Leite materno fraco: será verdade ou mito?
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São várias as crenças que pairam sobre a amamentação, sendo uma delas a possibilidade de existir leite materno fraco. Seja porque o bebé chora entre refeições ou porque a aparência do leite é estranha, há muitas mães que desconfiam da qualidade do seu leite. Mas a ciência garante que não é verdade.
O mito sobre a qualidade pode dever-se ao pouco conhecimento sobre o leite materno, pois a sua composição é adaptada à imaturidade digestiva e imunológica do recém-nascido e do lactente.
Assim, o leite materno além de possuir todos os nutrientes necessários, tem ainda propriedades imunológicas que dão proteção ao recém-nascido para o seu desenvolvimento saudável.
O que leva a acreditar na ideia de leite materno fraco?
Nos primeiros sete dias após o parto, o leite materno denomina-se de colostro e possui uma aparência mais aguada. Isso pode trazer dúvidas sobre a qualidade do leite materno.
Há ainda outros fatores que podem causar alguma confusão, mas que não estão também relacionados com a qualidade do leite materno, nomeadamente:
- A pega errada na amamentação e a dificuldade do bebé em sugar a quantidade de leite que precisa;
- Sendo a digestão do leite materno mais rápida, as mamadas são mais constantes;
- Choro frequente, sendo que um bebé chorar é normal porque é a única forma que tem de se comunicar.
Mas, afinal, há ou não leite materno fraco?
Não, não existe leite materno fraco. Mesmo uma mãe com uma dieta mais pobre consegue produzir bom leite materno, pois todos têm a mesma composição. Ou seja, tem na sua composição todos os elementos na quantidade necessária para que o bebé cresça e se desenvolva saudavelmente:
- células vivas;
- proteínas;
- aminoácidos;
- oligossacarídeos;
- enzimas;
- hormonas;
- anticorpos;
- ácidos gordos de cadeia longa;
- 1400 microRNAs.
Esses elementos são, por exemplo, nutrientes, células de construção de imunidade, alimentos para bactérias intestinais saudáveis que não podem ser replicados de nenhuma forma e que não se alteram seja qual for a dieta das mães.
O leite materno é considerado um alimento “vivo” porque evolui de acordo com as fases e necessidades do bebé. O leite sofre alterações desde o início até ao fim da mamada, do início até ao final do dia e também vai mudando de acordo com a idade do bebé, fornecendo, assim, tudo o que é preciso para a nutrição e sistema imunitário da criança.
Fases do leite materno
Podemos destacar três fases do leite materno:
- Colostro - tem uma aparência transparente ou amarelada, este é o primeiro leite e contém proteínas e anticorpos para a proteção do bebé;
- Leite de transição - é produzido entre o 6.º e o 15.º dia após o nascimento, sendo um leite mais denso, rico em gorduras e hidratos de carbono;
- Leite maduro - começa a ser produzido por volta do 25.º dia e tem uma aparência mais consistente e esbranquiçada. Tem na sua composição proteínas, gorduras, hidratos de carbono, entre outros nutrientes.
Existem ainda algumas medidas que podem ajudar a aumentar o volume de leite disponível para seu bebé, nomeadamente amamentar em livre demanda, realizar uma massagem nos seios, reforçar a ingestão hídrica e alimentar-se bem.
A amamentação é um dos desafios da maternidade, mas sempre que possível, traz vários benefícios para o bebé e para a mãe.