Botulismo: conheça esta doença bacteriana

O botulismo é causado por toxinas, produzidas pela bactéria clostridium botulinum, que atacam os nervos, a medula e o cérebro, conduzindo a fraqueza muscular e, mesmo, a paralisia.

A grande maioria das pessoas que contraem botulismo recupera completamente, após receber o tratamento adequado. No entanto, se a paralisia afetar os músculos que controlam a respiração e se a pessoa não receber tratamento rapidamente, a doença pode ser fatal em cerca de 5 a 10% dos casos.

O que é o botulismo?

A bactéria clostridium botulinum encontra-se no solo, nas poeiras e nos sedimentos de rios ou mares e resiste a temperaturas superiores a 100°C.

A bactéria por si só não é nociva, mas, quando privada de oxigénio, pode produzir toxinas altamente tóxicas. Isto pode acontecer quando as bactérias ficam encerradas em latas ou garrafas fechadas, no solo, em águas estagnadas ou na lama, bem como no interior do corpo humano, nomeadamente nos intestinos.

Existem três tipos de botulismo. O mais frequente é o botulismo alimentar, provocado pela ingestão de alimentos contaminados com a toxina, como, por exemplo, conservas de produção caseira e produtos de fumeiro.

O botulismo pela contaminação de feridas acontece, na grande maioria dos casos, como resultado do uso de drogas injetáveis, como a heroína, e dá-se quando o produto contaminado com a bactéria é injetado num músculo e não numa veia.

Outro tipo ainda mais raro de botulismo é o infantil. Esta forma da doença ocorre quando um bebé ingere alimentos que contêm esporos, uma forma resistente da bactéria, como pode acontecer, por exemplo, com o mel. Os esporos ingeridos germinam depois no intestino e libertam toxinas.

O botulismo infantil pode surgir nos primeiros dois anos de vida das crianças. Após esta idade, o corpo desenvolve defesas contra os esporos que provocam a doença, tornando-os inofensivos.

Sintomas

Após a exposição à bactéria ou às suas toxinas, os sintomas do botulismo podem levar de entre algumas horas a vários dias até se desenvolverem.

Se não for identificado e tratado atempadamente, o botulismo pode manifestar-se sob a forma de paralisia, que se espalha pelo corpo, desde a cabeça até às pernas.

Os sintomas dependem do tipo exato de botulismo, mas, sendo o mais frequente o botulismo alimentar, os sintomas gastrointestinais são, por norma, os primeiros a surgir, nomeadamente, náuseas, vómitos, dores no abdómen e diarreia.

Podem surgir depois sintomas como dificuldade em engolir ou em falar, visão turva e rouquidão. A paralisia começa a afetar os músculos respiratórios, podendo levar a insuficiência respiratória e, eventualmente, à morte.

Nos bebés, os sintomas mais comuns são um choro débil e um mau controlo da cabeça e do pescoço, além de dificuldades de sucção e de deglutição. Estes podem também apresentar-se pouco ativos e com o corpo algo “mole” e sem forças.

Sintomas mais comuns:

• Fraqueza muscular ao nível da face.
• Pálpebras caídas.
• Boca seca.
• Visão dupla ou turva.
• Fala arrastada.
• Dificuldade em respirar.
• Disfagia (dificuldade em engolir).

Tratamento do botulismo

Uma vez diagnosticada a doença, deve administrar-se o mais rapidamente possível a antitoxina botulínica. Esta é mais eficaz se for administrada nas 72 horas após o aparecimento dos sintomas.

Normalmente, os doentes necessitam de apoio ventilatório devido às dificuldades respiratórias e pode haver necessidade de internamento em unidades de cuidados intensivos.

Mesmo após a recuperação, muitas pessoas que sofreram de botulismo podem sentir cansaço e dificuldades em respirar, bem como vir a necessitar de fazer fisioterapia.

Prevenção

A prevenção do botulismo, nomeadamente o botulismo alimentar, passa, maioritariamente, pela preparação e conservação apropriada dos alimentos. Os esporos da bactéria resistem a temperaturas muito altas, mas as toxinas deles resultantes são rapidamente eliminadas pelo calor. Portanto, é importante cozinhar os alimentos a altas temperaturas, nomeadamente os produtos de fumeiro e as conservas caseiras.

Os alimentos em conserva que apresentem uma cor desbotada ou um cheiro diferente do habitual não devem ser consumidos.

Perante um alimento que se suspeite estar contaminado, devem ser tomadas precauções extra no seu manuseamento, já que, mesmo uma quantidade mínima que venha a ser ingerida, inalada ou absorvida através dos olhos ou de uma ferida, pode causar a doença.

A ingestão de mel e o botulismo infantil

A bactéria clostridium botulinum encontra-se em muitos locais, mas, por si só, dificilmente provocará a doença. De resto, são os esporos - formas protegidas da bactéria - que podem desenvolver-se e dar origem à toxina.

Esses esporos encontram-se, por exemplo, no mel e, não sendo prejudiciais aos adultos nem a crianças mais velhas, podem provocar botulismo nas crianças menores de dois anos, já que não desenvolveram ainda defesas a este nível.

Dar mel a crianças com menos de dois anos é, por isso, totalmente desaconselhado.