após um longo período de jejum;
- Abuso do tabaco.
Diagnóstico
Muitos dos casos de Síndrome do cólon irritável podem ser diagnosticados pelo médico através da análise dos sintomas apresentados e da história clínica do doente.
No entanto, podem ser necessários exames complementares, entre os quais se incluem:
- Análises ao sangue e/ou às fezes;
- Endoscopia;
- Colonoscopia;
- Exame de intolerância à lactose ou de crescimento excessivo de bactérias;
- Ultrassonografia abdominal (ultrassons);
- Radiografia do intestino.
Tratamento
O tratamento da Síndrome do cólon irritável é destinado ao alívio dos sintomas, associando o tratamento médico e controlo do stress, com alterações alimentares.
Estes tratamentos variam de pessoa para pessoa e, em geral, começam na alteração de hábitos alimentares e estilos de vida. Por exemplo, evitar alimentos que produzem gases e causam diarreia, praticar exercício físico e/ou aumentar o consumo de fibra e água no caso de prisão de ventre.
Se nalguns casos este tipo de medidas é suficiente para o alívio dos sintomas, noutros pode ser necessário o recurso a medicamentos, designadamente:
- Antidiarreicos, para controlar a diarreia;
- Laxantes, quando os sintomas incluem prisão de ventre;
- Antiespasmódicos, para aliviar as dores abdominais através do bloqueio dos espasmos dos músculos intestinais;
- Antibióticos, para aliviar os sintomas de diarreia, dor e distensão abdominal;
- Antidepressivos, para o alívio da dor abdominal, diarreia e distensão abdominal;
- Probióticos, que promovem o crescimento de bactérias benignas no intestino, aliviando a distensão abdominal.
Para algumas pessoas podem, também, ser recomendados tratamentos destinados a promover alterações de comportamento, designadamente a terapia cognitivo-comportamental, a psicoterapia convencional e a hipnoterapia (hipnose).
A melhoria ou resolução dos sintomas da Síndrome do cólon irritável é, frequentemente, um processo lento que pode demorar seis meses ou mais. Os gastroenterologistas e os cirurgiões gerais são os médicos que o podem ajudar no tratamento desta doença.
Prevenção e alimentos a evitar
Na maioria dos casos, é possível seguir uma dieta normal, embora seja recomendável que a pessoa faça refeições não muito volumosas e coma devagar.
De uma maneira geral é também recomendável:
- Aumento do consumo de alimentos com fibra, em especial nos casos em que a prisão de ventre é um dos sintomas (estes alimentos, podem, todavia, aumentar a flatulência e a distensão abdominal, pelo que o aumento deve ser gradual);
- Evitar alimentos que contenham glúten;
- Seguir uma dieta pobre em hidratos de carbono de difícil digestão – denominada dieta pobre em FODMAP. Este tipo de dieta deve ser, no entanto, acompanhada por um nutricionista especializado, pois envolve a eliminação de muitos alimentos habitualmente considerados saudáveis.
A dieta pobre em FODMAP inclui a eliminação de alimentos com lactose, frutose (maçãs, peras e melancias), frutanos (cebola, alho francês, espargos, alcachofra, trigo) e sorbitol (adoçante).
Está, ainda, demonstrado que o exercício físico contribui para melhorar os sintomas da Síndrome do cólon irritável.