Conheça 5 benefícios da preguiça
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Indíce
- 1. Preguiça vs. Criatividade
- 2. Preguiça vs. Objetivos
- 3. Preguiça vs. Desempenho
- 4. Preguiça vs. Saúde Mental
- 5. 5 Dicas
Os benefícios da preguiça não são uma invenção de alguém que quis desculpar-se por um dia passado no sofá.
Cientistas de todo o mundo já dedicaram algum tempo a estudar o tema e chegaram à conclusão que a preguiça pode ter diversas vantagens para a saúde e bem-estar. Conheça algumas, neste artigo.
A preguiça pode ajudar a sobreviver
Os benefícios da preguiça já se verificavam no Plioceno, há cerca de 5 milhões de anos. Dados de uma investigação publicada em 2018 mostram que as espécies que gastavam mais energia corriam maior risco de extinção. Pelo contrário, as que faziam menos e gastavam menos energia tinham mais hipótese de sobrevivência perante adversidades causadas pelo clima e pela falta de alimentos.
"Em vez de ‘sobrevivência do mais apto', talvez uma metáfora mais adequada para a história da vida seja ‘sobrevivência do mais preguiçoso' ou, pelo menos, ‘sobrevivência do lento'", referiu Bruce Lieberman, um dos autores da investigação e professor de Ecologia e Biologia Evolutiva.
A preguiça pode estimular a criatividade
No livro 'Auto-pilot: the Art and Science of Doing Nothing', o neurocientista Andrew Smart defende que a "cultura da eficácia" não só é ineficaz, como pode ser prejudicial ao bem-estar. Na verdade, preencher a vida com atividades no trabalho e em casa pode prejudicar o cérebro, enquanto as pausas podem estimulá-lo.
O conceito de "ócio criativo" também foi defendido pelo sociólogo italiano Domenico de Masi, para quem só com uma correta distribuição do tempo em termos de trabalho, estudo e lazer seria possível encontrar a felicidade e reduzir os conflitos entre as pessoas.
A preguiça pode ajudar a atingir objetivos
Quando não estamos ocupados, a nossa mente descansa, vagueia e leva-nos a pensar em coisas aparentemente inúteis, o que vai ter vários efeitos positivos.
Por um lado, permite que, mais tarde, possamos ter mais concentração para fazer outras tarefas. Além disso, é nestes momentos em que "sonhamos acordados" que estabelecemos objetivos e fazemos planos para o futuro.
Segundo uma investigação realizada por especialistas do Max Planck Institute for Human Cognitive and Brain Sciences e da Universidade de Oxford, os pensamentos que não estão relacionados com tarefas são fundamentais para gerir os objetivos a longo prazo.
Os autores defendem que, apesar de a imersão no aqui e agora ser vantajosa, sob condições apropriadas, a capacidade de abandonar o presente e considerar objetivos pessoais mais pertinentes pode igualmente ser recompensador.
A preguiça pode melhorar o desempenho
Ter preguiça implica, muitas vezes, procrastinar, ou seja, adiar o que devíamos estar a fazer. Contudo, se a procrastinação for propositada, pode ser benéfica.
No estudo 'Rethinking Procrastination: Positive Effects of "Active" Procrastination Behavior on Attitudes and Performance', são identificados dois tipos de procrastinadores:
- Procrastinadores passivos: são as pessoas que não agem devido a uma constante indecisão e que, por isso, acabam por não conseguir cumprir prazos nem fazer as tarefas a tempo;
- Procrastinadores ativos: são as pessoas que adiam propositadamente o que têm para fazer porque trabalham melhor sob pressão. Estas pessoas controlam melhor o tempo, lidam melhor com diversas situações e têm um melhor desempenho, incluindo em termos académicos.
A preguiça pode melhorar a saúde mental
"Relaxar pode ser a melhor coisa que podemos fazer pela nossa saúde mental", diz o psicanalista Manfred de Vries, no estudo 'Doing Nothing and Nothing to Do: The Hidden Value of Empty Time and Boredom'.
Segundo o especialista, ao estarmos sempre ocupados, suprimimos a verdade dos nossos sentimentos e preocupações.
Ou seja, o estarmos sempre a fazer alguma coisa pode, afinal, impedir que a mente se solte. Uma atitude que pode não ser positiva para a saúde mental e que até pode contribuir para bloquear o aparecimento de soluções para alguns problemas.
5 dicas para usufruir da preguiça sem culpa
Agora que conhece alguns dos benefícios da preguiça, pode desfrutar, sem culpa, de momentos de pausa. Ou, simplesmente, ouvir música ou ler um livro.
Eis algumas dicas para tirar o máximo partido da preguiça, sem ficar com peso na consciência:
1. Escolha um dia (ou parte de um dia) para não fazer nada ou para fazer apenas o que o seu corpo pedir. Coloque este momento na agenda e avise a sua família, para que nada nem ninguém perturbe o seu direito à preguiça;
2. Quando decidir parar ou descansar não caia na tentação de "adiantar isto" ou "só vou fazer aquilo". Assuma a preguiça;
3. Se teve um dia ou algumas horas em que não conseguiu produzir tanto, não se deixe levar pela culpa. Parar é importante para recuperar forças;
4. Não tente compensar, durante a noite, o que não conseguiu fazer durante o dia;
5. Descanse nas horas em que é suposto não estar a fazer nada, seja na pausa para almoço ou à noite.