Surdez: o que precisa saber sobre esta incapacidade
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Sintomas
- 3. Tipos
- 4. Causas
- 5. Tratamento
A surdez ou a perda seja total ou parcial de audição pode acontecer a qualquer pessoa e em qualquer idade.
Pode ser total ou parcial
e a sua origem pode ser congénita ou adquirida, tendo como causas, por exemplo, lesões, doenças ou ser resultado do processo de envelhecimento.O diagnóstico da surdez deve ser feito por um especialista, através de exames como a audiometria, otoemissões acústicas, potenciais evocados, impedanciometria, por exemplo, para ser identificado o tipo e o grau e, assim, chegar-se ao tratamento mais adequado que, dependendo da causa, pode incluir, entre outros, limpeza de ouvidos, cirurgia ou uso de aparelho auditivo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 5% da população mundial precisa de reabilitação auditiva – 432 milhões de adultos e 34 milhões de crianças –, estimando ainda que, em 2050, uma em cada dez pessoas vai ter perda auditiva, ou seja, cerca 700 milhões de pessoas vão precisar de reabilitação auditiva.
Surdez: o que é
A surdez é caraterizada por qualquer limitação na capacidade de audição. Pode afetar qualquer pessoa e em qualquer idade, tendo um grande impacto na vida das pessoas em termos de comunicação e linguagem.
A perda auditiva pode ser leve, moderada, severa ou profunda e pode afetar um ou ambos os ouvidos.
Sintomas
Os principais sintomas de alguém com perda auditiva são:
- Pedir constantemente para repetirem o que foi dito ou para falarem mais alto;
- Tendência para falar mais alto;
- Ouvir televisão e rádio com o volume muito alto;
- Dificuldades em acompanhar as conversas de grupo e tendência a evitar conversas;
- Dificuldades em falar ao telefone;
- Não reagir a sons irritantes;
- Maior concentração ao falar com outras pessoas, ou seja, tentar ler os lábios para perceber o que está a ser dito;
- Zumbidos nos ouvidos.
Além dos sintomas acima referidos, pode também acontecer a intolerância a sons intensos, bem como irritabilidade por a pessoa não ser capaz de perceber o que as outras pessoas dizem.
As crianças também podem apresentar irritabilidade, indiferença em relação a outras crianças e aos pais e atrasos no desenvolvimento da fala e desenvolvimento escolar.
Tipos de surdez
A surdez pode ser classificada de acordo com sua causa e, normalmente, divide-se em dois tipos:
- Hipoacusia de transmissão: é quando há um bloqueio da passagem de som para o ouvido interno. Afeta o ouvido externo ou médio e as causas são, por norma, tratáveis ou curáveis, como é o caso do rompimento do tímpano, cera acumulada, infeções dos ouvidos ou tumores.
- Neurossensorial: é a causa mais comum e envolve o ouvido interno, nervo auditivo e cérebro. Ou seja, deve-se ao comprometimento do ouvido interno e o som não é processado ou transmitido ao cérebro por causas como o declínio das células auditivas pela idade, exposição a sons muito altos, doenças circulatórias ou metabólicas como tensões altas ou diabetes, tumores ou doenças genéticas.
Em alguns casos a surdez pode ser mista, ou seja, englobar os dois tipos.
Graus de deficiência auditiva
O grau de deficiência auditiva varia de acordo com a capacidade auditiva e pode ser:
- Leve: quando a perda auditiva é de até 40 decibéis. A pessoa apresenta algumas dificuldades em ouvir sons fracos ou distantes, mas consegue comunicar oralmente e sem problemas de linguagem;
- Moderada: é quando a perda auditiva se situa entre 40 e 70 decibéis, situação que traz algumas dificuldades em perceber sons de alta intensidade e de comunicação, como atraso na linguagem e necessidade de ler os lábios para perceber o que os outros dizem;
- Severa: a perda auditiva está entre 70 e 90 decibéis e, ainda assim, a pessoa consegue compreender ruídos e vozes intensas, mas é importante a perceção visual e a leitura dos lábios para compreender;
- Profunda: é o grau mais grave, pois a perda auditiva ultrapassa 90 decibéis, impedindo a comunicação e a compreensão da fala.
Causas
As causas de perda auditiva podem ser congénitas ou causas adquiridas ao longo da vida, nomeadamente:
- Durante o período pré-natal, onde se incluem a perda auditiva hereditária e não hereditária e infeções intrauterinas como rubéola e infeção por citomegalovírus, entre outras, intoxicações intra-uterinas por álcool ou drogas, diabetes materna, carências alimentares, etc;
- Durante período perinatal as causas podem ser, por exemplo, falta de oxigénio no momento do nascimento, icterícia grave, prematuridade, hemorragias do ouvido interno ou nas meninges ou incompatibilidades sanguíneas que podem provocar danos no sistema nervoso central;
- Ao longo da vida a surdez pode ser causada por infeções bacterianas como meningites, otites, inflamações agudas ou crónicas das fossas nasais e da nasofaringe, infeções virais como encefalites e varicela, fármacos que lesam as estruturas do sistema auditivo, exposição a níveis elevados de ruído e traumatismos da cabeça ou do ouvido. Outra causa, sobretudo quando se trata de surdez progressiva e unilateral, é um tumor benigno denominado neurinoma do acústico.
Tratamento e prevenção
O tratamento depende da causa da surdez, ou seja, pode passar pela realização de limpeza ou drenagem do ouvido quando há acumulação de cera ou secreção, ou através de uma intervenção cirúrgica em casos, por exemplo, de tímpano perfurado, tumor ou correção de alguma deformidade.
Também pode ser recomendado o uso de aparelho auditivo ou implantes osteo-integrados e implantes cocleares.
Em relação à prevenção, as perdas auditivas que ocorrem devido a doenças ou acidentes estão, naturalmente, sujeitas à prevenção possível, no entanto, há estratégias que podem ser seguidas:
- Vacinação;
- Boas práticas materno-infantis;
- Aconselhamento genético;
- Identificação e gestão de condições comuns do ouvido;
- Programas de saúde ocupacional para proteção auditiva face à exposição a ruído e produtos químicos;
- Controlo dos valores das tensões e níveis de gorduras e açúcar no sangue para evitar o envelhecimento precoce do organismo;
- Uso racional de medicamentos que podem ser tóxicos para o ouvido;
- Rastreios auditivos regulares para despistar precocemente alterações suscetíveis de correção;
- Minimização da exposição ao ruído intenso.
A importância do rastreio universal da audição
O rastreio universal da audição é um importante meio para a deteção precoce da perda auditiva no recém-nascido. Realizado através de otoemissões acústicas, este é um teste fácil, rápido, de grande sensibilidade e especificidade e não invasivo.
Sem a realização deste rastreio, a idade média de deteção de perda auditiva em crianças é de dois anos. Sendo os três primeiros anos de vida o período mais importante para o desenvolvimento da linguagem, é imperativo que os recém-nascidos façam este rastreio para deteção precoce de surdez ou perda auditiva.
Assim, os bebés que tenham esta perda auditiva vão ter mais possibilidades de melhorar a sua qualidade de vida e oportunidades, bem como as suas famílias.