Tendinite: como tratar esta doença reumática?
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Uma tendinite é a inflamação de um tendão. É responsável pela dor e rigidez nas articulações, podendo afetar a forma como o tendão afetado se move.
É um problema habitualmente associado à utilização excessiva ou ao ferimento desta corda fibrosa, por exemplo, durante a prática desportiva ou em trabalhos que envolvem um esforço repetitivo, más posturas corporais ou excesso de carga numa determinada região do corpo. Afeta com mais frequência o cotovelo, punho, dedos e coxas, podendo mesmo tornar-se extremamente incapacitante.
O que é a tendinite: tudo o que precisa saber
Causas
Os tendões são cordas fibrosas e flexíveis de tecido que estabelecem a ligação entre músculos e ossos. A sua função é transmitir a força de contração muscular necessária para mover um osso.
Todas as partes dobráveis do nosso corpo possuem tendões. Razões mecânicas ou químicas podem dar origem a uma inflamação, causando a tendinite.
A causa mecânica está associada a esforços prolongados e repetitivos, bem como a sobrecarga. Já a tendinite provocada por razões químicas deve-se a uma alimentação incorreta e a toxinas presentes no organismo.
As tendinites podem também resultar de:
- Lesões;
- Envelhecimento;
- Algumas doenças (diabetes ou artrite reumatóide, por exemplo);
- Certos antibióticos.
Articulações mais comuns
Há um conjunto de articulações que estão mais sujeitas ao desenvolvimento de tendinites.
Ombro
Habitualmente devido ao excesso de uso, praticantes de modalidades desportivas que exigem a elevação repetitiva dos braços (nadadores ou tenistas, por exemplo) são os que têm maior risco. Afeta também profissionais como carpinteiros, pintores e soldadores, entre outros.
Cotovelo
Existem dois tipos de tendinites do cotovelo: a epicondilite lateral (conhecida como “cotovelo de tenista”) e a epicondilite medial (conhecida como “cotovelo do golfista”).
Joelho
A forma mais comum de tendinite é conhecida por “joelho do saltador” e envolve o tendão rotuliano do bordo inferior da rótula ou o tendão quadricípeteno bordo superior da rótula. É uma lesão comum de uso excessivo, afetando especialmente jogadores de basquetebol e corredores de longa distância.
Punho
Acontece, habitualmente, sob a forma de doença de Quervain, uma condição que causa dor na parte de trás do punho, na base do polegar. Embora seja mais frequente em pessoas que agarram ou beliscam repetidamente com o polegar, por vezes, desenvolve-se durante a gravidez ou sem razão conhecida.
Tendinite de Aquiles
Afeta o tendão de Aquiles, situado na parte de trás do calcanhar. É causada, habitualmente, por uso excessivo, especialmente em desportos que requerem corrida ou saltos repetidos. Pode também estar associada a calçado desajustado ou técnica deficiente de corrida.
Nalguns casos, a tendinite de Aquiles é causada por uma doença inflamatória, tal como espondilite anquilosante, artrite reativa, gota ou artrite reumatoide.
Sintomas
Os sintomas manifestam-se nos locais onde o tendão se prende ao osso. Normalmente incluem:
- Dor e rigidez, que se agravam com o movimento;
- Dor, sobretudo noturna;
- Sensação de que o tendão estala à medida que se move;
- Se houver rutura, a pessoa pode sentir uma fenda na linha do tendão e o movimento da articulação será difícil.
Nalguns casos, a tendinite pode provocar a sensação de articulação fraca e a zona pode apresentar-se vermelha, inchada e quente ao toque.
Os sintomas podem durar apenas alguns dias, ou prolongar-se por várias semanas ou meses.
Tratamento
Se apresentar sintomas de tendinite, pode começar por fazer um tratamento conservador durante dois ou três dias para ajudar a lidar com a dor e proteger o tendão.
- Descanso: evite movimentar o tendão durante dois ou três dias;
- Gelo: coloque cubos de gelo num saco protegido com uma toalha e, de seguida, coloque-o sobre a zona do tendão afetado durante 15 a 20 minutos, com intervalos de duas horas;
- Apoio: enrole uma ligadura elástica ou uma cinta macia à volta da área afetada e aperte sem ser demasiado (é importante retirar a ligadura ou a cinta antes de ir para a cama).
Quando for capaz de mover a zona lesionada sem que a dor o impeça, tente continuar a movimentá-la para que a articulação não se torne rígida.
Até que o tendão esteja recuperado, evite levantar pesos ou outro tipo de atividades que agravam os sintomas. Só volte a praticar desporto quando já não sentir qualquer tipo de dor no tendão afetado.
Nalguns casos pode ser necessário o recurso a medicamentos que ajudam a reduzir a dor, nomeadamente, paracetamol e ibuprofeno. Pode estar também indicada a aplicação de um anti-inflamatório não esteroide sob a forma de creme ou gel para passar na pele da zona afetada.
Se a dor for muito forte, persistir durante muito tempo, ou a tendinite estiver a provocar limitações ao movimento, pode ser necessário consultar um médico especialista em ortopedia e, eventualmente, tratamento com fisioterapia.
Nos casos mais graves, o tratamento pode passar por infiltrações com corticoides, terapia por ondas de choque ou ultrassons, injeções de plasma rico em plaquetas ou mesmo cirurgia para remover tecido danificado ou reparar um tendão rompido.
A acupuntura também pode ajudar a controlar a dor aguda, porém os benefícios a longo prazo não estão cientificamente comprovados.
Prevenção
Não é possível prevenir a tendinite, mas há formas de reduzir a possibilidade de sofrer lesões nos tendões.
Eis algumas sugestões do que pode ser feito:
- Aquecer antes do exercício físico e alongar no final;
- Usar calçado adequado ou palmilhas;
- Fazer pausas regulares nos exercícios ou movimentos repetitivos;
- Fazer exercícios de reforço muscular à volta dos tendões, com a ajuda de um profissional (fisioterapeuta ou professor de educação física);
- Manter uma alimentação equilibrada.
Quem trabalha muito tempo no computador e realiza movimentos repetitivos, deve fazer várias pausas ao longo do dia, utilizar uma cadeira de altura regulável e ajustar o monitor à altura dos olhos.
Deve, também, manter os ombros relaxados e os cotovelos e joelhos a 90 graus, com os pés sempre apoiados.