mulher a ser analisada no oftalmologista

Glaucoma: conheça uma das principais causas de cegueira

4 mins. leitura

O glaucoma é a segunda maior causa de cegueira no mundo. Trata-se de uma lesão crónica, que afeta o nervo óptico. Por norma, não apresenta sintomas nas fases iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce.

Habitualmente, a perda de visão pode ocorrer tão lentamente que acaba por passar despercebida durante muito tempo.

O glaucoma não tem cura, mas existem vários tratamentos que permitem atrasar a perda de visão.


Glaucoma, um inimigo da visão

Causas

Além das lágrimas, o olho possui um líquido transparente, denominado humor aquoso, que preenche as câmaras oculares e, cuja função é fornecer nutrientes à córnea e ao cristalino, e manter a forma esférica do olho.

Numa situação normal, ocorre o equilíbrio entre a produção do humor aquoso e a sua drenagem. O glaucoma ocorre quando se verifica um desequilíbrio neste processo, havendo maior produção do que escoamento do humor aquoso devido à obstrução, fecho ou bloqueio dos canais de drenagem. Este fenómeno faz com que se acumule, aumentando a pressão intraocular (hipertensão ocular).

A hipertensão ocular provoca lesões no nervo óptico, o qual é responsável por ligar a retina ao cérebro. Por sua vez, a retina – situada na parte de trás do olho – é o tecido sensível à luz. Daí que os danos no nervo óptico acabam por conduzir à perda gradual do campo visual do doente, podendo mesmo causar a cegueira total se não for tratado a tempo.


Grupos de risco

O glaucoma pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequente em pessoas acima dos 60 anos.

Há, no entanto, de grupos de risco, nomeadamente:

  • Pessoas com mais de 40 anos;
  • Pessoas de origem africana;
  • Pessoas com história familiar de glaucoma;
  • Pessoas com elevado grau de miopia ou hipermetropia;
  • Pessoas com diabetes, doenças cardíacas, hipertensão arterial ou hipotiroidismo;
  • Pessoas que usam corticoides durante muito tempo;
  • Pessoas com histórico de lesão ou cirurgia ocular.

Tipos de glaucoma

Existem muitas formas de glaucoma, mas as mais frequentes são o chamado glaucoma de ângulo aberto (o mais comum) e o glaucoma de ângulo fechado.

O glaucoma de ângulo aberto ocorre com o processo de envelhecimento e está relacionado com a perda de eficiência do local de drenagem ou ângulo de drenagem do olho, provocando o aumento gradual da pressão intraocular. Chama-se "ângulo aberto", porque os canais não estão visivelmente bloqueados, mas ainda assim a drenagem através deles é insuficiente.

O glaucoma de ângulo fechado verifica-se quando o ângulo de drenagem do olho fica totalmente obstruído, aumentando rapidamente a pressão intraocular.


Sintomas

Os sintomas podem variar conforme o tipo de glaucoma.

Glaucoma de ângulo aberto

Inicialmente não apresenta sintomas e é indolor. O principal sintoma é o desenvolvimento gradual (meses ou anos) de pontos cegos ou manchas geradas pela perda de visão.

Habitualmente, as pessoas começam por perder a visão periférica. Podem tropeçar em degraus, não conseguem ver parte de palavras quando lêem e têm dificuldades para conduzir.

A visão central é, em regra, a última a ser perdida. O doente vê perfeitamente o que está à sua frente, mas fica cego em todas as outras direções (visão em túnel).

Se o glaucoma não for tratado, até a visão em túnel é perdida e o doente fica totalmente cego.

Glaucoma de ângulo fechado

Neste tipo de glaucoma a pressão ocular aumenta rapidamente e o doente costuma ter fortes dores nos olhos e na cabeça. Além disso, os olhos ficam vermelhos, a visão turva, a pessoa vê halos em arco-íris à volta das luzes e tem perda súbita de visão.

Pode, também, provocar náuseas e vómitos devido ao aumento da pressão ocular.

O glaucoma de ângulo fechado é uma situação de emergência médica, pois a pessoa pode perder a visão em apenas duas ou três horas se não for imediatamente tratada.


Diagnóstico

Para o diagnóstico de glaucoma, o oftalmologista vai querer realizar um exame oftalmológico completo, designadamente, para verificar os sinais de deterioração, incluindo a perda de tecido nervoso.

Pode utilizar um ou mais dos seguintes exames e procedimentos:

  • História médica pessoal e familiar;
  • Medição da pressão ocular interna (tonometria);
  • Medição da espessura da córnea (paquimetria);
  • Avaliação do nervo óptico;
  • Avaliação do campo visual;
  • Avaliação da acuidade visual;
  • Exame oftalmológico com dilatação ocular.

Tratamento

O objetivo do tratamento do glaucoma é preservar a visão e manter a qualidade de vida do doente. A prioridade passa pela diminuição da pressão intraocular e por prevenir novas lesões no nervo óptico.

O tratamento do glaucoma é para toda a vida. Para isso são utilizados medicamentos (normalmente colírios) e, nalguns casos, a cirurgia. O tratamento adotado depende, no entanto, do tipo e da gravidade do glaucoma.

Habitualmente, a cirurgia visa aumentar a drenagem do humor aquoso em pessoas com glaucoma de ângulo aberto, ou fazer uma abertura na íris em doentes com glaucoma de ângulo fechado.

O doente costuma regressar a casa no próprio dia do procedimento cirúrgico.

O tratamento para glaucoma secundário, causado por outros distúrbios depende da causa. Colírios antibióticos, antivirais ou corticosteroides podem ser usados para curar infeções ou inflamações.

Cuide da saúde dos seus olhos!

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