Sonambulismo infantil: a que sinais deve prestar atenção?
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Quais os sinais?
- 3. O que pode causar?
- 4. Consequências?
- 5. Diagnóstico
Estima-se que cerca de 15% das crianças experimentem pelo menos um episódio de sonambulismo durante a infância, com os episódios a tornarem-se menos frequentes à medida que crescem.
O sonambulismo infantil carateriza-se por comportamentos automáticos, como caminhar ou falar, enquanto a criança está a dormir.
Embora possa ser alarmante, o sonambulismo raramente indica um problema grave. Contudo, é importante compreender este distúrbio do sono, para garantir a segurança da criança e procurar orientação médica se necessário.
O que é o sonambulismo infantil?
O sonambulismo é um distúrbio do sono classificado como uma parassonia, ou seja, um comportamento ou evento indesejável durante o sono.
Ocorre durante as fases mais profundas do sono não REM (Movimento Rápido dos Olhos). É mais comum em crianças do que em adultos, principalmente em crianças com idades compreendidas entre os 4 e 8 anos.
A criança pode levantar-se da cama, caminhar, falar, realizar atividades rotineiras e, em alguns casos, até tentar sair de casa, tudo isto sem estar consciente. Estes episódios podem durar entre 5 a 15 minutos e, geralmente, a criança não se recorda de nada ao acordar.
Quais os sinais e sintomas?
Os pais devem estar atentos aos sinais que indicam a presença de sonambulismo na criança. Andar durante o sono pode ser o sintoma mais comum, mas existem outras ações associadas, nomeadamente:
- Levantar-se da cama e andar pela casa durante a noite;
- Falar ou murmurar frases e palavras sem sentido enquanto dorme;
- Olhos abertos, mas com um olhar fixo e distante;
- Movimentos automáticos, como mexer em objetos ou realizar tarefas simples;
- Não responder quando chamado;
- Realizar movimentos desajeitados;
- Urinar em locais inapropriados;
- Não se lembrar do que aconteceu ao acordar.
O que pode causar o sonambulismo pediátrico?
As causas do sonambulismo infantil não são totalmente conhecidas, mas sabe-se que existem alguns fatores que podem contribuir para o seu aparecimento. Entre os principais estão:
- Genética: Histórico familiar de sonambulismo;
- Falta de descanso e sono adequado;
- Stress ou ansiedade;
- Hábitos de sono irregulares;
- Mudanças nas rotinas ou dormir num ambiente diferente;
- Doença ou febre;
- Certos medicamentos como, por exemplo, antibióticos e anti-histamínicos.
Ainda que menos comum, o sonambulismo pode ser sintoma de uma condição subjacente, como:
- Apneia do sono;
- Terrores noturnos;
- Enxaquecas;
- Síndrome das pernas inquietas;
- Lesões na cabeça.
Que consequências pode ter o sonambulismo infantil?
Embora, na maioria dos casos, o sonambulismo não seja considerado um problema grave, pode acarretar algumas consequências. O principal risco está associado a acidentes, como quedas ou ferimentos, uma vez que a criança não está totalmente consciente durante o episódio.
Além disso, a privação ou interrupções frequentes do sono podem resultar em fadiga, irritabilidade e dificuldades de concentração durante o dia.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do sonambulismo infantil é geralmente feito com base no relato dos pais e numa avaliação do historial de sono da criança.
Além disso, o médico pode querer realizar um exame físico e psicológico para descartar outras condições que possam estar na origem do sonambulismo. Se existir um problema de saúde a causar o sonambulismo, será necessário tratar essa condição subjacente.
Em caso de suspeita de outras perturbações do sono, como apneia, o médico pode recomendar um estudo do sono. Este estudo envolve passar a noite em instalações próprias para o efeito, onde são colocados elétrodos em partes específicas do corpo da criança, para monitorizar parâmetros como frequência cardíaca, ondas cerebrais, respiração, tensão muscular, movimento dos olhos e pernas, bem como os níveis de oxigénio no sangue.
Que opções de tratamento existem?
Na maioria das vezes, o sonambulismo infantil não requer tratamento específico, uma vez que tende a desaparecer à medida que a criança cresce, especialmente por volta da adolescência.
No entanto, se o sonambulismo for problemático, o médico pode sugerir uma técnica chamada "despertar programado". Esta consiste em observar a criança durante algumas noites, para identificar o momento em que o sonambulismo ocorre e acordá-la 15 minutos antes desse período. Esta técnica pode ajudar a ajustar o ciclo de sono e a reduzir os episódios de sonambulismo.
Se o sonambulismo estiver a causar comportamentos perigosos ou fadiga extrema, o médico poderá prescrever medicamentos, como benzodiazepinas (utilizadas no tratamento da ansiedade) ou antidepressivos.
Prevenir e lidar com o sonambulismo infantil
Para lidar e prevenir o sonambulismo infantil, é essencial adotar medidas tranquilizadoras e garantir a segurança em casa. Se perceber que o seu filho está sonâmbulo, o melhor é guiá-lo suavemente de volta para a cama, evitando acordá-lo para não causar agitação.
Há várias precauções que podem ser tomadas para garantir a segurança da criança durante os episódios de sonambulismo:
- Fechar e trancar portas e janelas à noite;
- Instalar alarmes ou fechaduras nas portas e janelas;
- Remover objetos que possam causar quedas;
- Afastar itens pontiagudos ou frágeis da cama da criança;
- Evitar que a criança durma num beliche;
- Colocar grades de segurança em frente a escadas;
- Manter chaves e outros objetos perigosos fora do alcance.
Promover bons hábitos de sono e práticas de relaxamento, como o yoga, podem ajudar a prevenir o sonambulismo, tais como:
- Garantir que a criança vai para a cama à mesma hora todas as noites;
- Criar uma rotina relaxante antes de dormir, como tomar um banho quente ou ouvir música suave;
- Proporcionar um ambiente de sono escuro, silencioso e confortável;
- Manter a temperatura do quarto abaixo dos 24 °C;
- Limitar o consumo de líquidos antes de dormir e garantir que a criança esvazia a bexiga antes de ir para a cama;
- Evitar a ingestão de bebidas com cafeína e açúcar à noite.
O sonambulismo infantil é, na maioria das vezes, uma fase transitória que não costuma causar complicações graves. Porém, é importante que os pais fiquem atentos aos sinais, implementem medidas de segurança e promovam hábitos saudáveis de sono.
Em caso de dúvidas ou preocupações, o acompanhamento médico é aconselhável para garantir o bem-estar da criança e minimizar riscos durante os episódios.