mulher com dor abdominal e um copo de leite

Intolerância à lactose: guia para viver melhor

4 mins. leitura

Importa não confundir a alergia à proteína do leite de vaca com a intolerância à lactose. No caso da intolerância à lactose, o organismo não tem lactase (ou não tem lactase suficiente). Esta é uma enzima intestinal que participa na digestão da lactose, a principal fonte de açúcar presente no leite.

Também ao contrário do que acontece na alergia à proteína do leite de vaca, a intolerância à lactose não causa reações graves, nem exige uma grande alteração na dieta alimentar, bastando reduzir a ingestão de alimentos com lactose. Saiba mais sobre esta condição clínica.


Intolerância à lactose: tudo o que precisa de saber

A intolerância à lactose é uma condição bastante frequente, atingindo cerca de 70% da população mundial e ⅓ da população portuguesa. Após o desmame, há geralmente uma diminuição da atividade da lactase. A prevalência desta intolerância e a idade em que ela se manifesta podem ainda variar em função da etnia:

  • Europa do Norte ( < 10% - prevalência nula): não há redução da atividade da lactase;
  • Europa Central e Mediterrâneo (10-50% - baixa prevalência): a redução da atividade da lactase começa a manifestar-se na adolescência;
  • Asiáticos, Árabes, Africanos, Afro-americanos, Índios e Americanos ( > 70% - alta prevalência): a redução da atividade da lactase começa a manifestar-se entre os 4 e os 5 anos de idade.

Tipos de intolerância à lactose

Existem também três tipos possíveis de intolerância à lactose:

  • Intolerância à lactose congénita: o paciente já nasce com a intolerância;
  • Intolerância à lactose primária: ausência total ou diminuição da produção de lactase, a qual pode ocorrer em diferentes idades e ir-se manifestando ao longo da vida;
  • Intolerância à lactose secundária: redução temporária e reversível da produção da lactase devido, por exemplo, a uma doença gastrointestinal, que afeta a capacidade de absorção da lactose.

Sintomas

Quem sofre de intolerância à lactose, não consegue digerir esta substância. Como tal, a lactose chega ao cólon e as bactérias intestinais pertencentes à microbiota do lúmen do cólon, consomem-na, gerando resíduos como hidrogénio (H2), dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e ácidos de cadeia curta como ácido lático, ácido acético, pirúvico e butírico.

Consequentemente, esta incapacidade de digerir a lactose vai provocar sintomas, tais como:

  • Dor e distensão abdominal;
  • Flatulência;
  • Diarreia;
  • Indigestão;
  • Cólicas;
  • Náuseas.

A reter: No sintoma diarreia, os indivíduos que tenham um quadro de diarreia crónica geralmente não perdem peso nesta situação.

Acredita-se também que a intolerância à lactose seja responsável por diversos sintomas sistêmicos, como dores de cabeça e vertigens, perda de concentração, dificuldade de memória de curto prazo, dores musculares e articulares, cansaço intenso, alergias diversas, arritmia cardíaca, úlceras orais, dor de garganta e aumento da frequência de micção.


Fatores de risco

Como vimos, a etnia e a idade podem favorecer o surgimento da intolerância à lactose. Porém, há outras condições que podem explicar o aparecimento deste problema, nomeadamente:

  • Tipo e quantidade de bactérias presentes na flora intestinal;
  • Patologias que afetam o intestino delgado;
  • Gastroenterites virais ou bacterianas;
  • Tratamentos com quimioterapia;
  • Diabetes em fase mais avançada;
  • Prematuridade;
  • Doença celíaca;
  • Doença de Crohn.

Diagnóstico

A intolerância à lactose pode ser diagnosticada através da consulta com um gastroenterologista que, além da observação dos sintomas apresentados pelo paciente, pode prescrever exames auxiliares de diagnóstico como:

  • Teste genético;
  • Biópsia do intestino delgado;
  • Teste de hidrogénio;
  • Teste de tolerância à glicose;
  • Teste d-xilose.

Tratamento

Reduzir a ingestão dos alimentos que contêm lactose pode aliviar os sintomas associados à intolerância à lactose. Porém, erradicar o leite e os produtos lácteos da alimentação não é aconselhável, nem garante a não ingestão da lactose, já que ela pode estar presente em alimentos “insuspeitos”, como é o caso de bolos, cereais ou batatas fritas, por exemplo. Além disso, eliminar todos os alimentos com lactose pode aumentar o risco de osteoporose, de perda de peso e de desnutrição.

Assim, uma das soluções para o problema da intolerância à lactose pode passar pela toma de suplementos enzimáticos de lactase. Estes suplementos fornecem ao organismo a lactase necessária para que ele consiga digerir a lactose ingerida. Importa ainda referir que já existem no mercado leites com lactase adicionada.

Suplementos de lactase

A dosagem diária destes suplementos deve ser indicada pelo médico, pois ela varia de acordo com os níveis de lactase que o paciente possui no organismo e, também, com a quantidade de lactose que ingere.

Estas cápsulas devem ser sempre tomadas juntamente com os alimentos lácteos ou adicionadas ao leite, agitando e refrigerando durante um dia. Obviamente, que esta suplementação não é necessária, se o leite consumido já tiver lactase.

Estes suplementos não são tóxicos, nem criam habituação.


Alimentos mais ricos em lactose

Há alimentos com mais lactose, os quais devem ser, naturalmente, evitados ou, então, serem consumidos com menor regularidade, por parte de quem sofre de intolerância à lactose. O mais importante é estar atento aos rótulos presentes nos mais variados produtos.

Eis alguns dos alimentos mais ricos em lactose:

  • Leite condensado;
  • Leite evaporado;
  • Leite em pó;
  • Leite (gordo, meio-gordo, magro, desnatado, com chocolate);
  • Queijo;
  • Gelado;
  • Natas;
  • Manteiga.

Assim, se suspeita que sofre de intolerância à lactose, deve consultar um gastroenterologista para confirmar o diagnóstico e saber, exatamente, quais as medidas que deve tomar para prevenir os principais sintomas associados a esta condição clínica.

Aviso: O Blog Mais Saúde é um espaço meramente informativo. A Medicare recomenda sempre a consulta de um profissional de saúde para diagnóstico ou tratamento, não devendo nunca este Blog ser considerado substituto de diagnóstico médico.

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