Sintomas de cancro do pâncreas: sinais a que deve estar atento
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Os sintomas de cancro do pâncreas podem ser discretos ou inespecíficos, o que dificulta o seu diagnóstico e faz com que apenas 20% destes cancros sejam diagnosticados em “tempo útil”.
O pâncreas é uma glândula que se localiza na parte superior do abdómen, no aparelho digestivo. Este órgão é responsável pela produção de enzimas digestivas e de hormonas, como a insulina, a qual ajuda a regular os níveis de açúcar presentes no sangue.
O cancro do pâncreas é o 12º cancro mais comum no mundo, o 7º mais frequente na Europa e a 3ª neoplasia maligna do sistema digestivo mais prevalente no nosso país, onde são diagnosticados aproximadamente 1400 casos por ano. Portanto, é fundamental conhecer os seus principais sintomas.
Sintomas de cancro do pâncreas que deve conhecer
Um dos grandes desafios no diagnóstico do cancro do pâncreas é o facto de esta ser uma doença que pode permanecer assintomática até chegar a uma fase mais avançada.
Em alguns casos, a doença pode manifestar sintomas que, contudo, são algo inespecíficos e podem variar em função do tipo e localização do tumor, assim como, serem confundidos com outros problemas de saúde. Em geral, o Adenocarcinoma do corpo ou da cauda do pâncreas é geralmente assintomático até que se atinja maior proporção a ponto de causar alguma sintomatologia.
É o caso dos seguintes sintomas:
- Dor abdominal e/ou de costas;
- Perda de apetite, sem razão aparente;
- Emagrecimento;
- Cansaço e fadiga extremos;
- Icterícia(cor amarelada nos olhos e na pele);
- Enfartamento;
- Problemas intestinais
- Surgimento da diabetes;
- Indigestão, azia, náuseas e vómitos;
- Pancreatite aguda (inflamação do pâncreas);
- Fezes abundantes, sem cor, de mau odor e flutuantes;
- Tromboses venosas profundas de repetição.
Cancro do pâncreas
O que é o cancro do pâncreas
O cancro do pâncreas é diagnosticado sempre que se deteta a formação de células malignas no tecido pancreático.
Há vários tipos de tumores malignos que podem afetar este órgão, sendo o mais frequente o tumor exócrino/adenocarcinoma do pâncreas, o qual representa 95% dos casos de cancro do pâncreas. A maioria destes surgem na porção da cabeça do pâncreas. Os restantes 5% dizem respeito a tumores neuroendócrinos pancreáticos.
O adenocarcinoma do pâncreas forma-se a partir das células exócrinas, responsáveis pela produção das enzimas digestivas.
Fatores de risco
Apesar das causas do cancro do pâncreas não serem conhecidas, sabe-se que há fatores de risco associados a esta doença, tais como:
- Idade superior a 55/60 anos;
- Dieta muito rica em gorduras, carnes vermelhas e produtos lácteos;
- Sedentarismo;
- Tabagismo, que torna duas a três vezes mais provável o desenvolvimento do cancro do pâncreas;
- Obesidade, que também aumenta o risco de ter cancro do pâncreas;
- Diabetes, principalmente quando tem início após os 50 anos de idade e está nos seus três primeiros anos, após o diagnóstico;
- Pancreatite crónica, relacionada com o consumo excessivo de álcool;
- Quistos (mucinosos) no pâncreas;
- História familiar, isto é, quando existem familiares de primeiro grau que já tiveram a doença e, mais ainda, se ela tiver surgido antes dos 50 anos de idade.
Diagnóstico
Para chegar ao diagnóstico desta doença, é necessário proceder a um exame físico e a exames auxiliares. Alguns exemplos desses exames são:
- Ecografia abdominal: por ser fácil de ser realizado e não expor o paciente à radiação, pode ser o primeiro exame a ser feito. Mas se o quadro clínico for sugestivo de cancro do pâncreas, a tomografia computadorizada seria o exame mais indicado inicialmente;
- Tomografia computadorizada (TC) com contraste endovenoso e ressonância magnética (RM), para determinar a localização do tumor e o estadio da doença;
- Ecoendoscopia ou ultrassonografia transendoscópica, para determinar a fase da doença e realizar a biópsia, se necessário;
- Laparoscopia (procedimento menos frequente neste contexto): é feita inicialmente para determinar a extensão do tumor e se pode ser ressecado cirurgicamente. Pode ser indicado em contexto curativo, quando os exames de imagem assim o sugerem, ou paliativo, isto é, para aliviar os sintomas da doença ou prevenir determinadas complicações, mas não com objetivo curativo.
- Colangiopancreatografia: com o paciente sob anestesia, um endoscópio é introduzido pela boca até a primeira porção do intestino, injeta-se contraste e tiram-se as imagens. Permite avaliar se existem anormalidades ou complicações (bloqueio, estreitamento ou dilatação) dos ductos pancreáticos e biliares, e identificar a causa, assim como realizar biópsia.
Estadios
Os exames de diagnóstico pretendem caraterizar e localizar o tumor, assim como determinar o seu estadio, isto é, a fase de evolução em que ele se encontra. Há quatro tipos de estadio possíveis:
- Estadio I: fase inicial, em que o cancro está circunscrito ao pâncreas e é ressecável (ou seja, o tumor pode ser removido, através de cirurgia);
- Estadio II: o cancro já se propagou para os tecidos circundantes ou nódulos linfáticos, mas continua a ser considerado ressecável;
- Estadio III: o cancro já se disseminou para zonas como estômago, baço, intestino grosso ou grandes vasos sanguíneos. Nesta fase, normalmente, já se considera que o cancro não é ressecável, pois encontra-se em estado avançado;
- Estadio IV: o cancro já atingiu órgãos como o fígado e os pulmões e, por isso, é designado de metastático, não podendo ser tratado através de cirurgia.
Tratamento
A terapêutica indicada para o cancro do pâncreas varia, nomeadamente, em função da localização do tumor, do estadio da doença e do cancro ser ou não ressecável. Além disso, o médico deve ter em consideração a condição física e psicológica do doente.
De um modo geral, alguns dos tratamentos possíveis são:
- Cirurgia: cuja técnica utilizada (procedimento de Whipple/Duodenopancreatectomía; Pancreatectomia Distal; Stents/endoprótese expansível; Pancreatectomía Total) varia em função da localização do tumor e que costuma ser a abordagem mais comum em cancros do pâncreas numa fase ainda inicial;
- Radioterapia: pode ajudar a tratar o cancro, quando ele ainda não se espalhou, mas já não pode ser removido através de cirurgia, assim como também pode auxiliar no controlo da dor;
- Quimioterapia: pode ser administrada antes da cirurgia para reduzir o tumor e depois para diminuir o risco de ressurgimento do cancro. Também pode ser usada em cancros mais avançados, para tentar reduzir o tamanho do tumor e retardar o avanço da doença.
Os tratamentos selecionados e a ordem pela qual eles são administrados têm em consideração o facto de ainda ser ou não possível curar o cancro ou se se pretende apenas um tratamento paliativo e de suporte.
Convém esclarecer que só é possível tratar definitivamente o cancro do pâncreas, se for realizada uma cirurgia radical (Pancreatectomía Total), que retire tanto o pâncreas, como os gânglios regionais (mas nem sempre é bem sucedida). Porém, para isso, é necessário que o cancro ainda se encontre num estadio em que seja ressecável.
A cirurgia pode também ser indicada com o objetivo paliativo para atuar nas complicações e, promover mais conforto e alívio ao paciente.