Doença x: a doença que não existe, mas que pode tornar-se global
• 3 mins. leitura
Indíce
- 1. O que é?
- 2. Porque se fala?
- 3. Quando surgiu?
- 4. A OMS e a doença X
A doença x não é, na verdade, uma patologia que tenha sido detetada e que esteja a afetar pessoas em todo o mundo, mas uma mera hipótese. Mas se não existe, por que se fala tanto dela? O que levou a que tivesse sido discutida num encontro entre líderes mundiais?
O tema tem gerado especulações e até alguma desinformação. Afinal, e como pode descobrir neste artigo, não há motivo para alarmismo. Falar na doença x é, no fundo, uma forma de prevenir uma pandemia que possa ter as mesmas repercussões da COVID-19.
O que é a doença x?
Doença x é um termo utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para designar uma eventual doença que possa tornar-se global. O objetivo é que sejam elaboradas estratégias e que seja feito investimento em investigação e desenvolvimento de soluções para enfrentar esta eventual pandemia.
A doença x é, assim, um modo de evitar o aparecimento de novas doenças infeciosas e de proteger a humanidade, bem como de garantir que o mundo está preparado para lidar com uma situação deste tipo.
A OMS explica que usa a doença x como um exemplo da forma como um agente patogénico (um organismo, como bactéria ou vírus que pode causar uma doença) ainda desconhecido pode provocar uma grave epidemia internacional.
Basta pensar no impacto que o coronavírus teve em todo o mundo para se perceber que não é impossível que o cenário se repita.
Tratou-se, sem dúvida, de uma pandemia com efeitos negativos em vários quadrantes, incluindo na economia, que se sentiram não só em 2020 como nos anos seguintes.
Qual é a razão para se falar da doença x?
A doença x esteve na agenda da 54.ª edição do Fórum Económico Mundial, que teve lugar em Davos, na Suíça, em janeiro de 2024.
‘Preparar a doença x' foi o tema de um dos painéis desse encontro. Nessa discussão, liderada pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, participaram também Shyam Bishen, do Centre for Health and Healthcare; Roy Jakobs, presidente da Royal Philips; Nisia Trindade Lima, ministra da Saúde do Brasil; e Michel Demaré, presidente do Conselho da AstraZeneca.
A conversa incidiu sobre a preparação dos sistemas de saúde dos vários países para lidar com os desafios de uma nova pandemia, assim como sobre possibilitar uma vigilância mais integrada de novas epidemias ou riscos pandémicos.
Ou seja, a doença x está a ser falada não porque exista, mas porque foi discutida ao mais alto nível. E porque, efetivamente, a OMS quer evitar uma nova pandemia ou, pelo menos, reduzir o seu impacto.
Quando surgiu o tema da doença x?
A doença x já está no radar da OMS pelo menos desde 2018, altura em que foi publicada a revisão anual das doenças priorizadas no Research and Development Blueprint (R&D Blueprint).
Este plano de pesquisa e desenvolvimento é uma estratégia para ativar rapidamente mecanismos – como vacinas, testes e medicamentos –, que permitam salvar vidas durante uma crise de saúde pública mundial.
O R&D Blueprint inclui outras doenças, que, pela sua potencial gravidade e capacidade de contágio, podem tornar-se preocupantes.
Quais são as doenças prioritárias para a OMS?
A lista da OMS abrange vários agentes patogénicos, que podem causar surtos ou pandemias. Esta seleção teve a colaboração de mais de 300 cientistas, os quais analisaram mais 25 famílias de vírus e bactérias.
No entender da OMS, estas são as doenças que merecem prioridade no que diz respeito à implementação de medidas para investigar e desenvolver testes, medicamentos e vacinas que as possam evitar ou controlar:
- COVID-19;
- Ébola;
- Vírus Zika;
- Febre do Vale do Rift;
- Febre hemorrágica da Crimeia-Congo;
- Síndrome Respiratória do Médio Oriente (Mers-CoV);
- Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars);
- Febre de Lassa;
- Nipah e Henipavírus (vírus de origem animal que podem ser transmitidos aos humanos);
- Doença x.
A OMS lembra que esta não é uma lista exaustiva e que não indica as causas mais prováveis da próxima epidemia. Sempre que haja necessidade, a entidade faz a reavaliação e a atualização desta seleção.
"Identificar patogénicos e famílias de vírus prioritários para pesquisa e desenvolvimento de medidas é essencial para uma resposta rápida e eficaz a epidemias e pandemias. Sem investimentos significativos em I&D antes da pandemia da COVID-19, não teria sido possível desenvolver vacinas seguras e eficazes em tempo recorde", lembrou o diretor-executivo do Programa de Emergências Sanitárias da OMS, Michael Ryan, em novembro de 2022.