Cataratas: como estar atento a sinais de alarme?
• 5 mins. leitura
As cataratas são mais frequentes na população idosa e são uma das principais causas de cegueira em todo o mundo.
Em Portugal, há, aproximadamente, 170 mil pessoas com cataratas e seis em cada 10 pessoas com mais de 60 anos possuem este problema de saúde.
Apesar de se perder qualidade de visão, a boa notícia é que existe tratamento para as cataratas, o qual passa, fundamentalmente, pela cirurgia. Fique a saber tudo neste artigo.
O que são cataratas?
A Sociedade Portuguesa de Oftalmologia define as cataratas como uma opacificação da lente natural do olho (cristalino), a qual fica no olho por detrás da íris. Esta opacificação ocorre a ritmos distintos de pessoa para pessoa.
As cataratas podem afetar um ou ambos os olhos (mas não são contagiosas), prejudicando a visão que fica meio “enevoada”. Por isso, pequenas alterações de visão devem ser sempre consideradas um sinal de alerta e merecer uma ida ao médico oftalmologista.
Fatores de risco
Há algumas condições que podem favorecer o aparecimento de cataratas, sendo a idade a mais evidente de todas, denominando-se catarata senil. Os indivíduos com mais de 60 anos de idade estão mais suscetíveis a este problema, devido ao envelhecimento natural do próprio organismo.
Além da idade, podemos considerar os seguintes fatores de risco para o surgimento de cataratas:
- Exposição excessiva aos raios ultravioleta;
- Tratamentos de radioterapia;
- Traumatismo ocular ou outras lesões oculares;
- Diabetes;
- Tabagismo;
- Alcoolismo;
- Cirurgia a outro problema ocular, como o glaucoma;
- Formação ainda durante a vida embrionária;
- Alimentação desequilibrada;
- Inflamações oculares;
- Medicamentos (corticosteroides).
Sintomas
Um diagnóstico precoce das cataratas contribui para uma cirurgia mais bem-sucedida. Por isso, há que estar atento aos sinais de alerta associados a esta doença, nomeadamente:
- Diminuição da visão, inicialmente diurna e, depois, noturna;
- Visão nublada, turva e/ou dupla;
- Sensibilidade à luz ou ao brilho;
- Dificuldade em distinguir as cores;
- Observação de halos ao redor da luz;
- Alteração constante da graduação dos óculos.
Diagnóstico
Perante os sinais de alerta elencados anteriormente, deve consultar um oftalmologista. Numa consulta de rotina, ao fazer o exame oftalmológico, o médico consegue facilmente avaliar a existência ou não de catarata.
Além disso, o especialista pode determinar a acuidade visual do doente e, assim, analisar o grau de incapacidade que a catarata já está a provocar ou não na visão do doente.
Nesta consulta, é ainda feita a observação do fundo ocular e a medição da tensão ocular, de modo a despistar outros problemas.
Cirurgia
A única forma de resolver o problema das cataratas é retirando o cristalino, através de cirurgia (não é por acaso que esta é a cirurgia mais frequente em todo o mundo). Ainda assim, quando numa fase precoce da doença, o médico pode recorrer a outros meios e adiar a cirurgia, colocando ou mudando de óculos e de lentes de contacto; usando lupas ou lentes antirreflexo; e/ou recorrendo a iluminação adequada (mais potente).
A cirurgia às cataratas é feita por ultrassons, por meio de uma pequena incisão (facoemulsificação) e é, normalmente, realizada em regime de ambulatório. Nesta cirurgia, a lente natural do olho é substituída por uma lente intraocular artificial, sendo ainda possível corrigir problemas refrativos existentes.
No entanto, a cirurgia só está recomendada em casos em que as cataratas:
- Já prejudicam a visão (deslumbramento, má visão de cores, noturna,...);
- Têm implicações refrativas (graduações elevadas ou má adaptação aos óculos);
- São consideradas de tratamento urgente (quando a catarata impossibilita tratamentos oculares, a correta observação do fundo ocular ou quando se trata de uma catarata congénita).
Nota: Se o doente tiver cataratas em ambos os olhos, normalmente a cirurgia é realizada no olho mais prejudicado ao nível de visão, sendo operado o outro olho cerca de um a dois meses depois.
Tipos de lente intraocular artificial
Já aqui explicamos que a lente natural do olho é substituída por uma lente intraocular artificial vitalícia. Contudo, existem vários tipos que podem ser utilizados, de diversos materiais (acrílico, silicone,...) e que devem ser escolhidos, tendo em conta as caraterísticas de cada caso e de cada paciente. Esta lente é calculada nos exames pré-operatórios (biometria), e em alguns casos, substitui os óculos para uso à distância.
Os principais tipos de lente são:
- Lente intraocular artificial, a qual só permite ver ao longe, continuando a ser necessários óculos para ver ao perto;
- Lentes intraoculares multifocais, as quais possibilitam ver a diferentes distâncias, embora a visão de contraste seja inferior e possam ocorrer fenómenos com a luz, como maior deslumbramento;
- Lentes intraoculares artificiais acomodativas, as quais garantem que o paciente deixe de precisar de usar óculos.
Preparação pré-cirúrgica
Antes de ser realizada a cirurgia às cataratas, deve ser feito um exame oftalmológico completo e selecionado o tipo de lente intraocular artificial mais indicado para o doente em causa.
Já no dia da cirurgia, são postos no(s) olho(s) do paciente colírios anestésicos, que vão também servir para dilatar a pupila. O doente está, por isso, sob o efeito de uma anestesia exclusivamente tópica.
Pós-cirurgia
Esta é uma cirurgia segura, rápida (cerca de 10 minutos) e com uma taxa de sucesso que ronda os 95%.
Geralmente, a recuperação decorre de forma célere e sem grandes incidentes. Alguns dos cuidados pós-cirúrgicos a ter passam pela colocação de colírios, prescritos pelo médico e repouso relativo nas primeiras 12 horas.
No que respeita à recuperação visual, ela costuma ser rápida, dentro de 24 a 48 horas, mas em certas situações pode ser mais demorada, se o paciente sofrer de problemas nas estruturas do olho.
Só em casos muito raros, a cirurgia às cataratas pode acarretar complicações, como por exemplo: infeção; edema/inchaço da córnea; e/ou descolamento da retina.
Cuidados a ter
Apesar das cataratas estarem, habitualmente, relacionadas com o envelhecimento das estruturas oculares e, neste sentido, não poderem ser prevenidas, como vimos há outros fatores de risco que podem favorecer o seu aparecimento e que podem ser evitados.
Assim, algumas das medidas para prevenir as cataratas são:
- Fazer uma alimentação equilibrada, particularmente rica em antioxidantes;
- Usar óculos de sol com proteção contra os raios solares;
- Não fumar.