Perturbação do Espectro do Autismo em Portugal e os seus Mitos
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Indíce
- 1. O que é o autismo?
- 2. Quais os Sintomas?
- 3. Quais as Causas?
- 4. Como é Diagnosticado?
- 5. Mitos do Autismo
Definição da Perturbação do Espectro do Autismo
A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) é uma perturbação do foro neurológico que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento do doente.
O autismo apresenta-se numa variedade de sintomas, de leves a graves, e podem provocar dificuldades nas atividades quotidianas, como falar, fazer amizades e compreender os sinais sociais mais comuns.
Prevalência do Autismo em Portugal
De acordo com a AIA - Associação de Apoio e Inclusão ao Autista, existem em Portugal mais de 60 000 pessoas que sofrem esta perturbação. O autismo é quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino e ocorre em todos os grupos raciais, étnicos e socioeconómicos.
Porque devemos compreender melhor esta perturbação?
Compreender o autismo é crucial para as famílias, educadores e profissionais de saúde que trabalham e vivem com indivíduos dentro deste espectro.
Com o apoio e compreensão necessários, crianças e adultos com autismo podem levar uma vida gratificante.
No entanto, sem o apoio adequado, pessoas com autismo podem ter dificuldades em lidar com as complexidades da vida diária e podem sofrer discriminação e frustração. No fim poderão isolarem-se do mundo que os rodeia prejudicando o seu desenvolvimento e integração na sociedade.
Sintomas e tipos de Autismo
Os principais sintomas e caraterísticas deste espectro são os seguintes:
- Dificuldade em interações sociais;
- Problemas na comunicação;
- Comportamentos e rotinas repetitivas;
- Interesses limitados;
- Sensibilidade sensorial elevada;
- Ansiedade;
- Depressão.
Não existe também um tipo de autismo. Em vez disso, o autismo é um espectro de perturbações, o que significa que pode experimentar uma ampla gama de sintomas e níveis de gravidade dependendo do seu tipo.
Alguns dos tipos de autismo incluem:
- Autismo Clássico;
- Síndrome de Asperger;
- Perturbação Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (PDD-NOS);
- Perturbação desintegrativa da infância.
Quais as causas para o aparecimento desta Perturbação
Genética
Estudos mostram que a genética desempenha um papel no desenvolvimento do autismo.
O autismo também tem sido relacionado a ocorrer em famílias onde geralmente um dos membros familiares é identificado com sintomas semelhantes ou condições relacionadas.
Fatores ambientais
Fatores ambientais podem desempenhar um papel no desenvolvimento do autismo.
Estudos sugerem que a exposição a toxinas, como chumbo, durante a gravidez ou na primeira infância, podem aumentar o risco de autismo.
Há também um estudo que sugere que a relação do défice de Vitamina D materno com o desenvolvimento de autismo.
Outros fatores ambientais potenciais incluem complicações durante a gravidez ou parto, como parto prematuro ou baixo peso ao nascer, e infeções durante a gravidez.
Desenvolvimento cerebral
Estudos também mostraram que o desenvolvimento do cérebro em indivíduos com autismo pode diferir daquele de indivíduos neurotípicos.
Num estudo foram feitas tomografias a vários cérebros onde revelaram diferenças no tamanho e na estrutura de certas regiões em indivíduos com autismo.
Além disso, estudos descobriram que a atividade cerebral em indivíduos com autismo pode ser diferente daquela de indivíduos neurotípicos, particularmente em regiões do cérebro envolvidas no processo social e na comunicação interpessoal.
O papel da epigenética
A epigenética é o estudo das mudanças na expressão genética que não são causadas por mudanças na sequência de DNA subjacente.
Algumas pesquisas sugerem que mudanças epigenéticas podem desempenhar um papel no desenvolvimento do autismo. Por exemplo, stress durante a gravidez, exposição a toxinas e outros fatores ambientais, podem levar a alterações na expressão genética que podem aumentar o risco de aparecimento do autismo na criança.
Como é diagnosticado o autismo?
Sinais iniciais
Os primeiros sinais de autismo surgem em bebés entre os 12 a 18 meses.
Por exemplo, uma criança com autismo pode não responder ao seu nome ou evitar o contacto visual. Outros sinais precoces incluem a falta de interesse em brincar com outras crianças ou adultos, dificuldade em comunicar-se e comportamentos ou rotinas repetitivas.
Triagem e Avaliação
A triagem para o autismo geralmente começa com uma avaliação do desenvolvimento, que é realizada sempre por um pediatra e neuropediatra.
A avaliação pode incluir uma revisão do histórico médico da criança, observação do comportamento da criança e testes padronizados para avaliar habilidades sociais, de comunicação e de comportamento.
Importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce do autismo é crucial pois irá ter um impacto positivo no desenvolvimento e na qualidade de vida da criança.
As crianças que cedo são diagnosticadas com autismo são mais propensas em beneficiar de intervenções precoces, como é exemplo a fonoaudiologia ou a psicomotricidade, e são menos propensas a ter dificuldades na escola e nos relacionamentos sociais, ao longo da sua vida.
Como gerir o Autismo durante a vida do doente?
Educação e suporte
A Educação e o apoio especializado são importantes nas crianças que sofrem de autismo, mas também junto das suas famílias.
Os programas de educação especial, como os oferecidos nas escolas, podem ajudar crianças com autismo a desenvolver as suas habilidades sociais e de comunicação, bem como aumentar a sua produtividade escolar e do seu dia a dia.
Abordagens terapêuticas
Além da educação e do apoio pedagógico, as abordagens terapêuticas também podem ser benéficas para indivíduos com autismo.
A terapia comportamental, fonoaudiologia e terapia ocupacional podem ajudar crianças e jovens com autismo a desenvolver novas habilidades e desafios diários.
Importância do envolvimento da família
O envolvimento da família é crucial para uma criança com autismo.
Os pais e outros membros da família podem fornecer o apoio e compreensão necessários junto de crianças com autismo.
Também podem ajudar com as atividades aprendidas na escola e apoio especializado fornecendo um ambiente doméstico agradável e de apoio contínuo.
Importância nas alterações ambientais dentro da escola e no trabalho
Pessoas com autismo também podem beneficiar de um ambiente agradável e estruturado na escola e no trabalho.
Por exemplo, as áreas podem incluir alterações no ambiente físico, como redução dos níveis de ruído e luz, mas também mudanças ao nível dos métodos de ensino e materiais utilizados para acomodar as especificidades de cada caso.
O ambiente pode ajudar uma criança ou jovem com autismo a participar mais na área educacional, mas também do seu próprio trabalho do dia a dia.
Mitos sobre o autismo
Apesar da crescente consciencialização e compreensão do autismo, ainda existem muitos mitos e equívocos sobre esta condição.
Os mitos mais comumente associados a este espectro são:
O autismo é causado por maus pais
Este é um mito especialmente prejudicial e falso para toda a família.
Não há evidências de que o autismo seja causado por maus pais ou resultado da falta de amor ou atenção dos pais.
As pessoas com autismo carecem de empatia
As pessoas com autismo são muitas vezes mal interpretadas como carentes de empatia, mas isso não é verdade.
Embora os indivíduos com autismo possam ter dificuldades com a interação social, muitos são capazes de sentir e expressar empatia e emoção junto dos seus pares.
Todas as pessoas com autismo são génios
Embora alguns indivíduos com autismo possam ter habilidades excecionais, como na matemática ou música, isto não é verdade para todas as pessoas com autismo.
Este estereótipo pode ser prejudicial, pois simplifica demais a complexidade do autismo e reforça as falsas suposições sobre esta condição.
O autismo é uma doença mental
O autismo não é uma doença mental, mas uma perturbação ao nível do desenvolvimento.
Embora os indivíduos com autismo possam ter problemas ao nível da saúde mental, como por exemplo ansiedade e depressão, estas são condições distintas que requerem tratamento e atenção separado do diagnóstico do autismo.
O autismo pode ser curado
Atualmente não há cura para o autismo, mas a intervenção precoce, a terapia e o apoio familiar podem ajudar os indivíduos com autismo a atingir todo o seu potencial.
Conclusão
O autismo é uma perturbação complexa do desenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento.
Embora as causas do autismo ainda não sejam totalmente compreendidas, estudos sugerem que fatores genéticos e ambientais podem desempenhar um papel crucial no aparecimento desta perturbação.
O diagnóstico e a intervenção precoces são cruciais para indivíduos com autismo e podem ter um impacto muito positivo no seu desenvolvimento e qualidade de vida.
Ao promover uma maior compreensão sobre o autismo junto da população, podemos ajudar indivíduos com autismo a atingir todo o seu potencial e na sua integração social.