Infeção urinária em crianças: que cuidados deve ter?
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Sintomas
- 3. Diagnóstico
- 4. Tratamento
- 5. Prevenção
De resto, muitas vezes, o sistema urinário dos bebés e crianças mais pequenas apresenta anomalias estruturais, aumentando assim a sua suscetibilidade a desenvolver infeções urinárias.
De acordo com um artigo publicado na Acta Urológica, publicação da Associação Portuguesa de Urologia, a infeção urinária na criança pode "constituir um sinal da existência de possível malformação do aparelho urinário", podendo também "resultar em lesão renal permanente (cicatriz renal)", o que poderá levar ao desenvolvimento, no futuro, de hipertensão arterial e insuficiência renal crónica.
Infeção urinária em crianças: o que é
A infeção urinária, ou infeção do trato urinário, é uma infeção bacteriana da bexiga (denominada cistite) ou dos rins (pielonefrite) ou dos dois órgãos em simultâneo.
A maioria das infeções urinárias é provocada por bactérias que entram pela uretra (o órgão responsável por drenar a bexiga da urina para fora do corpo) e se movimentam até à bexiga ou aos rins. A grande maioria das infeções urinárias em crianças é causada pela bactéria Escherichia coli presente na microbiota intestinal.
No caso de infeções graves, as bactérias podem mesmo entrar na corrente sanguínea, causando uma infeção generalizada, a sépsis.
A infeção urinária na criança tem uma maior prevalência entre as meninas, exceto nos primeiros três meses de vida, em que as infeções são mais frequentes nos meninos.
Isto acontece porque as raparigas têm a uretra mais curta, tornando mais fácil a penetração das bactérias e mais fácil a movimentação de bactérias pelo trato urinário.
De resto, os bebés prematuros e as crianças com obstipação grave apresentam também uma maior propensão para desenvolver infeções urinárias.
A existência de anomalias no trato urinário, como obstruções, refluxo vesico ureteral, bexiga neurogénica ou duplicação uretral constituem fatores de risco para o desenvolvimento de infeções urinárias, bem como a diabetes, no caso de crianças maiores.
Sintomas
Nas crianças não é tão comum encontrar os sintomas típicos da infeção urinária, como é o caso da disúria (micção dolorosa), polaquiúria (urinar muitas vezes) ou da urgência em urinar (caraterísticos de infeção urinária baixa, que afeta a bexiga) ou febre com arrepios de frio, vómitos e dores lombares (típicos da infeção urinária alta, ao nível dos rins).
De resto, quanto mais pequena é a criança, mais os sintomas são inespecíficos e difíceis de identificar. Por isso, o sintoma mais frequente é a febre.
Outros sintomas podem passar pela recusa em alimentar-se, letargia ou irritabilidade, diarreia, vómitos, dores abdominais e a urina com um odor diferente. No caso dos recém-nascidos, os sintomas podem resumir-se a uma icterícia prolongada.
Desta forma, quando uma criança com menos de dois anos apresenta febre de origem desconhecida, a possibilidade de se tratar de uma infeção urinária deve ser sempre ponderada.
Já as crianças mais velhas e os adolescentes apresentam os mesmo sintomas que os adultos.
No caso de infeção urinária inferior, ao nível da bexiga, a cistite, os sintomas são urgência miccional, polaquiúria (urinar muitas vezes), disúria (micção dolorosa) e hematúria (sangue na urina), podendo também manifestar-se com o surgimento de enurese secundária (quando a criança volta a fazer chichi na cama).
No caso da pielonefrite (a infeção ao nível dos rins), os sintomas passam por febre alta, náuseas, vómitos e um mau estar geral, podendo verificar-se também dor lombar.
Diagnóstico
Perante estes sintomas ou alguns deles, o médico irá recomendar a realização de exames complementares de diagnóstico, nomeadamente urocultura e exame sumário da urina.
Tratamento
As crianças que apresentam anomalias estruturais do trato urinário precisam de ser sujeitas a cirurgia para corrigir o problema.
Prevenção
Prevenir a infeção urinária implica fazer uma ingestão de água adequada à idade (deverá questionar o pediatra ou o médico assistente sobre as quantidades indicadas em cada fase).
Deve esvaziar-se frequentemente a bexiga e fazer uma limpeza correta do períneo.
Deve tratar-se a obstipação e quaisquer problemas intestinais, uma vez que as bactérias que provocam a infeção urinária encontram-se, normalmente, nos intestinos.
Em determinados casos, nomeadamente, quando existem anomalias estruturais do trato urinário, é necessário recorrer a antibióticos como forma de prevenir as infeções.