Ansiedade: sintomas e tratamentos
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A ansiedade é uma reação normal, adaptativa e positiva, que todos sentimos ao longo da vida e que permite que nos defendamos das ameaças externas.
Assim, pode considerar-se uma emoção saudável que até pode contribuir para a maior proatividade do indivíduo. No entanto, em excesso, pode tornar-se numa patologia, como o transtorno de ansiedade generalizada, fazendo com que sintamos preocupação e medo extremos em situações simples e banais do dia a dia. Assim, a ansiedade pode tornar-se prejudicial quando o seu “alarme” não faz sentido.
Algumas pessoas sentem-se permanentemente ansiosas sem qualquer motivo. Noutras, o “alarme” lançado pela ansiedade é totalmente desproporcionado em relação à ameaça, como quando um aluno tem um ataque de pânico por ter de fazer uma ficha de avaliação.
Quando a ansiedade não tem uma razão ou uma causa externa e começa a impedir o normal funcionamento da pessoa, estamos perante uma Perturbação de Ansiedade. Há vários géneros de Perturbação da Ansiedade, sendo que qualquer um deles interfere sempre negativamente no dia a dia do doente, bem como das pessoas à sua volta.
Em função da frequência e da intensidade da sintomatologia apresentada pelo doente, a Perturbação da Ansiedade pode originar diversos transtornos, tais como:
- Depressivo maior;
- De personalidade;
- De ansiedade generalizada;
- Mentais;
- Alimentares;
- De pânico,
- Obsessivo compulsivo.
O que é a ansiedade?
Podemos definir a ansiedade como a antecipação de uma ameaça. Consequentemente, ela desencadeia sintomas como preocupação, sofrimento e tensão.
Quando vamos ao médico ou a uma entrevista de emprego, é comum sentirmo-nos tensos e nervosos e termos dificuldade em dormir, comer e até em focarmo-nos nas tarefas quotidianas.
Logo, a sensação de ansiedade não é estranha à maior parte de nós, embora os sintomas de ansiedade possam variar de intensidade, duração e caraterísticas de pessoa para pessoa.
Tabela: Proporção de utentes com registo de perturbações da ansiedade entre os utentes inscritos ativos em Cuidados de Saúde Primários (%), por região, de saúde (2011-2014)
2011 | 2012 | 2013 | 2014 | |
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Norte | 3,34% | 4,16% | 5,08% | 5,65% |
Centro | 4,27% | 4,94% | 5,79% | 6,32% |
Lisboa e Vale do Tejo | 1,88% | 2,79% | 3,21% | 3,81% |
Alentejo | 4,14% | 4,97% | 6,04% | 6,70% |
Algarve | 1,44% | 2,09% | 2,96% | 3,45% |
Perturbações de Ansiedade
As perturbações de ansiedade incluem um conjunto de distúrbios que partilham algumas caraterísticas, como medo e ansiedade excessivos, e que provocam determinadas alterações do comportamento.
O medo é uma resposta emocional a uma ameaça iminente, real ou percebida como tal, enquanto a ansiedade é a antecipação de uma ameaça futura.
4 principais perturbações de ansiedade | |
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Tipo de fobia | Tipo de fobia Caraterísticas principais |
Fóbica |
Fobia social ou transtorno da ansiedade social, caraterizados por um extremo desconforto e pavor em situações sociais como:
Fobias específicas, que se caraterizam por um medo persistente e irracional de dado/dada:
|
Pânico | Crises súbitas e injustificadas de medo intenso e incontrolável (ataque de pânico). |
Ansiedade Generalizada | Ansiedade, preocupação e medo constantes e prolongados no tempo de que algo de mau aconteça, sem razão aparente. |
Obsessivo-Compulsiva | Pensamentos não desejados (obsessões) ou ações realizadas contra a sua própria vontade (compulsões), as quais funcionam, frequentemente, como meio de aliviar o desconforto causado pelas obsessões. |
intomas das perturbações de ansiedade
As perturbações de ansiedade podem manifestar-se através de vários sintomas, os quais podem ser divididos em quatro tipologias.
Principais sintomas das perturbações de ansiedade | |
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Sintomas | Caraterísticas |
Humor | Tensão, pânico, apreensão, depressão, irritabilidade. |
Cognitivos | O indivíduo está mais focado em perigos que não são reais, do que nos problemas existentes do dia a dia. |
Somáticos | Tensão muscular, dores de cabeça e intestinais, boca seca, suor, respiração e pulsações aceleradas, entre outros. |
Motores | Impaciência, inquietação, movimentos rápidos com os pés e susto exagerado perante ruídos súbitos, entre outros. |
Causas e fatores de risco
As causas exatas das perturbações da ansiedade ainda não são totalmente conhecidas. Porém, é possível apontar algumas origens possíveis para este problema, assim como alguns dos seus fatores de risco.
Causas e fatores de risco | |
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Causas | Fatores de risco |
Fatores genéticos | Alteração biológica cerebral e cromossómicas; |
Resposta ao stress aprendida (modelo comportamental) | Situação atual de vida (excesso de trabalho, desemprego, divórcio,...); |
Pensamentos inadequados e imprecisos (modelo cognitivo) | |
Problemas de saúde física ou mental; | |
Uso de drogas ou de certos medicamentos. |
Tratamento das perturbações de ansiedade
O tratamento de uma perturbação de ansiedade deve ser orientado por um psicólogo e/ou por um médico psiquiatra e, geralmente, varia em função da sua causa.
A psicoterapia é considerada, entre as várias técnicas existentes, a mais eficaz no tratamento da perturbação da ansiedade.
Em alguns casos, pode ser necessária medicação, e que deve ser sempre prescrita por um médico. Entre os tipos de medicamentos mais utilizados neste âmbito estão, por exemplo, as benzodiazepinas, os antidepressivos e os betabloqueadores. A escolha do fármaco mais indicado é feita mediante cada caso e em simultâneo com a psicoterapia.
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Como controlar a ansiedade?
Quando não se revela patológica, devemos aprender a usar a ansiedade a nosso favor e combater os sentimentos negativos e desconfortáveis que ela possa provocar.
Para isso, deve lembrar-se que a ansiedade também é boa e útil e não é um sinal de fraqueza ou de inferioridade em relação aos outros, pelo que não há motivo para sentir vergonha ou culpa por ser ansioso.
Aprenda a caraterizar a sua ansiedade
Neste sentido, pode ser importante saber caraterizar a sua ansiedade, respondendo a questões como:
- O que sente quando está ansioso?
- Quais os pensamentos que o deixam mais ansioso?
- Quando está ansioso, como é que é a sua relação com as outras pessoas?
- O que é que lhe provoca mais ansiedade e com que intensidade a vivencia?
Aprenda a lidar com a sua ansiedade
Há alguns comportamentos que pode adotar, para gerir melhor este problema. Tome nota de algumas sugestões:
- Concentre-se no presente e no que está a fazer no momento;
- Perceba o que o está a perturbar e reflita se, de facto, esses problemas são mesmo reais;
- Foque-se, apenas, naquilo que consegue controlar;
- Conviva com amigos e familiares;
- Confie nas suas capacidades;
- Registe, diariamente, as coisas positivas que lhe aconteceram;
- Afaste os pensamentos negativos
- Aprenda técnicas de relaxamento.
Técnicas de relaxamento
Existem exercícios de relaxamento que ajudam a combater a ansiedade e os sintomas que lhe estão associados. Uma dessas técnicas é a respiração diafragmática.
Experimente, seguindo o passo a passo:
- Deite-se ou sente-se confortavelmente.
- Feche os olhos.
- Respire pelo nariz.
- Deixe que a sua respiração fique mais lenta.
- Coloque uma mão no abdómen e a outra no peito, à medida que respira, só a mão que está no abdómen deve mover-se.
- Inspire, contando até quatro, faça uma breve pausa e, depois, expire contando novamente até quatro.
- Repita estes movimentos de forma suave, firme e contínua diariamente, durante 5 a 10 minutos.
Como saber se a ansiedade é normal ou patológica?
Como já dissemos, todos sentimos ansiedade em algum momento. Por isso, há que distinguir essa ansiedade normal e separar daquela que pode ter um caráter patológico.
Ansiedade normal ou patológica: fatores a ter em conta | ||
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Fator | Normal | Patológica |
Nível de ansiedade | Ficar um pouco ansioso antes de viajar de avião. | Sentir uma ansiedade tão intensa que leva o indivíduo a entrar em pânico ou a recusar-se a embarcar no avião. |
Justificação para a ansiedade | O indivíduo consegue explicar por que está ou fica ansioso. | O indivíduo não consegue explicar porque é que fica ansioso com dada situação que considera ameaçadora, como ver uma aranha, por exemplo. |
Consequências da ansiedade | A ansiedade não tem impacto no quotidiano do indivíduo, nem condiciona o seu dia a dia. | A ansiedade prejudica o dia a dia do indivíduo, condicionando as suas ações e opções de vida, podendo até achar que vai morrer ou enlouquecer. |