Vapes e tabaco aquecido: uma alternativa ao cigarro tradicional?
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Indíce
- 1. Cigarro Tradicional
- 2. Tabaco Aquecido
- 3. Cigarros Eletrónicos/Vapes
Os cigarros eletrónicos e o tabaco aquecido têm sido encarados como alternativas aos cigarros tradicionais.
Dados do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo em Portugal, referentes a 2019, indicam que 85,7% dos fumadores consumiam cigarros normais e 5,1% tabaco de enrolar. Os cigarros eletrónicos eram usados por 2,2% dos fumadores.
Apesar de os cigarros eletrónicos puderem parecer menos prejudiciais para a saúde, a comunidade médica não está convencida. O melhor, dizem os especialistas, é mesmo não fumar.
Contudo, para quem ainda não conseguiu deixar de fumar, é importante conhecer as diferenças entre as variedades de cigarros, bem como os riscos associados.
Quais são os vários tipos de cigarros?
O consumo de novos produtos de tabaco tem sido uma tendência crescente, sobretudo entre a população mais jovem. Mas será que os cigarros eletrónicos e o tabaco aquecido fazem menos mal do que os cigarros convencionais? Vejamos como é a composição de cada um deles e que efeitos pode ter na saúde.
Cigarros de tabaco tradicionais
Os cigarros tradicionais, feitos com a planta do tabaco seca, são os mais comuns. Cada cigarro tem cerca de 4 mil substâncias com efeitos tóxicos e irritantes; 70 destas substâncias são cancerígenas. Nicotina, polónio 210, carbono 14, metais pesados, como chumbo e cádmio, monóxido de carbono e alcatrão são alguns elementos que entram na composição.
A Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para o facto de os fumadores terem, em média, menos 10 anos de vida do que os não fumadores. Esta entidade lembra, ainda, que o tabaco é responsável por:
- 25% a 30% da totalidade dos cancros, incluindo cancro do aparelho respiratório superior (lábio, língua, boca, faringe e laringe);
- 80% dos casos de doença pulmonar crónica obstrutiva;
- 75% a 80% dos casos de bronquite crónica;
- 90% dos casos de cancro do pulmão;
- 20% da mortalidade por doença coronária;
- Doenças cardiovasculares (são duas a quatro vezes mais frequentes nos fumadores).
Tabaco aquecido
Os Produtos de Tabaco Aquecido (PTA) são dispositivos eletrónicos com um pequeno cigarro que contém tabaco. Estes dispositivos, que são recarregados como um telemóvel ou computador portátil, produzem aerossóis com nicotina e outros químicos que são inalados pelo utilizador.
O tabaco aquecido é fumado como um cigarro normal, mas a ponta que fica dentro do aparelho, e que contém o tabaco, é aquecida. Desta forma, é libertado um aroma em forma de aerossol ou vapor.
Como estes cigarros contêm nicotina, causam dependência nos seus utilizadores, à semelhança do tabaco normal. "Do ponto de vista de segurança e do risco para a saúde, atualmente, não existe evidência que demonstre que os PTA são menos prejudiciais do que o cigarro convencional", alertam 12 sociedades científicas portuguesas, numa posição conjunta divulgada em 2019.
"É importante lembrar que não existe um nível de segurança para o uso do cigarro e que mesmo o consumo baixo produz doença significativa. Assim, afirmar que os PTA contêm menos tóxicos não significa que se reduza o risco de doença", lembram os representantes de diversas especialidades médicas.
Os médicos alertam também para o facto de existir o risco de os fumadores alterarem o seu consumo para estes novos produtos em vez de tentarem parar de fumar. "Constituem também uma tentação para não fumadores e menores de idade iniciarem os seus hábitos tabágicos", avisam os médicos, referindo-se ao perigo que estes cigarros alternativos podem constituir para a saúde dos adolescentes e jovens adultos.
Cigarros eletrónicos ou vapes
Os cigarros eletrónicos, também conhecidos como vapes, e-cig ou ENDS (Electronic Nicotine Delivery Systems) são, na prática, dispositivos eletrónicos de dispensa de nicotina. Nestes cigarros, não existe combustão das folhas de tabaco, mas sim um aerossol com base em água, que é aspirado ou vapeado. Os líquidos usados no vaping podem ter vários sabores e conter ou não nicotina, que é vaporizada.
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia não considera que os cigarros eletrónicos possam ajudar a deixar de fumar e acredita que até podem ter o efeito contrário, surgindo como "um contorno à possibilidade da cessação".
Além disso, nenhuma marca de cigarros eletrónicos foi aprovada como auxiliar para deixar de fumar.
Já a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) recorda um surto de lesões pulmonares associadas a cigarros eletrónicos ocorrido nos Estados Unidos em 2019. O surgimento de 2.807 casos (60 mortais) em 50 estados levou o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) a uma investigação de emergência.
Embora não tenham existido conclusões definitivas, o CDC acredita que o acetato de vitamina E (VEA) – aditivo usado nos cigarros eletrónicos e que contém canábis (ou THC) – terá contribuído para estes casos.
A OPAS identifica, ainda, outros riscos da utilização de cigarros eletrónicos:
- A nicotina causa dependência e afeta o desenvolvimento cerebral de crianças e adolescentes;
- Os jovens que usam cigarros eletrónicos têm o dobro de hipóteses de se tornarem fumadores na idade adulta;
- Os não fumadores são expostos à nicotina e a outros químicos nocivos;
- Os dispositivos podem causar lesões físicas, incluindo queimaduras por explosões ou mau funcionamento;
- Existe o risco de exposição acidental de crianças aos líquidos dos cigarros eletrónicos; podem ingeri-los ou colocá-los em contacto com a pele.