O que é a ageusia? Saiba como tratar este problema sensorial
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A ageusia, ou a perda de paladar, é um sintoma que pode ser reflexo de várias doenças. Esta é uma condição rara que afeta uma a duas pessoas em cada 1000 e que se carateriza pela perda total de paladar. É importante não confundir este sintoma com outros distúrbios do paladar.
Apesar desta condição não provocar dor, ela pode suscitar bastante desconforto. A frequência/intensidade, a duração e as causas deste problema podem variar bastante, de caso para caso.
Ageusia: causas, consequências e tratamentos
Causas
A ageusia pode ter diferentes causas, nem sempre relacionadas com infeções virais. Conheça alguns motivos para a perda de paladar.
Idade
Após os 60 anos de idade, é recorrente a perda de células nervosas olfativas e papilas gustativas, o que pode explicar a diminuição do paladar.
Infeções nasais
Doenças como a constipação, a gripe, a sinusite, a rinite alérgica ou a doença nasossinusal irritam e inflamam a mucosa interna do nariz, o que pode levar à perda temporária de paladar.
Nariz congestionado
Quando existe congestão nasal, pólipos nasais ou desvio do septo nasal também é comum surgir ageusia.
Traumatismos
Alguns traumatismos, nomeadamente, os que afetam a cabeça, o pescoço ou o crânio, podem prejudicar o nervo olfativo, conduzindo a situações de ageusia.
Cancro
Alguns tumores (como o da cabeça ou o do pescoço) e os tratamentos de quimioterapia e radioterapia podem afetar negativamente a sensibilidade ao paladar.
Medicamentos
Os anti-hipertensores, os antimicrobianos e os antidepressores estão entre os grupos farmacológicos relacionados com maior frequência.
Tabaco, drogas ou químicos
Todas estas substâncias podem prejudicar as células cerebrais que contribuem para ter paladar.
Défice de nutrientes
Principalmente a carência em vitaminas, como a vitamina A, B6, B12 e o zinco, pode provocar a perda de paladar.
Outras doenças
Tanto as doenças neurodegenerativas (Parkinson, Alzheimer ou Esclerose Múltipla), como a diabetes, podem interferir negativamente com o correto funcionamento do nervo olfativo.
Consequências
A ageusia pode causar alguns problemas, nomeadamente, perda de apetite ou apetite em excesso e, consequentemente, perda ou ganho de peso.
Para evitar estas consequências, é aconselhável que o paciente coma em pequenas porções, várias vezes ao dia; use especiarias e molhos; e tenha bastantes cuidados com a higiene oral.
Tratamentos
Geralmente, o diagnóstico de ageusia é feito pelo próprio doente, ao deixar de sentir paladar. Porém, é também possível fazer alguns exames médicos, recorrendo ao endoscópio ou a outros exames complementares de diagnóstico, como a TAC, Cranioencefálica ou eventualmente Ressonância Magnética, para detetar a causa deste sintoma.
Quanto ao tratamento, em primeiro lugar, é necessário determinar a origem da perda de paladar. Em alguns casos, não é preciso qualquer terapêutica, o paladar volta naturalmente, sem ser necessário tomar nenhuma medida, além da hidratação regular e da lavagem do nariz com uma solução de água salgada, por exemplo.
Noutras situações, a única opção pode ser suspender a medicação que esteja a causar a ageusia, o que nem sempre é possível, pois tal pode pôr em risco a vida do paciente, como é o caso da terapêutica para o cancro, diabetes e infeções. Nestes últimos casos, uma alternativa pode ser a toma de suplementos com gluconato de zinco.
Ageusia e Covid-19
Atualmente, a ageusia ou perda de paladar é um sintoma comum a 80% dos casos de Covid-19, pelo que passou a ser considerada pela DGS (Direção Geral da Saúde), desde outubro de 2020, um dos sintomas mais frequentes de infeção pelo Sars-Cov-2.
A verdade é que a ageusia não é um sintoma exclusivo da Covid-19, manifestando-se noutras infeções respiratórias. A explicação pode estar no facto dos vírus causarem inflamações especialmente concentradas no interior do nariz, o que elimina neurónios olfativos.
No caso do novo coronavírus, já se sabe que este agente afeta especialmente a cavidade nasal e as células do tecido envolvido no olfato.
A ageusia é, geralmente, um sintoma temporário, embora possa tornar-se definitivo ou durar semanas, meses e, menos frequentemente, anos.