O que é a Paralisia de Bell
• 4 mins. leitura
A Paralisia de Bell refere-se a uma paralisia que afeta o nervo facial ou a região facial periférica. Como consequência, o indivíduo vê-se impossibilitado de mover, temporariamente, o lado paralisado do rosto.
Assim, os sinais mais evidentes deste problema costumam surgir ao acordar e consistem num sorriso unilateral e assimétrico e num olho que não fecha facilmente.
Na origem da Paralisia de Bell, costuma estar a inflamação e o inchaço do nervo facial. Esta circunstância, além da paralisia de parte do rosto, pode interferir na produção de lágrimas e de saliva e em sentidos, como o paladar e a audição.
Geralmente, esta situação é temporária e resolve-se ao fim de um a dois meses, sendo que a recuperação total pode demorar de seis a nove meses a estar concluída.
Contudo, em casos raros, pode persistir, do mesmo modo que em algumas situações pouco frequentes pode atingir os nervos de ambos os lados da face. Saiba mais.
Sintomas da Paralisia de Bell que deve conhecer
Além dos sintomas mais evidentes da Paralisia de Bell, como pálpebra e/ou canto da boca descaídos e fraqueza ou paralisia de parte ou da totalidade do rosto, há outras manifestações que podem ser associadas a este problema, como é o caso de:
- Dificuldade em conter a saliva e alterações na sua produção;
- Perda de paladar;
- Irritação ocular, devido a uma produção desajustada de lágrimas;
- Dor no maxilar e/ou atrás da orelha;
- Dores de cabeça;
- Maior sensibilidade ao ruído.
Possíveis complicações
Apesar de não ser muito frequente, a Paralisia de Bell pode causar certas complicações e deixar algumas sequelas, em casos mais graves. Algumas consequências possíveis são:
- Danos irreversíveis no nervo facial;
- Crescimento anormal das fibras nervosas, o que pode causar a contração involuntária de determinados músculos. Por exemplo, ao sorrir, fechar um olho, sem ter essa intenção;
- Cegueira parcial ou total do olho que não consegue fechar, devido ao excesso de secura e irritação ocular.
Fatores de risco
A causa da Paralisia Bell ainda não é conhecida, sabendo-se que pode afetar pessoas de qualquer idade e género, registando uma maior prevalência em pessoas entre os 15 e os 60 anos de idade.
Contudo, há fatores de risco que parecem favorecer este problema. É o caso de:
- Infeções víricas ou respiratórias (constipação, gripe, herpes zoster, Epstein-Barr, citomegalovírus, adenovírus, rubéola, varicela, síndrome mão-pé-boca, entre outros agentes víricos);
- Pré-eclampsia;
- Grávidas (principalmente, durante o terceiro trimestre de gestação);
- Pós-parto (sobretudo, durante a primeira semana após o parto);
- Obesidade;
- Hipertensão;
- Diabetes.
O que fazer e quais os cuidados a ter
Apesar de, habitualmente, a Paralisia de Bell não constituir uma complicação grave de saúde, é fundamental consultar com urgência um médico, de modo a que ele possa fazer o diagnóstico da situação e indicar qual o tratamento mais adequado.
Para isso, além da história clínica e da observação do doente, pode ser necessário recorrer a análises ao sangue, eletromiografia, ressonância magnética ou tomografia.
Nestes casos, a ida ao hospital é especialmente importante, uma vez que alguns dos sintomas associados à Paralisia de Bell são comuns aos de outros problemas de saúde, como infeções, doença de Lyme, tumores cerebrais ou Acidente Vascular Cerebral (AVC).
No entanto, o AVC manifesta-se de forma súbita e surgem também dificuldades na fala e diminuição da força dos membros, o que não acontece na Paralisia de Bell.
Para tratar a Paralisia de Bell, pode ser necessário tomar medicação (como analgésicos, corticóides ou antivíricos) e/ou fazer fisioterapia que atue nos músculos do rosto.
Em situações mais graves, pode ser preciso recorrer à cirurgia plástica ou a injeções de toxina botulínica (botox).
Enquanto a terapêutica não faz efeito, deve adotar algumas medidas, tais como:
- Proteger o olho que não fecha;
- Aplicar gotas lubrificantes nos olhos;
- Colocar óculos de sol, durante o dia, e um “tapa-olho”, durante a noite;
- Reforçar a higiene dentária, escovando os dentes e usando fio dentário;
- Privilegiar alimentos moles e fáceis de mastigar, como iogurtes, sopas ou papas.
Fisioterapia
Há alguns exercícios que a pessoa com Paralisia de Bell pode fazer em casa para ajudar a recuperar as funções do nervo facial. Conheça o passo a passo de dois deles.
Exercícios faciais
- Sente-se, confortavelmente, em frente ao espelho;
- Levante as sobrancelhas, com a ajuda dos dedos, se for preciso;
- Puxe as sobrancelhas e, depois, franza o olhar;
- Enrugue o nariz;
- Respire profundamente e abra as narinas;
- Tente mover os cantos da boca para o exterior;
- Procure sorrir, elevando os lados da boca, e mantendo o sorriso durante alguns minutos.
Fechar os olhos
- Mantenha a cabeça quieta, olhando para baixo apenas com os olhos;
- Coloque, delicadamente, o dedo indicador sobre uma pálpebra, de modo a fechá-la;
- Com a outra mão, levante ligeiramente a sobrancelha, massajando a sobrancelha;
- Sem a ajuda das mãos, pressione suavemente as pálpebras;
- Mantenha os olhos meio-abertos.