Homem preocupado com a mão na cabeça

Ansiedade: sintomas e tratamentos

7 mins. leitura

A ansiedade é uma reação normal, adaptativa e positiva, que todos sentimos ao longo da vida e que permite que nos defendamos das ameaças externas.

Assim, pode considerar-se uma emoção saudável que até pode contribuir para a maior proatividade do indivíduo. No entanto, em excesso, pode tornar-se numa patologia, como o transtorno de ansiedade generalizada, fazendo com que sintamos preocupação e medo extremos em situações simples e banais do dia a dia. Assim, a ansiedade pode tornar-se prejudicial quando o seu “alarme” não faz sentido.

Algumas pessoas sentem-se permanentemente ansiosas sem qualquer motivo. Noutras, o “alarme” lançado pela ansiedade é totalmente desproporcionado em relação à ameaça, como quando um aluno tem um ataque de pânico por ter de fazer uma ficha de avaliação.

Quando a ansiedade não tem uma razão ou uma causa externa e começa a impedir o normal funcionamento da pessoa, estamos perante uma Perturbação de Ansiedade. Há vários géneros de Perturbação da Ansiedade, sendo que qualquer um deles interfere sempre negativamente no dia a dia do doente, bem como das pessoas à sua volta.

Em função da frequência e da intensidade da sintomatologia apresentada pelo doente, a Perturbação da Ansiedade pode originar diversos transtornos, tais como:

  • Depressivo maior;
  • De personalidade;
  • De ansiedade generalizada;
  • Mentais;
  • Alimentares;
  • De pânico,
  • Obsessivo compulsivo.

O que é a ansiedade?

Podemos definir a ansiedade como a antecipação de uma ameaça. Consequentemente, ela desencadeia sintomas como preocupação, sofrimento e tensão.

Quando vamos ao médico ou a uma entrevista de emprego, é comum sentirmo-nos tensos e nervosos e termos dificuldade em dormir, comer e até em focarmo-nos nas tarefas quotidianas.

Logo, a sensação de ansiedade não é estranha à maior parte de nós, embora os sintomas de ansiedade possam variar de intensidade, duração e caraterísticas de pessoa para pessoa.

médica mostra exame ao cérebro ao paciente

Tabela: Proporção de utentes com registo de perturbações da ansiedade entre os utentes inscritos ativos em Cuidados de Saúde Primários (%), por região, de saúde (2011-2014)

2011 2012 2013 2014
Norte 3,34% 4,16% 5,08% 5,65%
Centro 4,27% 4,94% 5,79% 6,32%
Lisboa e Vale do Tejo 1,88% 2,79% 3,21% 3,81%
Alentejo 4,14% 4,97% 6,04% 6,70%
Algarve 1,44% 2,09% 2,96% 3,45%

Perturbações de Ansiedade

As perturbações de ansiedade incluem um conjunto de distúrbios que partilham algumas caraterísticas, como medo e ansiedade excessivos, e que provocam determinadas alterações do comportamento.

O medo é uma resposta emocional a uma ameaça iminente, real ou percebida como tal, enquanto a ansiedade é a antecipação de uma ameaça futura.

4 principais perturbações de ansiedade
Tipo de fobia Tipo de fobia Caraterísticas principais
Fóbica

Fobia social ou transtorno da ansiedade social, caraterizados por um extremo desconforto e pavor em situações sociais como:

  • Ambientes novos, desconhecidos e com pessoas estranhas;
  • Encontros sociais;
  • Falar em público;
  • Outras situações semelhantes.

Fobias específicas, que se caraterizam por um medo persistente e irracional de dado/dada:

  • Objeto;
  • Animal;
  • Atividade;
  • Situação não ameaçadora, mas que suscita uma sensação de ansiedade extrema no indivíduo.
Pânico Crises súbitas e injustificadas de medo intenso e incontrolável (ataque de pânico).
Ansiedade Generalizada Ansiedade, preocupação e medo constantes e prolongados no tempo de que algo de mau aconteça, sem razão aparente.
Obsessivo-Compulsiva Pensamentos não desejados (obsessões) ou ações realizadas contra a sua própria vontade (compulsões), as quais funcionam, frequentemente, como meio de aliviar o desconforto causado pelas obsessões.

intomas das perturbações de ansiedade

As perturbações de ansiedade podem manifestar-se através de vários sintomas, os quais podem ser divididos em quatro tipologias.

Principais sintomas das perturbações de ansiedade
Sintomas Caraterísticas
Humor Tensão, pânico, apreensão, depressão, irritabilidade.
Cognitivos O indivíduo está mais focado em perigos que não são reais, do que nos problemas existentes do dia a dia.
Somáticos Tensão muscular, dores de cabeça e intestinais, boca seca, suor, respiração e pulsações aceleradas, entre outros.
Motores Impaciência, inquietação, movimentos rápidos com os pés e susto exagerado perante ruídos súbitos, entre outros.

Causas e fatores de risco

As causas exatas das perturbações da ansiedade ainda não são totalmente conhecidas. Porém, é possível apontar algumas origens possíveis para este problema, assim como alguns dos seus fatores de risco.

Causas e fatores de risco
Causas Fatores de risco
Fatores genéticos Alteração biológica cerebral e cromossómicas;
Resposta ao stress aprendida (modelo comportamental) Situação atual de vida (excesso de trabalho, desemprego, divórcio,...);
Pensamentos inadequados e imprecisos (modelo cognitivo)
Problemas de saúde física ou mental;
Uso de drogas ou de certos medicamentos.

Tratamento das perturbações de ansiedade

O tratamento de uma perturbação de ansiedade deve ser orientado por um psicólogo e/ou por um médico psiquiatra e, geralmente, varia em função da sua causa.

A psicoterapia é considerada, entre as várias técnicas existentes, a mais eficaz no tratamento da perturbação da ansiedade.

Em alguns casos, pode ser necessária medicação, e que deve ser sempre prescrita por um médico. Entre os tipos de medicamentos mais utilizados neste âmbito estão, por exemplo, as benzodiazepinas, os antidepressivos e os betabloqueadores. A escolha do fármaco mais indicado é feita mediante cada caso e em simultâneo com a psicoterapia.

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Como controlar a ansiedade?

Quando não se revela patológica, devemos aprender a usar a ansiedade a nosso favor e combater os sentimentos negativos e desconfortáveis que ela possa provocar.

Para isso, deve lembrar-se que a ansiedade também é boa e útil e não é um sinal de fraqueza ou de inferioridade em relação aos outros, pelo que não há motivo para sentir vergonha ou culpa por ser ansioso.

Aprenda a caraterizar a sua ansiedade

Neste sentido, pode ser importante saber caraterizar a sua ansiedade, respondendo a questões como:

  • O que sente quando está ansioso?
  • Quais os pensamentos que o deixam mais ansioso?
  • Quando está ansioso, como é que é a sua relação com as outras pessoas?
  • O que é que lhe provoca mais ansiedade e com que intensidade a vivencia?

Aprenda a lidar com a sua ansiedade

Há alguns comportamentos que pode adotar, para gerir melhor este problema. Tome nota de algumas sugestões:

  • Concentre-se no presente e no que está a fazer no momento;
  • Perceba o que o está a perturbar e reflita se, de facto, esses problemas são mesmo reais;
  • Foque-se, apenas, naquilo que consegue controlar;
  • Conviva com amigos e familiares;
  • Confie nas suas capacidades;
  • Registe, diariamente, as coisas positivas que lhe aconteceram;
  • Afaste os pensamentos negativos
  • Aprenda técnicas de relaxamento.
médica mostra exame ao cérebro ao paciente

Técnicas de relaxamento

Existem exercícios de relaxamento que ajudam a combater a ansiedade e os sintomas que lhe estão associados. Uma dessas técnicas é a respiração diafragmática.

Experimente, seguindo o passo a passo:

  1. Deite-se ou sente-se confortavelmente.
  2. Feche os olhos.
  3. Respire pelo nariz.
  4. Deixe que a sua respiração fique mais lenta.
  5. Coloque uma mão no abdómen e a outra no peito, à medida que respira, só a mão que está no abdómen deve mover-se.
  6. Inspire, contando até quatro, faça uma breve pausa e, depois, expire contando novamente até quatro.
  7. Repita estes movimentos de forma suave, firme e contínua diariamente, durante 5 a 10 minutos.

Como saber se a ansiedade é normal ou patológica?

Como já dissemos, todos sentimos ansiedade em algum momento. Por isso, há que distinguir essa ansiedade normal e separar daquela que pode ter um caráter patológico.

Esteja atento aos sinais e cuide da sua saúde!

Ansiedade normal ou patológica: fatores a ter em conta
Fator Normal Patológica
Nível de ansiedade Ficar um pouco ansioso antes de viajar de avião. Sentir uma ansiedade tão intensa que leva o indivíduo a entrar em pânico ou a recusar-se a embarcar no avião.
Justificação para a ansiedade O indivíduo consegue explicar por que está ou fica ansioso. O indivíduo não consegue explicar porque é que fica ansioso com dada situação que considera ameaçadora, como ver uma aranha, por exemplo.
Consequências da ansiedade A ansiedade não tem impacto no quotidiano do indivíduo, nem condiciona o seu dia a dia. A ansiedade prejudica o dia a dia do indivíduo, condicionando as suas ações e opções de vida, podendo até achar que vai morrer ou enlouquecer.

Aviso: O Blog Mais Saúde é um espaço meramente informativo. A Medicare recomenda sempre a consulta de um profissional de saúde para diagnóstico ou tratamento, não devendo nunca este Blog ser considerado substituto de diagnóstico médico.

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