Diverticulite: quais os sintomas desta inflamação do intestino?
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Tipos
- 3. Sintomas
- 4. O que se sente?
- 5. Causas
A diverticulite é uma condição gastrointestinal que pode causar desconforto e que, se não tratada adequadamente, pode levar a complicações graves.
Fique a saber mais sobre esta inflamação do intestino, quais os seus sintomas, causas, principais tipos, possíveis complicações, diagnóstico e tratamento, bem como algumas dicas para a gestão adequada da doença.
O que é a diverticulite?
A diverticulite é uma inflamação dos divertículos, pequenas bolsas que se formam, geralmente, nas paredes do intestino grosso, também chamado cólon. Essas paredes são, normalmente, lisas. A inflamação é a atividade do sistema imunitário que aumenta o fluxo de sangue e fluidos para um local do corpo e fornece células que combatem doenças.
Estas bolsas são comuns, especialmente após os 50 anos. Encontram-se, geralmente, na parte inferior do cólon. Na maioria das vezes, os divertículos não causam problemas e são assintomáticos. A presença de divertículos denomina-se diverticulose e não é considerada uma doença. Passa a ser diverticulite quando os divertículos ficam inflamados e infetados, causando dor aguda e outros sintomas. Estes sintomas podem ser um sinal de infeção e é necessária atenção médica, por vezes, de forma urgente, dadas as potenciais complicações associadas.
Embora a diverticulose seja comum, a diverticulite é uma complicação incomum. Contudo, quem já teve apresenta maior probabilidade de voltar a ter essa complicação.
Tipos de diverticulite
A diverticulite pode ser classificada em quatro tipos principais, nomeadamente:
- Aguda: é caraterizada por uma inflamação súbita e intensa dos divertículos, muitas vezes acompanhada de febre e dor abdominal. Apesar de repentina, a diverticulite aguda melhora rapidamente com tratamento;
- Crónica: envolve episódios recorrentes de inflamação dos divertículos, que podem ser menos graves do que os da forma aguda, mas ainda assim debilitantes. É possível ter vários episódios de diverticulite com inflamação crónica, porque o episódio anterior não foi totalmente tratado ou devido a outras patologias crónicas no cólon;
- Complicada: refere-se a casos em que ocorrem complicações graves, como perfuração, abcesso ou fístula;
- Não complicada: quando não há complicações graves envolvidas, embora ainda possa haver inflamação dos divertículos. Este é o tipo mais comum, melhorando facilmente com o tratamento certo.
Quais os sintomas?
Os sintomas da diverticulite podem variar dependendo da gravidade e do tipo, mas geralmente incluem:
- Dor abdominal, muitas vezes intensa, especialmente no lado esquerdo inferior. Menos comum no lado direito, mas pode acontecer em pessoas com ascendência asiática;
- Abdómen distendido ou cólon palpável;
- Febre;
- Náuseas e vómitos;
- Alterações nos hábitos intestinais, como obstipação ou, menos comum, diarreia;
- Sangramento retal.
Procure o seu médico assistente ou gastroenterologista sempre que sentir dores abdominais constantes e inexplicáveis, principalmente se acompanhadas por febre e alterações nas fezes.
realmente num episódio de diverticulite?
Seja um episódio agudo ou uma recaída, a dor será semelhante. O primeiro pode ocorrer repentinamente, enquanto o segundo pode ocorrer ao longo de alguns dias. É possível identificar o local exato do divertículo inflamado.
Os sintomas da diverticulite incluem dor abdominal, sensação de ardor e febre. A dor pode variar de moderada a intensa. Também pode ser constante e persistir por vários dias.
Na forma aguda, podem ocorrer um ou mais episódios graves de infeção e inflamação. Na diverticulite crónica, a inflamação e a infeção podem diminuir, mas nunca desaparecem completamente.
Com o tempo, a inflamação pode causar obstrução intestinal, que pode motivar prisão de ventre, fezes finas, diarreia, distensão abdominal e dor abdominal. Se a obstrução continuar, a dor abdominal e a sensibilidade aumentam, causando náuseas e vómitos.
Causas da diverticulite
As causas exatas da diverticulite não são totalmente compreendidas, mas diversos fatores podem aumentar o risco de a desenvolver, tais como:
- Dieta pobre em fibras;
- Ter mais de 40 anos;
- Histórico familiar;
- Obesidade;
- Sedentarismo;
- Tabagismo;
- Dieta rica em gorduras e carnes vermelhas;
- Uso de determinados medicamentos, como esteroides, opióides e anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno ou naproxeno.
Além destes fatores de risco, a diverticulite pode estar também associada a infeções bacterianas, inflamação e, em casos específicos, à infeção por citomegalovírus (CMV) no cólon. Embora não haja evidências claras de que o stress cause diverticulite, este pode agravar os episódios da doença. A condição também está associada a um risco aumentado de depressão e ansiedade.
Possíveis complicações
Ainda que, na maioria dos casos, não seja complicada, a diverticulite grave ou persistente, se não for tratada, pode ter implicações como:
- Sangramento gastrointestinal: o sangramento dos divertículos pode ser grave e causar anemia;
- Obstrução intestinal: a inflamação pode causar o estreitamento temporário do cólon. A inflamação crónica pode resultar em cicatrizes (estenose), causando um estreitamento permanente;
- Fístulas: uma parede do cólon inflamada e fragilizada pode unir-se a outro órgão do corpo, como o intestino delgado, bexiga ou vagina, criando uma conexão anormal entre os órgãos;
- Inflamação da bexiga: a diverticulite perto da bexiga pode causar irritação. Além disso, uma fístula na bexiga pode disseminar uma infeção nessa área;
- Abcesso: a cumulação de pus pode romper e infetar a cavidade peritoneal, resultando em peritonite, uma situação de emergência médica;
- Perfuração gastrointestinal: se um divertículo inflamado romper, pode permitir que bactérias intestinais entrem na cavidade peritoneal. A peritonite resultante pode levar à sépsis.
Quais os sinais de complicação?
Poderá estar perante complicações se verificar:
- Sangue fresco nas fezes;
- Fraqueza;
- Tez pálida;
- Necessidade de urinar com frequência ou desconforto ao urinar;
- Abdómen rígido e sensível ao toque.
Diagnóstico e tratamento da diverticulite
Os sintomas da diverticulite podem assemelhar-se a muitas outras condições. Para diagnosticar, o médico pode começar por alguns exames de rotina para descartar outras causas, como análises ao sangue, fezes ou urina.
Se existir suspeita de diverticulite, são realizados exames de imagem, como a Tomografia Computorizada (TC), para se perceber a extensão da inflamação, bem como quaisquer complicações relacionadas. Em alguns pacientes, o médico pode precisar examinar o interior do cólon, através de uma colonoscopia. Há complicações que podem ser tratadas durante a colonoscopia.
Quanto ao tratamento, se o caso for leve, o médico poderá sugerir repouso e uma dieta líquida enquanto o intestino cicatriza. À medida que vai melhorando, podem ser adicionados alimentos com baixo teor de fibras, como ovos, iogurte, queijo, arroz branco e massa. Estes alimentos são suaves para o sistema digestivo. Este tratamento funciona bem para a maioria das pessoas que têm casos ligeiros de diverticulite.
Se existir infeção, o médico poderá prescrever antibióticos. Também pode ser recomendado um analgésico leve, como paracetamol.
Nas situações mais graves, pode ser necessário o internamento hospitalar para a toma de antibióticos intravenosos. Na presença de um abcesso abdominal, o médico irá drená-lo. Se o intestino romper ou se se verificar uma peritonite, será necessária uma cirurgia.
Existem dois tipos principais de cirurgia de diverticulite que dependem da complicação e gravidade, nomeadamente, a ressecção intestinal primária, onde são removidas as partes doentes do intestino e suturadas as saudáveis.
O segundo tipo é a ressecção intestinal com colostomia, necessária quando a inflamação não permite reconectar o cólon ao reto imediatamente. É criada uma abertura na parede abdominal para colocação de um saco para as fezes. Por vezes, é possível reconectar o intestino depois de a inflamação melhorar.
Após recuperação, o médico poderá fazer uma colonoscopia para descartar a possibilidade de cancro do cólon.
Prevenir a diverticulite
Apesar de não ser claro por que a diverticulite ocorre ou como evitá-la definitivamente, há alguns hábitos que podem ajudar a prevenir: 3
- Faça exercício regularmente, pois ajuda o funcionamento correto do intestino e reduz a pressão dentro do cólon. Bastam 30 minutos por dia de atividade física;
- Coma mais fibras, tal como fruta fresca, vegetais e grãos integrais. Estes alimentos ajudam a regular o trânsito intestinal;
- Beba muitos líquidos, visto que a fibra funciona absorvendo água e aumentando os resíduos no cólon. Se não beber água suficiente, as fibras podem causar prisão de ventre;
- Evite fumar.
Se a melhoria na dieta e no estilo de vida não resultarem, podem existir outros fatores associados. Pessoas com sistema imunitário debilitado são mais propensas a infeções frequentes e a ter uma recuperação mais lenta. Pessoas com doenças autoimunes têm também uma maior probabilidade de desenvolver inflamação crónica. Até mesmo os equilíbrios das diferentes bactérias intestinais podem contribuir para o desenvolvimento da diverticulite.