Vasectomia: como funciona a esterilização masculina?
• 3 mins. leitura
Indíce
- 1. O que é
- 2. Como é realizada?
- 3. Preparação necessária
- 4. Quais os riscos?
- 5. É possível reverter?
A vasectomia é um procedimento cirúrgico, que visa a esterilização masculina. Trata-se de uma opção eficaz para homens que desejam uma forma permanente de controlo de natalidade.
Neste artigo, pode ficar a saber mais sobre este método contracetivo masculino definitivo e esclarecer as principais questões sobre este assunto.
O que precisa saber sobre a vasectomia
A vasectomia é um procedimento cirúrgico simples e rápido, mas que levanta diversas questões e considerações sobre a sua realização, funcionamento e possíveis riscos. Se equaciona submeter-se a esta intervenção, é importante compreender do que se trata e também partilhar todas as suas dúvidas com um urologista.
O que é e por que é realizada?
Esta intervenção cirúrgica consiste na laqueação dos canais deferentes, que transportam os espermatozoides para as vesículas seminais. Isto impede a libertação de espermatozoides durante a ejaculação, tornando o homem incapaz de fertilizar um óvulo.
A finalidade principal é a de proporcionar uma forma permanente de contraceção, sendo uma opção segura e eficaz para homens ou casais que decidiram não ter mais filhos ou não desejam ter filhos biológicos. A taxa de sucesso é superior a 99%, ou seja, deixa de ser necessário recorrer a outros métodos contracetivos para evitar uma gravidez.
Como é realizada a vasectomia?
O procedimento cirúrgico é feito, normalmente, em ambulatório sob anestesia local, é rápido e relativamente indolor.
Existem dois tipos de vasectomia, a convencional e a sem bisturi:
- Na convencional, é utilizada anestesia local no escroto, sendo realizados dois pequenos cortes na pele de cada lado para alcançar os canais deferentes. Cada canal é cortado, sendo removida uma pequena secção. As extremidades dos canais são então bloqueadas, impedindo a passagem dos espermatozoides para o sémen. As incisões na pele são fechadas com pontos absorvíveis, que desaparecem sozinhos cerca de uma semana depois.
- Na vasectomia sem bisturi, é também utilizada anestesia local no escroto. É feito um pequeno furo na pele para chegar aos canais deferentes e bloqueá-los. Neste método, há pouco sangramento e não são necessários pontos. É menos doloroso e tem uma menor probabilidade de complicações do que a vasectomia convencional.
Que preparação é necessária para o procedimento cirúrgico?
Antes de uma vasectomia, é importante discutir os seus objetivos em relação à parentalidade e fertilidade com o seu médico, para garantir uma decisão informada. Este procedimento cirúrgico deve ser sempre visto como uma forma permanente de contraceção, que nem sempre é possível reverter, embora exista um procedimento para esse efeito.
O médico também irá perguntar-lhe sobre a sua história clínica, tal como a existência de distúrbios hemorrágicos, alergia ou sensibilidade a anestésicos locais; doenças de pele que envolvam o escroto; uso regular de aspirina ou medicamentos que afetem a coagulação do sangue; bem como histórico de lesão ou cirurgia na zona genital ou virilha (como hérnias, por exemplo) e histórico de infeções genitais ou do trato urinário recentes ou repetidas.
Depois, além do consentimento informado para assinar, o seu médico irá dar-lhe as orientações de preparação para a cirurgia, como medicação a tomar ou não, além de medidas para reduzir o risco de infeção, como a depilação integral da zona genital.
Quais os riscos associados à vasectomia?
Entre as vantagens da vasectomia estão a eficácia elevada, a simplicidade do procedimento em comparação com métodos contracetivos femininos e a ausência de impacto significativo nas funções sexuais e hormonais. No entanto, como qualquer procedimento cirúrgico, apresenta alguns riscos.
Logo após a cirurgia, pode sentir-se algum desconforto, inchaço e hematomas. Estes sintomas desaparecem, por norma, decorridas duas semanas.
Embora o risco de complicações após uma vasectomia seja pequeno, deve contactar o seu médico perante:
- Febre e vermelhidão ou dor no escroto, uma vez que pode tratar-se de uma infeção no local cirúrgico;
- Sangramento sob a pele;
- Sensação de peso/congestão testicular, em virtude da acumulação de espermatozoides no epidídimo.
Outros riscos, ainda que raros, incluem:
- Granuloma: um nódulo no escroto causado pelo sémen que vaza do canal deferente para o tecido;
- Síndrome dolorosa pós-vasectomia: uma condição de dor crónica causada pela cirurgia, como compressão nervosa;
- Epididimite: uma inflamação que ocorre devido ao sémen ainda fluir do epidídimo, um ducto localizado atrás dos testículos, mas que fica bloqueado porque o canal deferente foi cortado e bloqueado;
- Fístula vasovenosa: pode ocorrer quando vários vasos sanguíneos aderem aos canais deferentes;
- Falha no procedimento: como o efeito não é imediato, é necessário analisar uma amostra de sémen entre 8 a 16 semanas após o procedimento para confirmar ou não a presença de espermatozoides;
- Falha no procedimento tardia: após a vasectomia, a amostra de sémen deve apresentar espermatozoides negativos ou imóveis e, em casos raros, os canais deferentes voltam a crescer e, como resultado, voltam a surgir na amostra espermatozoides viáveis.
Pode, ainda, ocorrer arrependimento do procedimento, principalmente em indivíduos que se submetem a uma vasectomia antes dos 30 anos.
Como é feita a recuperação da cirurgia?
O pós-operatório requer repouso, aplicação de gelo para reduzir o inchaço e o uso de analgésicos conforme necessário e indicação médica. Além das dores e inchaço, é comum ter sangue no sémen nas primeiras ejaculações após uma vasectomia. 2
Para apoio e alívio de qualquer desconforto ou inchaço na zona genital, deve usar-se roupa interior justa nos primeiros dias.
Normalmente, é possível tomar banho logo após o procedimento, mas, consoante o caso, o médico pode desaconselhar.
O regresso ao trabalho pode ser feito um ou dois dias após a cirurgia, mas levantar pesos, esforço físico ou desporto devem ser evitados durante uma semana.
As relações sexuais só devem ser retomadas 7 dias após a vasectomia e, nas primeiras 8 a 12 semanas, deverá ser usado outro método contracetivo, porque o efeito da vasectomia não é imediato e é possível acontecer uma gravidez durante esse período.
É possível reverter uma vasectomia?
É tecnicamente possível reverter a vasectomia, mas não é garantida. A eficácia da reversão depende de vários fatores, como o tempo decorrido desde a realização do procedimento. Além disso, a fertilidade após a reversão não é assegurada.
Outras questões e dúvidas frequentes sobre a vasectomia
Apesar de a vasectomia ser um procedimento simples e um dos métodos anticoncecionais mais seguros, ainda existem dúvidas e medos, como o risco de impotência.
É possível ter relações sexuais após uma vasectomia?
Sim, é possível ter relações sexuais 7 dias após a vasectomia, mas deve ser usado outro método contracetivo nas primeiras 8 a 12 semanas, para prevenir gravidezes indesejadas.
Afeta o desejo sexual ou causa impotência?
Não, a vasectomia não tem impacto no desejo sexual ou nas funções eréteis. O bloqueio dos canais deferentes apenas impede a passagem dos espermatozoides, não influenciando a produção hormonal.
O que acontece aos espermatozoides?
Os espermatozoides são absorvidos pelo organismo ou eliminados naturalmente ao longo do tempo, sem colocar em risco a saúde masculina.
A vasectomia protege contra infeções sexualmente transmissíveis?
Não protege. Por isso, em relações sexuais de risco, o preservativo deve ser sempre usado para prevenir infeções sexualmente transmissíveis.
Há risco aumentado de cancro de próstata ou cancro testicular?
Não. Os estudos e pesquisas sobre esta matéria não encontraram ligação entre a vasectomia e o aumento do risco de cancro da próstata ou cancro testicular. A vasectomia também não está relacionada com um maior risco de desenvolver doenças cardíacas ou outros problemas de saúde.
A vasectomia pode influenciar o ganho de peso?
Não há alterações hormonais nem há evidências científicas que comprovem que a vasectomia engorda.
O pénis e os testículos podem diminuir de tamanho?
Não. A vasectomia não interfere na produção das hormonas masculinas, como a testosterona, nem afeta o tamanho dos órgãos sexuais masculinos.