Hipocondria: quando o medo de estar doente se torna doença
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Tipos de hipocondria
- 3. Causas
- 4. Consequências
- 5. Sinais de alerta
Clinicamente designada por perturbação de ansiedade de doença, a hipocondria carateriza-se por um comportamento de excessiva preocupação face a sintomas leves. Quem sofre desta condição acredita que está bastante doente, mesmo que o seu médico e os exames digam o contrário.
Contudo, nem todas as pessoas demasiado preocupadas com a saúde são hipocondríacas, pelo que é importante perceber quando estamos perante um caso de hipocondria e qual a abordagem mais adequada.
O que é a hipocondria
A hipocondria é um medo irracional de ter uma doença grave ou de correr um risco sério de ficar gravemente doente.
As pessoas que têm este tipo de perturbação interpretam qualquer sintoma, mesmo ligeiro, como um indício de que algo de muito sério se passa com a sua saúde. Por exemplo, situações como uma simples dor de cabeça ou no peito são sinónimo de um eventual tumor, ou problema cardíaco.
O receio não diminui após a realização de exames, sendo até comum que os façam em excesso e que recorram a vários médicos. Estas preocupações são tão constantes que acabam por interferir com a vida pessoal e profissional.
A hipocondria é, assim, uma preocupação excessiva e incontrolável com a doença, que não diminui perante evidências médicas. Aquela pessoa acredita de tal forma que se passa alguma coisa, que, por vezes, até experiencia sintomas.
Tipos de hipocondria
As pessoas que sofrem de perturbação de ansiedade de doença podem ter dois tipos de comportamentos:
- Procura de cuidados médicos: passam muito tempo em consultas e ambientes ligados à saúde. Procuram a opinião de vários especialistas e solicitam exames médicos, mesmo os que não são necessários.
- Evitam cuidados médicos e exames: não confiam nos médicos ou entendem que eles não levam os seus sintomas a sério, o que gera ainda mais medo e ansiedade.
Causas
As causas para a hipocondria são desconhecidas e o seu aparecimento não depende de fatores como a idade, sexo ou estrato socioeconómico.
Ainda assim, parecem existir experiências pessoais e condições médicas que aumentam a probabilidade de um indivíduo desenvolver perturbação de ansiedade de doença. É o caso de pessoas que passaram por:
- Traumas de infância, como negligência ou abuso;
- Situações de stress extremo;
- Perturbações de ansiedade (do próprio ou da família);
- Infância marcada por doenças (do próprio ou de familiares);
- Questões de saúde mental, como ansiedade ou depressão;
- Situações traumáticas, como violação e abusos físicos ou emocionais.
Consequências da hipocondria
A hipocondria afeta o dia a dia e a saúde mental, prejudicando as relações pessoais e a vida profissional. Alguns doentes chegam a ter depressões graves e pensamentos suicidas.
Pode igualmente originar problemas financeiros, devido às despesas médicas e às faltas ao trabalho.
As pessoas que padecem desta doença podem, ainda, sofrer complicações devido a exames médicos em excesso e, muitas vezes, desnecessários.
Sinais de que pode ser hipocondríaco
A patologia que causa preocupação nos hipocondríacos não é sempre a mesma.
Por vezes, até têm realmente uma doença diagnosticada, mas a sua ansiedade leva-os a crer de que é mais grave do que aparenta.
Há alguns sinais que ajudam a identificar uma pessoa hipocondríaca:
- Estar sempre a pesquisar sobre doenças e sintomas;
- Evitar pessoas ou locais com medo de um eventual contágio;
- Encarar um sintoma ligeiro como indício de uma doença grave;
- Falar constantemente sobre o seu estado de saúde e doenças;
- Sentir muita ansiedade em relação à sua saúde;
- Estar constantemente a procurar sinais de que está doente: por exemplo, medir repetidamente a tensão arterial ou a temperatura;
- Trocar frequentemente de médico por sentir que não estão a dar a devida atenção aos seus sintomas e problemas de saúde;
- Procurar que os mais próximos o confortem ou tranquilizem sobre a sua saúde;
- Sentir inquietação em relação a funções saudáveis do corpo, como gases ou suor.
Diagnóstico
Para fazer o diagnóstico, o médico avalia sintomas como a perturbação que os sintomas físicos causam no dia a dia do doente e a excessiva preocupação com uma eventual doença, mesmo quando todos os exames dizem que está saudável.
Muitas vezes, o diagnóstico inicial é feito pelo médico de clínica geral e o doente resiste ao reencaminhamento para um especialista em saúde mental, alegando que não tem uma preocupação excessiva com a saúde ou que os seus sinais e sintomas correspondem a uma patologia orgânica ainda não diagnosticada.
Os critérios para o diagnóstico da perturbação da ansiedade de doença são estabelecidos no DSM-5 - Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais da Associação Americana de Psiquiatria.
Tratamento
Os tratamentos para a perturbação de ansiedade de doença procuram controlar os sintomas para que a pessoa consiga ter uma vida normal. Os antidepressivos e ansiolíticos são usados quando existem quadros clínicos de depressão e ansiedade.
Consultas regulares com um médico de confiança são essenciais para tranquilizar o doente e evitar que se submeta a exames desnecessários. A psicoterapia é outro recurso que deve ser usado, já que ajuda a lidar com a situação e a alterar o comportamento.
Prevenção
É praticamente impossível prevenir este tipo de perturbação, mas há formas de lidar com a doença para evitar que se agrave.
Esta ajuda pode ser dada pelas pessoas mais próximas, que devem procurar tranquilizar o doente, garantindo-lhe, por exemplo, que a medicina está evoluída e que os médicos conseguiriam detetar qualquer doença mais grave.
Evitar que o doente recorra a demasiados médicos e que faça exames desnecessários são outras medidas importantes.