Hemangioma infantil: saiba que cuidados deve adotar
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Quais os tipos?
- 3. Diagnóstico
- 4. Quais os tratamentos
- 5. Que riscos existem?
O hemangioma infantil é o tumor vascular benigno mais comum na infância. Resulta de um crescimento anormal dos vasos sanguíneos na pele ou noutras partes do corpo. Embora, na maioria dos casos, seja inofensivo, é fundamental compreender os cuidados necessários e os potenciais riscos associados.
Descubra, a seguir, como cuidar do hemangioma na infância e assegurar o bem-estar do seu bebé.
O que é hemangioma infantil e quando pode aparecer?
O hemangioma infantil resulta de um crescimento anómalo dos vasos sanguíneos. Surge com maior frequência na pele, mas pode também aparecer noutros órgãos ou tecidos.
Este tipo de tumor tem uma incidência estimada entre 4% a 10% das crianças, sendo mais comum em raparigas, bebés prematuros, com baixo peso à nascença ou provenientes de gravidezes gemelares. Uma criança pode ter um ou vários hemangiomas.
Ainda que muitos pais se culpabilizem pelo hemangioma do seu bebé, não existem ligações conhecidas entre esta condição e a dieta materna, genética, fatores ambientais ou comportamento parental. A causa exata não é conhecida.
Geralmente, os hemangiomas não são visíveis ao nascer, manifestando-se nos primeiros dias ou semanas de vida. Tendem a aparecer como manchas vermelhas brilhantes ou protuberâncias azuladas em qualquer parte do corpo, sendo mais frequentes na cabeça e no pescoço.
Após uma fase inicial de crescimento rápido, que dura até cerca do primeiro ano de vida, estabilizam e começam a diminuir progressivamente, desaparecendo, na maioria dos casos, antes dos 10 anos.
Quais os tipos de hemangiomas infantis?
Os hemangiomas em bebés podem ser classificados em três tipos principais, consoante a sua profundidade e caraterísticas.
- Superficiais: são os mais comuns e desenvolvem-se na camada superior da pele (derme superficial). Apresentam uma coloração vermelho vivo, geralmente comparada com a superfície de um morango, sendo elevadas e quentes ao toque. Durante a fase de involução, tornam-se mais acinzentados, moles e planos, num processo que começa no centro e se estende para a periferia.
- Profundos: crescem nas camadas mais profundas da pele e/ou no tecido subcutâneo. Estas lesões têm geralmente uma aparência azulada ou assemelham-se a inchaços sob a pele, sem alterar significativamente a sua cor superficial. São quentes ao toque e podem surgir mais tarde em comparação com os hemangiomas superficiais.
- Mistos: apresentam caraterísticas de ambos os tipos, com uma componente superficial e outra profunda, combinando aspetos como a coloração vermelho vivo e uma massa subcutânea azulada ou inchada.
Os hemangiomas infantis podem, ainda, ser classificados com base na sua extensão anatómica em três categorias:
- Focais: lesões solitárias e discretas.
- Segmentares: placas com distribuição anatómica ou de desenvolvimento, que podem apresentar crescimento contínuo para além dos seis meses.
- Indeterminados: quando não é possível determinar se a lesão é focal ou segmentar.
Entre estas categorias, os hemangiomas segmentares estão mais frequentemente associados a anomalias estruturais, maior risco de complicações e necessidade de intervenção médica.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de hemangiomas infantis é geralmente clínico, feito com base na observação da lesão pelo pediatra ou dermatologista.
A maioria dos casos não requer exames complementares. No entanto, em situações mais complexas ou quando há dúvidas, podem ser realizados exames de imagem, como ecografia ou ressonância magnética, para avaliar a profundidade da lesão e o seu impacto nos tecidos circundantes.
Estas investigações são particularmente úteis para hemangiomas localizados em áreas profundas ou associados a possíveis complicações.
Quais os tratamentos disponíveis e cuidados adicionais para o hemangioma em bebé?
Embora muitos hemangiomas regridam espontaneamente, alguns podem necessitar de tratamento, especialmente se interferirem com funções vitais (visão, respiração, alimentação) ou causarem desconforto estético significativo. Os tratamentos incluem:
- Propranolol (betabloqueador oral): este é o tratamento de primeira linha, especialmente eficaz para reduzir o tamanho e a cor do hemangioma. O medicamento deve ser administrado com acompanhamento médico para monitorizar possíveis efeitos secundários.
- Corticosteroides: utilizados em casos mais específicos, embora menos frequentes, os corticosteroides podem ser administrados por via oral ou em forma de cremes tópicos.
- Laserterapia: usada para reduzir a coloração vermelha residual após a involução do hemangioma, sendo mais eficaz em hemangiomas superficiais.
- Cirurgia: a cirurgia é considerada apenas em casos raros ou para complicações graves, como a rutura da pele, ou quando o hemangioma causa problemas funcionais significativos. Normalmente, a cirurgia é adiada até a criança ter entre três a cinco anos.
- Tratamentos tópicos: em alguns casos, medicamentos tópicos com beta-bloqueantes ou esteroides podem ser aplicados diretamente sobre o angioma para controlar o crescimento ou reduzir o seu tamanho.
Cuidados adicionais com o hemangioma no bebé
Os pais devem seguir as orientações médicas e monitorizar o hemangioma, verificando sinais de crescimento rápido, dor, crostas ou alterações na pele.
É importante proteger o hemangioma de qualquer ferimento ou infeção na área afetada, evitando fricção ou pressão excessiva.
O pediatra deve acompanhar o progresso do hemangioma até que este pare de crescer. Em alguns casos, será necessário encaminhar a criança para um especialista em dermatologia pediátrica, hematologia-oncologia ou cirurgia plástica, se surgirem complicações.
Que riscos e complicações existem?
Geralmente, o hemangioma infantil é inofensivo e não provoca complicações. No entanto, existem situações que requerem atenção médica.
Os hemangiomas podem ulcerar, formando feridas que são dolorosas e desconfortáveis para os bebés. As ulcerações são mais comuns em locais de fricção ou pressão, como os lábios, pescoço, zona das fraldas, região lombar e pregas cutâneas, como as axilas.
Uma úlcera pode deixar cicatrizes permanentes, especialmente quando afeta áreas sensíveis do rosto, como os lábios, nariz, orelhas, bochechas, testa ou pálpebras.
Complicações específicas e síndromes associadas
Quando surgem junto ao olho ou nas pálpebras, os hemangiomas podem interferir com a visão, fechando a pálpebra ou pressionando o globo ocular, o que pode causar ambliopia (olho preguiçoso) ou visão turva. Nestes casos, é essencial a avaliação por um oftalmologista pediátrico.
Os hemangiomas infantis de grandes dimensões na face, cabeça ou pescoço podem estar associados à síndrome PHACE, uma condição rara que envolve outras malformações congénitas:
- P: Malformações da fossa posterior (no cérebro)
- H: Hemangioma segmentar cefálico (extenso na cabeça ou pescoço)
- A: Anomalias arteriais (no cérebro, pescoço ou coração)
- C: Coartação da aorta (estreitamento da aorta, dificultando o fluxo sanguíneo)
- E: Problemas oculares
Adicionalmente, pode ser incluído um S, referente a fenda esternal ou rafe supraumbilical. Caso se suspeite da síndrome PHACE, é necessário realizar exames como ressonância magnética, ecocardiograma e avaliação oftalmológica.
Os hemangiomas localizados na zona lombar ou lombo-sagrada podem estar relacionados com anomalias congénitas, como problemas na medula espinhal, no sistema urinário ou nos órgãos genitais. Estas associações são descritas pelas síndromes PELVIS e SACRAL, que incluem:
- Malformações genitais, anais ou vesicais
- Alterações cutâneas ou disrafismo espinhal (defeitos na formação da coluna vertebral)
Quando o número de hemangiomas cutâneos é igual ou superior a cinco, existe um risco aumentado de envolvimento de órgãos internos, como o fígado. Nestes casos, é recomendada a realização de ecografia abdominal e análises para despistar hemangiomatose visceral.
Os hemangiomas na área do pescoço podem indicar a presença de hemangiomatose laríngea, causando sintomas como estridor, tosse ou dificuldade respiratória. Nestes casos, é importante realizar exames complementares para avaliar a extensão do problema.
É possível prevenir?
Atualmente, não existem formas conhecidas de prevenir o aparecimento de hemangiomas infantis, pois a sua causa exata ainda não está completamente esclarecida.
O hemangioma infantil é uma condição comum, na maioria dos casos, autolimitada e inofensiva. Contudo, é fundamental que os pais fiquem atentos ao desenvolvimento da lesão e procurem a orientação de um dermatologista.