Como aliviar os sintomas de uma crise de eczema?

O eczema, também conhecido como dermatite atópica, é uma condição de pele que causa inflamação, vermelhidão e prurido. Embora possa variar em intensidade, uma crise de eczema pode ser particularmente desconfortável e desafiante para quem a enfrenta.

Neste artigo, pode ficar a conhecer estratégias para aliviar os sintomas das crises de eczema e o que pode fazer para as prevenir.

O que é o eczema?

O eczema é uma doença inflamatória da pele que afeta a camada externa da pele, conhecida como epiderme. Provoca erupções cutâneas, comichão intensa e pele seca e, em alguns casos, rachaduras e feridas.

Também conhecida como dermatite atópica, esta é uma das condições de pele mais comuns, especialmente em crianças, mas pode afetar pessoas de todas as idades.

Embora as causas exatas do eczema não sejam totalmente compreendidas, fatores como genética, sistema imunológico e ambiente desempenham papéis importantes.

É uma condição crónica que, às vezes, piora, mas não é contagiosa. Hidratar regularmente e seguir outros hábitos de cuidados com a pele pode aliviar a comichão e prevenir essas crises.

Como se carateriza uma crise de eczema?

Uma crise de eczema pode manifestar-se na aparência e sensação da pele. Erupções cutâneas, pele seca e prurido nas mãos, pés, peito ou pescoço são, de forma geral, os sinais.

Mais detalhadamente, os sintomas de uma crise de dermatite atópica podem incluir:

• Manchas vermelhas e inflamadas na pele;
• Pele seca, rachada ou a descamar;
• Prurido intenso que pode piorar à noite;
• Formação de bolhas ou sangramento;
• Pequenos altos que formam crostas e podem libertar líquido.

Estes sintomas podem durar várias semanas e desaparecer ou, em alguns casos, durar mais tempo.

Contudo, muitas pessoas passam por crises recorrentes, frequentemente associadas a substâncias irritantes, alergias ou gatilhos específicos.

Quais as possíveis causas?

É importante perceber os padrões relacionados com as crises de eczema, e em que circunstâncias surgem. Por exemplo, se ocorrem quando:

• O ar condicionado ou o aquecedor está ligado;
• Está numa piscina com cloro;
• Usa um creme de mãos perfumado.

Identificar estes padrões pode ajudar a descobrir a causa, que, muitas vezes, resulta de uma combinação de fatores.

Antes de explorar os possíveis motivos e como os evitar, deve entender como estes afetam a sua pele, para os identificar mais facilmente.

Alergénios e irritantes

Os alergénios podem ser difíceis de identificar, uma vez que podem incluir componentes específicos em produtos como sabonetes, tintas para cabelo e champôs, por exemplo. Neste caso, é necessário realizar testes de contacto para identificar os alergénios específicos.

Algumas pessoas percebem que estes episódios pioram quando outras alergias também estão ativas. Um alergologista pode ajudar a identificar as causas e determinar o tratamento adequado.

Alguns alergénios comuns que podem desencadear estas crises são:

• Pó;
• Pólen;
• Pelos de animais;
• Clima frio e/ou seco;
• Clima quente e/ou húmido.

Por outro lado, as crises causadas por irritantes são mais comuns e envolvem a fricção ao lavar e secar as mãos ou o uso de produtos de limpeza agressivos, visto que removem a gordura e o óleo da pele, danificando a barreira cutânea.

Alguns dos irritantes comuns incluem:

• Sabonetes;
• Champôs;
• Gel de banho;
• Detergentes.

Um fator irritante pode enfraquecer a pele ao ponto de a tornar mais suscetível a alergias.

Bebés e crianças podem ter crises desencadeadas pela ingestão de certos alimentos, como ovos e leite de vaca.

Em termos de fatores desencadeantes, podemos ainda incluir:

• Genética: pessoas com histórico familiar de eczema, asma ou alergias têm maior probabilidade de desenvolver a condição.
• Sistema imunológico: uma resposta imunológica hiperativa pode causar a inflamação associada ao eczema.
• Fatores ambientais: como clima seco, poluição, contacto com certos produtos químicos, tecidos irritantes (como lã) ou alergénios (como pólen, pó e pelo de animais).
• Stress: está constatado que pode agravar os sintomas.

Para determinar a causa, consulte um dermatologista para o ajudar a definir estratégias e prevenir futuras crises.

Estratégias para amenizar a crise de eczema

É essencial adotar estratégias que ajudem a acalmar a pele irritada e prevenir novos episódios.

Hidratar constantemente a pele, identificar e evitar gatilhos específicos, bem como usar produtos adequados para cada tipo de pele são algumas das medidas possíveis.

A seguir, apresentamos dicas específicas para tratar o eczema em adultos e em bebés e crianças, considerando as necessidades próprias de cada grupo.

Dicas para adultos

Embora não exista uma cura definitiva para o eczema, algumas mudanças no estilo de vida e tratamentos podem ajudar a aliviar os sintomas e a prevenir novas crises. Se tem um histórico de crises, considere seguir estas dicas:

• Utilize produtos de higiene pessoal sem sabão, sem óleo e sem perfume;
• Beba água para manter a pele hidratada;
• Limpe a casa com regularidade, para eliminar alergénios como pólen e bolor;
• Evite o stress com exercícios de relaxamento ou meditação.

Existem, ainda, diversos tratamentos disponíveis. Cabe ao médico identificar a melhor opção para si, que pode incluir:

• Anti-histamínicos: para bloquear os sintomas de alergia, como vermelhidão e prurido;
• Antibióticos: porque coçar a pele pode provocar uma infeção de pele;
• Medicamentos biológicos: para bloquear a fonte da inflamação que causa o eczema;
• Inibidores da calcineurina: medicamentos imunossupressores e que reduzem a inflamação no eczema;
• Corticosteroides: são prescritos nos casos mais graves e usados apenas para interromper uma crise;
• Ciclosporina: suprime o sistema imunitário para prevenir surtos;
• Inibidores de JAK: tratam distúrbios inflamatórios crónicos que incluem a dermatite atópica, artrite psoriática e alopecia areata (perda repentina de áreas do cabelo);
• Metotrexato: é também um imunossupressor que pode ajudar a controlar o eczema. No entanto, pode prejudicar o fígado se usado por longos períodos;
• Fosfodiesterase 4: suprime a inflamação;
• Fototerapia: é usada em pessoas que não respondem bem a tratamentos tópicos ou cujos sintomas retomam rapidamente. Envolve a exposição controlada à luz solar natural ou à luz ultravioleta artificial (UVA e UVB). Embora eficaz, o uso prolongado pode causar envelhecimento precoce da pele, mudanças na pigmentação e aumentar o risco de cancro de pele. Por isso, a fototerapia não é indicada para bebés e raramente é usada em crianças pequenas;
• Cremes esteroides tópicos: para aliviar a inflamação e o inchaço da área afetada. O uso excessivo pode levar à descoloração e ao afinamento da pele.

Dicas para bebés e crianças

Entre 10% a 20% dos bebés desenvolvem eczema, com erupções que normalmente surgem no rosto e couro cabeludo. Na maioria das vezes, a condição melhora por volta dos cinco anos e, em alguns casos, desaparece completamente.

Os sintomas podem variar conforme a idade da criança. Nos casos mais graves, os bebés podem apresentar eczema em áreas menos comuns, como tronco, cotovelos e joelhos. Crianças e adolescentes podem notar a erupção na parte interna dos cotovelos, atrás dos joelhos, no pescoço, pulsos ou tornozelos. A pele tende a ficar mais seca, espessa e com uma textura escamosa.

Para tratamento do eczema infantil, considere as seguintes medidas:

• Identificar e evitar irritantes da pele;
• Evitar temperaturas extremas;
• Dar banhos rápidos em água morna e aplicar um creme hidratante enquanto a pele está húmida;
• Manter as unhas da criança curtas para evitar danos na pele por arranhões.

Se a erupção cutânea não melhorar ou parecer infetada, consulte o pediatra ou um dermatologista. Pode ser necessário algum medicamento para controlar a erupção cutânea ou tratar uma infeção. Também pode ser recomendado um anti-histamínico para ajudar a diminuir a comichão.

Estratégias para prevenir crises

As mudanças no estilo de vida e cuidados adequados com a pele são essenciais, tanto para aliviar os sintomas da crise como para preveni-la. Assim:

• Mantenha a pele hidratada mesmo quando o eczema parece controlado;
• Durante a noite, use um humidificador no quarto para manter a pele hidratada enquanto dorme;
• Evite banhos muito quentes e prefira água morna com uma pressão mais suave e evite esfregar a pele com força. Seque-se suavemente com uma toalha;
• Aplique creme hidratante imediatamente após o banho, enquanto a pele ainda estiver húmida;
• Evite produtos químicos e fragrâncias;
• Tome precauções extras em climas extremos;
• Opte por roupas e tecidos suaves;
• Atividades como meditação ou ioga podem ajudar a reduzir o stress, o que, por sua vez, pode evitar crises de eczema;
• Se certos alimentos desencadearem o eczema, considere ajustar a alimentação, mas consulte um médico antes de iniciar uma dieta específica.

Quando consultar um dermatologista?

Os sintomas do eczema podem variar em intensidade, de leves a graves, e podem aumentar o risco de infeções de pele. É importante procurar um médico se tiver ou se o seu filho tiver:

• Desconforto e dor que atrapalham o sono ou as atividades diárias;
• Sintomas persistentes de eczema, mesmo após o uso de tratamentos caseiros;
• Agravamento das infeções de pele, especialmente se houver pus, estrias vermelhas ou crostas amarelas.

Se qualquer um desses sintomas vier acompanhado de febre, procure atendimento médico de imediato.

Além de um dermatologista, também pode ser benéfico consultar um alergologista. Estes dois especialistas podem proporcionar um tratamento mais completo e eficaz, abordando tanto os sintomas da pele quanto as possíveis causas subjacentes do eczema.