Antibióticos e álcool: qual o risco desta combinação?
• 3 mins. leitura
Indíce
- 1. Porque evitar?
- 2. O que não deve misturar
- 3. O bom senso
Há muito que a ideia de não misturar antibióticos e álcool está enraizada na nossa sociedade. Mas será mesmo verdade que quem está a tomar antibióticos não pode beber?
Não há, à luz da ciência atual, uma resposta única para esta questão. Ou seja, para responder à pergunta, é preciso saber qual é o antibiótico, qual a infeção, qual o estado geral do doente e qual a quantidade de álcool que vai ingerir.
Ainda que seja melhor evitar misturar bebidas alcoólicas com antibióticos, beber com moderação, em princípio, não causará problemas. No entanto, alguns antibióticos têm efeitos secundários indesejáveis, como enjoos e tonturas, que podem ser agravados pelo consumo de álcool.
Porque se deve evitar o consumo de álcool com antibióticos?
O problema de misturar antibióticos e álcool não está relacionado com a anulação do efeito deste medicamento. O grande problema aqui é esta mistura potenciar os efeitos secundários ou reações adversas do antibiótico, bem como as consequências negativas que o consumo de álcool pode trazer ao sistema imunitário do doente.
É também importante salientar que o álcool é processado no fígado, tal como os antibióticos. Desta forma, o fígado vai estar sobrecarregado e isso vai dificultar a ação dos antibióticos, bem como aumentar a acumulação de substâncias tóxicas.
No fundo, ainda que não haja uma contraindicação científica propriamente dita, é uma questão de bom senso, visto que se encontra doente, deve manter-se afastado do álcool enquanto toma antibióticos.
Quais os antibióticos que não deve misturar com álcool?
Embora alguns antibióticos possam permitir o consumo moderado de álcool, há outros em que a associação pode ser grave e deve ser mesmo evitada, nomeadamente:
- Metronidazol;
- Tinidazol;
- Alguns antibióticos da classe das cefalosporinas.
A toma destes antibióticos misturada com álcool pode desencadear o chamado “efeito dissulfiram” - substância usada no tratamento do alcoolismo - cuja manifestação física para o doente é bastante desconfortável, como se estivesse à beira de um colapso e que poderá, se a pessoa insistir em beber álcool, levar ao coma ou à morte.
A mistura de bebidas alcoólicas com estes antibióticos pode causar estes efeitos secundários bastante indesejáveis:
- Náuseas;
- Dor de estômago;
- Calores;
- Batimento cardíaco rápido ou irregular;
- Dor de cabeça;
- Tonturas;
- Sonolência.
Antibióticos e álcool: uma questão de bom senso
Ainda que a maioria dos antibióticos mais comuns, como a amoxicilina, azitromicina, ciprofloxacina, levofloxacina, penicilina, ceftriaxona e outros, não tenham uma contraindicação formal ao consumo moderado de álcool, isto não quer dizer que a sua associação seja totalmente segura.
Se o doente estiver com alguma infeção grave ou potencialmente grave, o consumo de álcool deve ser, naturalmente, evitado. Não interessa que não exista nenhuma interação direta com o antibiótico em uso. O cerne da questão não é o antibiótico, mas a doença em si e o estado do doente.
Dica extra: durante o tratamento com antibiótico, siga à risca as indicações do seu médico. Não falhe tomas e, mesmo que se sinta melhor, tome-o até ao fim!