Acne: como ultrapassar e ter uma pele saudável
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A acne é uma doença da pele muito comum, devido a um processo inflamatório das glândulas sebáceas e dos folículos pilossebáceos.
Ela ocorre em ambos os sexos, sobretudo durante a adolescência, mas pode surgir em qualquer idade, manifestando-se também em bebés e adultos. Na idade adulta, é mais frequente nas mulheres.
Além do incómodo provocado pelas lesões na pele, a acne compromete a aparência e isso pode ter efeitos psicológicos e um impacto social significativo.
Quando os danos psicológicos se prolongam no tempo, a situação pode mesmo tornar-se grave, levando à diminuição da autoestima e da autoconfiança.
Uma situação que, em muitos casos, conduz ao isolamento social e mesmo à depressão. No caso dos adolescentes, está, inclusive, descrita uma elevada prevalência de ideação suicida.
Por esse motivo, a acne não deve ser desvalorizada e é recomendável a adesão ao tratamento o mais precocemente possível. Não só para preservar a saúde da pele e a saúde psicológica, mas também para prevenir cicatrizes difíceis de corrigir no futuro.
Causas e tratamento da acne
O que é?
A acne surge quando os folículos pilosos (os poros na pele onde crescem os pelos) são obstruídos por óleo e células mortas da pele. Isto acontece devido à interação de quatro fatores:
- Produção sebácea em excesso (o chamado “óleo da pele”)
- Estreitamento e obstrução do folículo polisebáceo
- Colonização dos folículos por microrganismos (bactérias)
- Libertação de múltiplos mediadores inflamatórios
As hormonas sexuais que começam a ser produzidas na puberdade, são as principais responsáveis pelas alterações das caraterísticas da pele, assim como pelo surgimento da acne.
As lesões aparecem com mais frequência no rosto, mas também podem ocorrer nas costas, ombros e peito.
Essas hormonas, chamados andrógenos e estrógenos, são produzidos tanto pelos ovários (mulher) e testículos (homem) quanto pelas glândulas suprarrenais (duas pequenas glândulas situadas sobre os rins) em ambos os sexos.
Mas a acne pode também surgir como consequência de:
- Alterações hormonais durante a gravidez ou ciclo menstrual
- Cosméticos, produtos de beleza, loções e roupas que não deixam a pele “respirar” devidamente
- Humidade elevada e transpiração
A existência de casos de acne em familiares diretos é, também, considerado um fator de risco para o desenvolvimento da doença. Sobretudo no caso da acne severa.
Está, igualmente, demonstrado que períodos de maior stress contribuem para o agravamento da acne.
Dependendo da lesão, a doença pode ser classificada em quatro tipos:
- Acne não inflamatória: pontos negros ou brancos (comedões)
- Acne ligeira: borbulhas inflamadas (pápulas)
- Acne moderada: borbulhas inflamadas com pus (pústulas)
- Acne severa: nódulos e quistos
Tratamento
Longe vai o tempo em que a acne era encarada como algo “próprio da idade”, que passava e, por isso, não era preciso tratar. Como já vimos atrás, as suas consequências, nomeadamente a nível psicológico, são importantes e a intervenção adequada logo no início da doença é fundamental.
A escolha do tratamento da acne depende de vários fatores: sexo, idade, localização e, sobretudo, o tipo de lesão que está em causa. Essa avaliação deve ser feita por um médico dermatologista.
O tratamento envolve a utilização de medicação de uso local (cremes, pomadas e loções) para desobstruir os folículos e controlar a proliferação de bactérias e a oleosidade.
Podem também ser utilizados medicamentos de via oral (comprimidos), geralmente antibióticos para controlar a infeção ou, nas mulheres, terapia hormonal com medicação anti-androgénica.
Contudo, o tratamento da acne moderada a grave, muitas vezes, requer o uso do comprimido Isotretinoína, sendo de extrema importância o acompanhamento médico durante seu uso.
Mulheres em idade fértil precisam ter cuidados redobrados, pois trata-se de um medicamento teratogénico. Alguns efeitos colaterais incluem o ressecamento de pele e mucosas. Mesmo com todas essas questões, a Isotretinoína, quando bem indicada, traz resultados eficazes e duradouros, melhorando a qualidade de vida dos pacientes com acne resistente e desfigurante.
O tratamento médico deve ser sempre acompanhado de cuidados de manutenção e higiene da pele para evitar novos agravamentos. Nos casos em que haja essa tendência, deve também ser feita uma adequada gestão do stress.
Tratar as cicatrizes
As cicatrizes da acne podem ser tratadas, dependendo da sua forma, profundidade e localização.
Existem várias opções, devendo sempre ser consultado um dermatologista. Estes são alguns dos tratamentos exemplificativos:
- Descamação química
- Tratamentos a laser
- Dermoabrasão (remoção da camada superior da pele)
- Microneedling (terapia de indução de colágeno)
Prevenção
A higiene adequada da pele é o primeiro passo para a prevenção da acne. Mas há outros hábitos que podem ajudar. Eis alguns conselhos:
- Lavar a pele com um sabonete ou produto de limpeza indicado para pele acneica ou oleosa;
- Lavar a pele após transpirar, sobretudo depois de usar boné ou capacete;
- Evitar usar água quente (prefira água temperada), pois aumenta a produção de sebo em peles oleosas;
- Usar uma loção adstringente, sem álcool, para manter a pele mais limpa, menos oleosa e com poros menos dilatados;
- Usar máscaras como a argila branca, uma vez por semana, para controlar a oleosidade e diminuir o aparecimento de espinhas;
- Beber bastante água;
- Não levar as mãos à cara;
- Evitar o uso de cosméticos com óleo;
- Optar por cremes para peles com acne;
- Nunca espremer as “borbulhas”, pois isso pode agravar a situação e provocar a formação de cicatrizes;
- Evitar a exposição solar prolongada.
- Evitar consumo de leite. Pesquisas indicam que tanto a proteína do leite, quanto hormonas presentes na bebida podem estimular a inflamação envolvida na acne.
- Evitar fumar.
Independentemente da gravidade da situação, é importante a consulta de um dermatologista sempre que:
- A sua acne cause embaraço
- Os produtos utilizados não resultaram
- A acne está a deixar cicatrizes ou a escurecer a pele
Cuide da sua pele!