Microbiota intestinal: o que é e qual a sua função
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O que é a microbiota intestinal
A microbiota intestinal, mais vulgarmente conhecida como flora intestinal, é composta por mais de mil milhões de micro-organismos, como bactérias, parasitas, fungos e vírus não patogénicos, que habitam e se desenvolvem no nosso aparelho digestivo.
Estes micro-organismos, em número superior ao das células humanas, asseguram não só o funcionamento regular do intestino, intervindo também na digestão, como previnem infeções, desenvolvimento de tumores responsáveis por alguns tipos de cancro e ajudam ainda na prevenção e desenvolvimento de doenças que afetam o cérebro.
Estudos recentes demonstraram, inclusivamente, que uma flora intestinal equilibrada contribui para evitar e tratar problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.
De resto, o intestino, considerado já o nosso “segundo cérebro”, depende em larga escala, da ação da microbiota para uma eficaz conexão cérebro-intestino.
Cada pessoa tem uma flora intestinal única, como uma impressão digital, que começa a formar-se no momento do nascimento, sendo diferente, também, consoante o tipo de parto.
No caso de se tratar de um parto vaginal, são os micro-organismos fecais e vaginais transmitidos pela mãe que prevalecem na flora intestinal do bebé; tratando-se de um parto por cesariana, são os micro-organismos ambientais que se destacam, marcando aqui a diferença na constituição da microbiota intestinal. Geralmente, as bactérias adquiridas durante o parto vaginal são mais benéficas para o organismo, e o aleitamento materno também tem um papel fulcral para moldar a flora intestinal nos primeiros meses de vida.
Depois, só por volta dos três anos de idade é que a microbiota intestinal está totalmente formada e estabilizada, mantendo-se sem grandes alterações até à velhice, altura em que irá ficar mais empobrecida.
Outras funções da microbiota intestinal
Além de controlar a proliferação de bactérias patogénicas presentes no trato intestinal, a microbiota intestinal estimula o sistema imunológico, ajudando na prevenção de várias doenças.
A flora intestinal é ainda responsável pela regulação da absorção de nutrientes pelo organismo, participando também na produção de vitaminas e enzimas, como a vitamina K e a biotina, além de produzir componentes necessários à renovação das células.
Quando a microbiota intestinal está desequilibrada
Quando há um desequilíbrio na flora intestinal, nomeadamente com a alteração da sua composição, em número ou em género, dá-se a disbiose, que pode afetar a saúde do seu hospedeiro.
A diarreia associada a antibióticos, a cólica infantil, a gastroenterite ou a síndrome do cólon irritável são algumas das doenças associadas à disbiose intestinal, bem como a obesidade, a doença de Crohn ou o cancro do estômago.
O uso recorrente de laxantes pode levar à eliminação de bactérias benéficas para o organismo. Quanto à alimentação, a ingestão de alimentos industrializados e com pouca fibra também levam ao desequilíbrio da microbiota.
Como ter uma microbiota intestinal saudável
Ter uma dieta equilibrada é um dos fatores mais importantes para a manutenção de uma flora intestinal equilibrada. Isto implica moderação no consumo de alimentos industrializados, como hidratos de carbono refinados, açúcar ou gorduras saturadas.
A alimentação é, inclusivamente, mais importante para a formação da microbiota, do que os fatores genéticos.
Assim, a alimentação deve ser diversificada e incluir vegetais, legumes e frutas, além de alimentos fermentados, como os iogurtes, por exemplo, e outros alimentos probióticos, como kefir ou chucrute.
Deverá, igualmente, aumentar a ingestão de alimentos prebióticos (fibras e hidratos de carbono complexos) e alimentos ricos em polifenóis, como as uvas, os brócolos, chá verde e amêndoas.
Deve ainda reduzir a ingestão de adoçantes artificiais e usar mais grãos integrais, como a aveia, o arroz integral, a cevada ou o centeio.
Nas crianças, o aleitamento materno até aos seis meses desempenha um papel importante na formação de uma microbiota intestinal saudável.
Além da alimentação, também o exercício físico e ter um sono descansado e regular são fundamentais, sendo de evitar, sempre que possível, a toma de antibióticos.