Conheça os principais cancros digestivos e os cuidados a ter
26 Novembro, 2021 • 12 mins. leitura
O tabagismo e a obesidade estão na origem de mais de 90 por cento dos cancros digestivos, onde se incluem também outras neoplasias menos comuns, como os tumores neuroendócrinos, tumores estromais gastrointestinais e o cancro anal.
Conheça um pouco mais sobre cada tipo de cancro e sinais a que deve estar atento.
Cancro do Esófago
O cancro do esófago constitui a sexta causa de morte por cancro no mundo, sendo que, no nosso país, é a neoplasia mais comum nos homens.
Sendo uma doença quase “silenciosa” nos estádios iniciais, é, na grande maioria dos casos, detetada já numa fase avançada.
De resto, os sintomas mais comuns são a dificuldade e/ou dor em engolir, regurgitar os alimentos, tosse ou rouquidão prolongadas, indigestão, sensação de queimadura no peito, dores no peito ou nas costas, além da perda de peso repentina, sem um motivo aparente.
Mais frequente após os 50 anos e com uma maior incidência nos homens do que nas mulheres, os principais fatores de risco são o alcoolismo e o tabagismo, refluxo gástrico, que consequentemente pode evoluir para Esófago de Barret, condição pré-maligna, além da obesidade e da infeção por papilomavírus humano (HPV), que apesar de ser o principal fator de risco para cancro de colo uterino, também pode estar envolvido em outros tipos de neoplasias.
O tratamento depende da localização do tumor e da fase de desenvolvimento da doença, além do estado geral do doente. A cirurgia é a resposta mais comum, havendo também a lugar a tratamento não cirúrgico, com recurso a quimio e radioterapia.
Cancro colorretal
O cancro do cólon e reto é outro dos que se engloba nos cancros digestivos e é o mais comum na Europa. Em Portugal, todos os anos surgem 10 mil novos doentes, o que significa que todos os dias são diagnosticados 27 novos casos.
A idade é o principal fator de risco neste tipo de cancro, sendo raro surgir antes dos 40 anos, com a incidência a aumentar exponencialmente entre os 40 e os 50 anos, sendo que é após os 50 que a doença se manifesta mais frequentemente.
Esta neoplasia é mais comum nos homens do que nas mulheres, sendo que, tal como acontece com a maioria dos cancros digestivos, o alcoolismo, tabagismo, obesidade e uma dieta pobre em fibras são claros fatores de risco.
Também a doença inflamatória intestinal e uma alimentação rica em carnes vermelhas e alimentos processados podem conduzir a um cancro colorretal. Síndromes genéticas, ou a história familiar de cancro estão dentro os fatores de risco não modificáveis.
Os sintomas mais comuns são, dor abdominal, alterações do trânsito intestinal, emagrecimento repentino e sem causa aparente, cansaço, anemia e a existência de sangue nas fezes. Possíveis complicações em fases avançadas são obstrução do intestino grosso, originando dor e distensão abdominal, e perfuração podendo necessitar de intervenção cirúrgica urgente.
A partir dos 50 anos, existe em Portugal um programa de rastreio, que se baseia na pesquisa de sangue oculto nas fezes em pessoas assintomáticas. Se este teste for positivo, o paciente é submetido a uma colonoscopia.
No caso de pessoas com risco elevado para o cancro colorretal, por fatores hereditários ou pela existência prévia de doença inflamatória intestinal, este rastreio deve ser feito antes dos 50 anos.
O tratamento baseia-se na cirurgia e/ou procedimentos não cirúrgicos, como a quimioterapia e a radioterapia.
Cancro do estômago
Em Portugal, o cancro do estômago é o quarto tumor maligno mais diagnosticado entre homens e mulheres. E, embora a incidência desta neoplasia tenha vindo a diminuir ao longo dos anos, o cancro do estômago continua a ter ainda um peso muito significativo no que toca ao tratamento oncológico.
Tabagismo e alcoolismo são dois dos principais fatores de risco para o desenvolvimento desta patologia, que se alicerça também no consumo de alimentos salgados e fumados, a exposição às nitrosaminas, um composto químico presente no tabaco e também nos enchidos.
O consumo de carne e outros alimentos processados contribuem também para o cancro do estômago, além da obesidade e da infeção por Helicobacter pylori. A história familiar de 1º grau (pai, mãe ou irmãos) que tiveram cancro do estômago também constituem um fator de risco conhecido.
Os sintomas mais frequentes são, uma vez mais, perda de peso repentina e sem causa aparente, a perda de apetite, dor abdominal, dor a engolir, anemia, sensação de saciedade precoce, além de anemia e hemorragia digestiva alta. Em fases mais avançadas da doença, pode ainda ocorrer o aumento do volume abdominal por ascite (acumulação anormal de líquido no abdómen) e icterícia (pele e mucosas amarelas).
O tratamento depende em muito da deteção precoce da doença e a cirurgia é a solução apontada, podendo ser coadjuvada pela quimioterapia ou terapêuticas alvo.
Cancro do Pâncreas
O cancro do pâncreas está, também, entre as neoplasias com mais alta taxa de mortalidade, sendo a sétima causa de morte por cancro em todo o mundo. Em Portugal, é o terceiro cancro digestivo mais frequente, a seguir ao cancro colorretal e ao cancro do estômago.
Sendo mais prevalente no sexo masculino, a taxa de mortalidade é mais elevada entre os 75 e os 79 anos.
Quanto aos fatores de risco, de novo, o tabagismo, o alcoolismo e a obesidade, além da diabetes, da existência de uma pancreatite ou de ter uma profissão de risco em termos de exposição a metais, e gases industriais ou químicos. Em termos de fatores de risco não-modificáveis, encontram-se algumas síndromes com predisposição genética.
Os sintomas surgem tardiamente e são bastante inespecíficos, como é o caso da perda de peso ou de apetite sem razão aparente, náuseas, vómitos e dor na região abdominal. O surgimento de icterícia, urina de cor escura e/ou as fezes de cor clara são sintomas mais específicos e que fazem suspeitar desta doença.
De diagnóstico tardio, apenas 20 por cento dos pacientes é sujeito a cirurgia, sendo que a taxa de sobrevida aos cinco anos é de apenas 30 por cento.
Cancro do Fígado
O carcinoma hepatocelular, ou cancro do fígado, representa a quarta causa de morte por cancro em todo o mundo e, no nosso país, surgem mais de 1300 casos/ano, sendo uma doença mais prevalente entre os homens.
Os principais fatores de risco, além dos já citados tabagismo e alcoolismo, são a existência de hepatite B ou C, uma vez que são predominantemente relacionados com a hepatite crónica, que consequentemente, pode evoluir para cancro de fígado.
Igualmente com sintomas muito inespecíficos, como as náuseas e vómitos, a perda de peso e de apetite sem razão conhecida ou o cansaço, podem surgir outros como
o aparecimento de uma massa do lado direito do abdómen superior, abaixo das costelas ou dor do lado direito do abdómen superior, abaixo das costelas, além de icterícia.
A cirurgia é o único tratamento com impacto a longo prazo, o que confere ainda mais importância à deteção precoce desta neoplasia. Como medidas preventivas, a vacinação contra a hepatite e o tratamento desta, além de uma alimentação saudável e de cuidados com o colesterol, são fatores importantes para travar o surgimento do cancro do fígado.
Cancro do Esófago
É a 6ª causa de morte por cancro no mundo e é a neoplasia mais comum nos homens, em Portugal.
Sintomas
- Dificuldade e/ou dor em engolir;
- Regurgitar os alimentos;
- Tosse ou rouquidão prolongadas;
- Indigestão;
- Sensação de queimadura no peito;
- Dores no peito ou nas costas;
- Perda de peso repentina, sem motivo aparente.
Fatores de risco
- Alcoolismo;
- Tabagismo;
- Refluxo gástrico;
- Obesidade;
- Infeção por papiloma vírus humano (HPV).
Tratamento
- Cirurgia (resposta mais comum);
- Quimioterapia;
- Radioterapia.
Cancro Colorretal
É um dos cancros digestivos mais comum na Europa em Portugal anualmente, são diagnosticados 10 mil novos casos.
Sintomas
- Dor abdominal;
- Alterações do trânsito intestinal;
- Emagrecimento repentino e sem causa aparente;
- Cansaço;
- Anemia;
- Fezes com sangue;
- Obstrução do intestino grosso, originando dor, distensão abdominal e perfuração.
Fatores de risco
- Ter mais de 40/50 anos;
- Ser homem;
- Alcoolismo;
- Tabagismo;
- Obesidade;
- Dieta pobre em fibras;
- Sofrer de doença inflamatória intestinal;
- Fazer uma alimentação rica em carnes vermelhas e alimentos processados;
- Síndromes genéticas;
- História familiar de cancro.
Tratamento
- Cirurgia;
- Quimioterapia;
- Radioterapia.
Cancro do Estômago
Em Portugal, é o quarto tumor maligno mais diagnosticado entre homens e mulheres.
Sintomas
- Perda de peso repentina e sem causa aparente;
- Perda de apetite;
- Dor abdominal;
- Dor a engolir;
- Anemia;
- Sensação precoce de saciedade;
- Anemia;
- Hemorragia digestiva alta;
- Aumento do volume abdominal por ascite;
- Ícterícia.
Fatores de risco
- Tabagismo;
- Alcoolismo;
- Consumo de alimentos salgados e fumados;
- Exposição às nitrosaminas, um composto químico presente no tabaco e também nos enchidos;
- Consumo de carne e de outros alimentos processados;
- Obesidade;
- Infeção por Helicobacter pylori;
- História familiar de 1º grau (pai, mãe ou irmãos) de cancro do estômago.
Tratamento
- Cirurgia;
- Quimioterapia;
- Terapêuticas alvo.
Cancro do Pâncreas
É a neoplasia com uma taxa de mortalidade mais elevada; É 7ª causa de morte por cancro mais frequente em todo o mundo; Em Portugal, é o terceiro cancro digestivo mais frequente; É mais prevalente no género masculino, causando mais óbitos entre os 75 e os 79 anos.
Sintomas
- Perda de peso ou de apetite sem razão aparente;
- Náuseas;
- Vómitos;
- Dor na região abdominal;
- Icterícia;
- Urina de cor escura;
- Fezes de cor clara.
Fatores de risco
- Tabagismo;
- Alcoolismo;
- Obesidade;
- Diabetes;
- Pancreatite;
- Ter uma profissão de risco em termos de exposição a metais e gases industriais ou químicos;
- Síndromes com predisposição genética.
Tratamento
- cirurgia, embora apenas 20% dos doentes reúnam condições para tal.
Cancro do Fígado
É a 4ª causa de morte por cancro mais frequente em todo o mundo; Anualmente, em Portugal, são diagnosticados mais de 1300 casos. É mais prevalente no género masculino.
Sintomas
- Náuseas;
- Vómitos;
- Perda de peso e de apetite sem razão conhecida;
- Cansaço;
- Aparecimento de uma massa e/ou de dor do lado direito do abdómen superior ou abaixo das costelas;
- Ícterícia.
Fatores de risco
- Tabagismo;
- Alcoolismo;
- Hepatite B;
- Hepatite C.
Tratamento
- Cirurgia.
A aposta na prevenção é essencial
Como se percebe pelos fatores de risco apontados em cada uma destas neoplasias, os cancros digestivos derivam, na grande maioria dos casos, de comportamentos controláveis e, portanto, evitáveis, como o alcoolismo e o tabagismo.
A manutenção de uma dieta equilibrada, o controlo do peso e a prática de atividade física regular são essenciais na prevenção destes cancros.