Circuncisão: 9 perguntas e respostas sobre esta prática milenar
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Faz-se porquê?
- 3. Existem benefícios?
- 4. Como se faz?
- 5. Quais os riscos?
A circuncisão começou por ser um ritual religioso e sociocultural, mas, atualmente, também é utilizada para prevenir e tratar algumas situações clínicas.
Embora mais habitual nos Estados Unidos da América, África e Médio Oriente do que em países europeus, a taxa de circuncisão mundial é de cerca de 38%, o que faz desta uma das cirurgias mais comuns. Apesar disso, ainda existem muitas dúvidas sobre os seus propósitos, benefícios e riscos.
A seguir, pode esclarecer algumas questões relacionadas com esta prática milenar.
1. O que é a circuncisão e como se faz?
A circuncisão é um procedimento cirúrgico que consiste em remover o prepúcio, a pele que cobre a glande do pénis. Esta intervenção pode ser realizada em bebés, crianças ou em adultos.
2. Faz-se porquê?
Praticada há milhares de anos por razões religiosas e culturais, especialmente entre as comunidades judaica e muçulmana, a circuncisão é considerada um ritual de passagem para a idade adulta e um processo higiénico.
No final do século XIX e início do século XX, começou a recorrer-se mais à circuncisão, independentemente das motivações religiosas, para prevenir ou tratar determinadas condições, nomeadamente:
- Fimose: ocorre quando o prepúcio é muito apertado, tornando difícil ou impossível retrair completamente a pele sobre a glande. Esta condição pode causar dor quando o pénis está ereto e dificuldades em urinar;
- Balanite, postite e balano-postite recorrentes: são inflamações do prepúcio e/ou da glande. A circuncisão pode ser recomendada para tratar ou prevenir episódios recorrentes;
- Parafimose: pode ser uma complicação da fimose e acontece quando o prepúcio não consegue voltar à posição inicial após ser puxado para trás, fazendo com que a glande do pénis fique inchada e dorida. É uma emergência urológica e é necessário tratamento imediato para evitar complicações graves, como a restrição da circulação do sangue no pénis.
- Cancro do pénis: embora seja uma condição relativamente rara, pode surgir um tumor ou úlcera semelhante a uma verruga, na extremidade do pénis ou sob o prepúcio. Pode também ocorrer sangramento, secreção, bem como alterações na pele do pénis ou do prepúcio;
- Balanite xerótica obliterante: trata-se de uma inflamação crónica que causa fimose e, em determinadas situações, afeta também a glande que pode ficar inflamada e com cicatrizes.
- Condições congénitas: em alguns casos, a circuncisão pode ser recomendada para corrigir anomalias congénitas do pénis.
3. Existem benefícios médicos na circuncisão?
Estes são alguns dos benefícios associados à circuncisão:
- Redução do risco de infeções do trato urinário;
- Provável diminuição do risco do cancro do pénis;
- Diminuição do risco de infeção por doenças sexualmente transmissíveis, incluindo a transmissão do VIH de mulher para homem;
- Redução do risco de transmissão das formas cancerígenas do vírus do papiloma humano (HPV);
- Prevenção da balanite, postite, balano-postite recorrentes e da fimose;
- Maior facilidade em manter uma boa higiene genital, fator importante para a saúde masculina.
4. Como se faz a circuncisão?
Geralmente, nos recém-nascidos, a circuncisão é feita 10 dias após o nascimento. O bebé fica deitado de costas com os braços e as pernas presos. Uma vez limpo o pénis e a área circundante, é aplicada uma anestesia local. Depois, é presa uma pinça especial ou um anel de plástico ao pénis e o prepúcio é removido.
Posteriormente, o pénis é coberto com uma pomada, como um antibiótico tópico ou vaselina, e envolto em gaze.
A circuncisão é semelhante para meninos mais velhos e para os adultos. Porém, quando realizada numa idade mais tardia, pode exigir anestesia geral.
5. Quais os riscos associados?
Este é um procedimento pouco invasivo, mas acarreta alguns riscos ainda que raros, tais como:
- Infeções;
- Sangramento excessivo;
- Reações adversas à anestesia;
- Lesões no pénis;
- Complicações estéticas.
A decisão de realizar a circuncisão deve ser tomada com base em informações precisas e com a orientação de profissionais de saúde especializados para avaliar o estado de saúde geral e a pré-existência de condições que possam contraindicar esta intervenção cirúrgica, como, por exemplo, distúrbios hemorrágicos.
6. Qual a melhor idade para fazer a circuncisão?
A circuncisão pode ser feita em qualquer idade. Contudo, nos bebés, a recuperação é mais rápida e a probabilidade de complicações é mais baixa do que em crianças mais velhas e em adultos.
7. Afeta a função sexual do homem?
A circuncisão parece não afetar negativamente a função sexual.
Um estudo publicado pela Associação Portuguesa de Urologia sobre o Efeito da Circuncisão na Sexualidade Masculina refere que 52% dos inquiridos diz ter existido uma melhoria geral da função sexual, 44% não notou diferenças significativas antes e depois do procedimento, e apenas 4% sentiu um agravamento.
8. Como é feita a preparação para a cirurgia de circuncisão?
A preparação para a circuncisão envolve vários passos, para garantir que seja realizada de maneira segura e eficaz, nomeadamente: consulta médica e exames pré-operatórios para avaliar o estado de saúde geral. O tipo de anestesia também terá de ser discutido, tendo em conta se o paciente é uma criança ou um adulto.
9. Como é feita a recuperação pós-cirúrgica?
A recuperação após a circuncisão é influenciada por fatores como a idade, método cirúrgico utilizado e eventual presença de complicações.
Nos bebés, o tempo de recuperação varia entre 7 a 10 dias. Após a cirurgia, é possível que o bebé fique agitado devido a algum desconforto. Também é normal que o pénis fique ligeiramente vermelho e inchado durante alguns dias. O penso deve ser trocado em cada muda de fralda. A fralda deve ficar ligeiramente larga, para ajudar na cicatrização.
Alguns sinais de alerta a que se deve estar atento:
- Agitação contínua, em bebés;
- Aumento da dor, em crianças;
- Dificuldade em urinar;
- Febre;
- Secreções com mau cheiro;
- Aumento da vermelhidão ou inchaço;
- Hemorragia persistente;
- Anel de plástico que não cai depois de duas semanas.
Em adultos, devem ser seguidas as orientações médicas específicas sobre como cuidar da incisão e controlar a dor. Além disso, devem ser evitados grandes esforços durante as primeiras quatro semanas de recuperação ou até indicação médica, bem como evitar atividade sexual durante seis semanas após o procedimento e usar roupas largas.
Os sinais de alerta a que se deve estar atento são:
- Aumento da dor;
- Dificuldade para urinar;
- Hemorragia;
- Sinais de infeção, como febre, aumento da vermelhidão, inchaço ou secreção com mau cheiro.