Labirintite: como prevenir esta inflamação do ouvido interno
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Indíce
- 1. O que é labirintite?
- 2. Principais sintomas
- 3. Causas
- 4. Diagnóstico
- 5. Tratamentos
A labirintite é uma condição que, além de afetar a audição, também pode comprometer drasticamente o equilíbrio das pessoas, interferindo, assim, na realização de diversas atividades diárias.
Neste artigo, pode ficar a saber o que é esta condição, quais as causas, sintomas, diagnóstico, tratamentos associados e, o mais importante, o que pode fazer para a prevenir.
O que é labirintite?
Trata-se de uma inflamação do labirinto, uma estrutura complexa do ouvido interno responsável pelo equilíbrio e pela audição.
Os dois nervos vestibulares do ouvido interno enviam informação ao cérebro sobre equilíbrio e orientação espacial. Quando um destes nervos fica inflamado, dá-se uma interrupção no modo como a informação é transmitida ao cérebro, levando aos sintomas associados à labirintite, como vertigens e tonturas.
Embora possa afetar pessoas de todas as idades, é mais comum em adultos entre os 30 e os 60 anos. As mulheres têm o dobro da probabilidade de desenvolver labirintite comparativamente com os homens.
Principais sintomas
Esta inflamação manifesta-se através de zumbido nos ouvidos e perda de audição, que, em casos muito raros, pode ser permanente. Contudo, a labirintite não afeta apenas a audição, podendo igualmente provocar:
- Tonturas;
- Vertigens;
- Falta de equilíbrio;
- Náuseas e vómitos;
- Visão turva;
- Dificuldade de concentração;
- Nistagmo (movimentos involuntários dos olhos).
Os sintomas da labirintite surgem repentinamente e podem ser bastante intensos. Por norma, diminuem entre duas a seis semanas, mas podem ter uma duração maior.
Porém, na presença destes sintomas, é essencial recorrer ao seu médico assistente ou ao otorrinolaringologista.
Este problema passa a emergência médica perante sintomas como desmaio, convulsões, fala arrastada, febre, fraqueza, paralisia e visão dupla, uma vez que podem ser sinais de uma doença mais grave.
Causas da labirintite
São vários os fatores que podem causar a labirintite. Geralmente, é causada por uma infeção viral, ainda que, às vezes, possa ser originada por uma infeção bacteriana. As causas mais habituais são:
- Bronquite ou outras doenças respiratórias, como gripe e constipação;
- Infeções virais do ouvido interno;
- Vírus do herpes, incluindo o vírus Epstein-Barr;
- Infeções gastrointestinais;
- Infeções bacterianas, nomeadamente do ouvido médio;
- Organismos infeciosos, como o que causa a doença de Lyme.
A labirintite também pode ser causada por sarampo, papeira, rubéola, poliomielite e hepatite. Em casos raros, pode resultar de um traumatismo cranioencefálico ou de uma meningite bacteriana.
Esta condição é mais provável de ocorrer em pessoas que:
- Fumam;
- Estão sob muito stress;
- Bebam muito álcool;
- Sofram de fadiga crónica;
- Tenham um histórico de alergias;
- Usem determinados medicamentos, como antidepressivos, anti-inflamatórios e alguns medicamentos para a diabetes.
Diagnóstico
A labirintite pode ser diagnosticada com um exame físico efetuado por um otorrinolaringologista. Em algumas situações não é evidente apenas com um exame de ouvido, exigindo uma avaliação completa, contemplando uma análise neurológica por um neurologista ou otoneurologista.
Como os sintomas desta condição podem ser semelhantes aos de outras doenças, o médico pode solicitar exames adicionais para descartá-las, nomeadamente:
- Doença de Ménière, um distúrbio do ouvido interno;
- Enxaqueca;
- Acidente Isquémico Transitório (AIT);
- Hemorragia cerebral;
- Danos nas artérias do pescoço;
- Vertigem posicional paroxística benigna, também um distúrbio do ouvido interno;
- Tumor cerebral.
Os exames para verificar as condições anteriores podem incluir:
- Testes auditivos;
- Exames de sangue;
- Tomografia computorizada (TAC);
- Ressonância magnética;
- Eletroencefalograma;
- Eletronistagmografia (teste de movimento ocular).
Tratamentos para a labirintite
O tratamento vai depender do tipo de infeção que causou a labirintite. Se for uma infeção vírica, o médico pode prescrever medicamentos antivirais. Se for uma infeção bacteriana, vão ser indicados antibióticos.
Também podem ser recomendados corticosteroides, para diminuir a inflamação, e medicamentos, para lidar com as tonturas e náuseas, como difenidramina ou fexofenadina. A toma destes medicamentos não deve ultrapassar os três dias, já que podem atrasar a recuperação.
Se os sintomas não desaparecerem com a medicação, podem ser necessários exercícios de reabilitação vestibular. Este tipo de fisioterapia pode treinar o cérebro para o ajudar a ajustar-se ao desequilíbrio vestibular.
Os sintomas da labirintite e a resposta ao tratamento variam de pessoa para pessoa, bem como o tratamento que funciona num paciente pode não ter o mesmo resultado num outro paciente. Contudo, em vários casos, os anti-histamínicos, como o dimenidrinato, a difenidramina ou a meclizina, podem ser úteis no alívio rápido dos sintomas desconfortáveis.
Ainda que a recuperação possa demorar entre algumas semanas a alguns meses, a labirintite tem cura. A maioria das pessoas recupera totalmente.
Esta inflamação pode voltar a acontecer, mas numa forma mais ligeira.
Lidar com os sintomas
Há algumas medidas que podem ajudar a aliviar os sintomas, por exemplo:
- Evitar mover-se rapidamente para não perder o equilíbrio;
- Remover tapetes e outros objetos que possam ser um risco para tropeçar;
- Colocar tapetes antiderrapantes no duche ou na banheira;
- Ao sentir tonturas, deve deitar-se imediatamente. Há quem sinta alívio quando está de olhos fechados, deitado num local escuro e silencioso;
- Beber muitos líquidos, pouco de cada vez, mas como muita frequência;
- Seguir uma dieta equilibrada;
- Evitar a cafeína, álcool, sal e tabaco;
- Evitar ruídos e luzes fortes;
- Dormir o suficiente, pois o cansaço pode piorar os sintomas;
- Começar a fazer caminhadas ao ar livre o mais rápido possível, mas sempre acompanhado por alguém para ganhar confiança;
- Fora de casa, manter os olhos focados num objeto fixo, em vez de olhar à volta;
- Não conduzir, não andar de bicicleta e não usar ferramentas ou máquinas, se sentir tonturas.
Prevenir a labirintite
A labirintite é, por norma, um sintoma subjacente de outras condições, como as infeções. Por isso, a melhor forma de a prevenir é lavar as mãos regularmente e tomar as devidas precauções durante a época da gripe e das constipações.
Importa, por fim, realçar que a labirintite não é contagiosa, mas ser contagiado com a gripe de outra pessoa, pode desencadear a labirintite.