Demência vascular: o que é e a que sinais deve prestar atenção
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Tipos
- 3. Quais as causas?
- 4. Sintomas
- 5. Tratamento
A demência vascular é uma doença que afeta a função cerebral, nomeadamente em termos de memória e raciocínio.
Uma investigação da Escola de Saúde Pública da Universidade do Porto concluiu que este é o tipo mais comum de demência em Portugal, afetando 4,5% da população acima dos 55 anos.
É difícil diagnosticar a demência vascular, porque os sintomas são muito semelhantes aos do Alzheimer. Por isso, é importante prestar atenção aos sinais, entender o que pode originar esta condição, bem como os seus efeitos na vida dos pacientes.
O que é a demência vascular?
A demência vascular é uma forma de demência resultante de dificuldades de circulação do sangue para o cérebro. Estes problemas vão afetar as funções cerebrais, levando, por exemplo, à perda de memória e de capacidades importantes para a vida quotidiana.
Tipos de demência vascular
Embora existam vários tipos de demência vascular, os mais comuns são a demência por multienfartes e a doença de Binswanger.
A forma mais frequente é a demência por multienfartes. É provocada por uma série de pequenos enfartes cerebrais (os acidentes isquémicos transitórios), que danificam a área do cérebro associada à memória, aprendizagem e linguagem. Carateriza-se por sintomas como depressão severa, alterações de humor e epilepsia.
A doença de Binswanger, ou demência vascular subcortical, é mais rara e atinge sobretudo a parte mais profunda do cérebro, denominada substância branca. É mais frequente em pessoas com hipertensão grave e mal controlada. Os sintomas iniciais são: lentidão, sonolência, dificuldade em andar, desregulação emocional e incontinência urinária.
Quais são as causas?
A demência vascular pode afetar qualquer pessoa e ser provocada por um ou vários enfartes. Ainda assim, nem todas as pessoas que sofrem um enfarte acabam por ter demência vascular.
A investigação feita nesta área mostra que existe uma ligação entre doenças cardiovasculares (que envolvem o coração e os vasos sanguíneos) e as doenças cerebrovasculares, como a demência, que envolvem o cérebro.
Há fatores que aumentam a probabilidade de vir a sofrer desta doença:
- Hipertensão;
- Tabagismo;
- Diabetes;
- Colesterol elevado;
- Ritmos cardíacos irregulares;
- História prévia de enfartes ligeiros;
- Doenças nas artérias.
Sintomas da demência vascular
Os sintomas da demência vascular podem surgir subitamente ou progredir de forma gradual, podendo mesmo existir períodos em que a evolução parece favorável. Esta doença pode ocorrer isoladamente ou estar associada a outros diagnósticos, como o de Alzheimer, até porque os sintomas são semelhantes.
Quem sofre de demência vascular pode deparar-se com problemas de várias ordens, tais como:
- Perda de memória (de acontecimentos antigos ou de situações atuais);
- Dificuldades de orientação;
- Dificuldade no desempenho de tarefas que fazia facilmente;
- Colocar objetos nos locais errados;
- Dificuldade em seguir instruções ou em reter informações novas;
- Dificuldades ao nível de linguagem (não encontrar as palavras certas ou usar as palavras erradas);
- Alteração nos padrões de sono;
- Dificuldade em ler e escrever;
- Alterações na personalidade, comportamento e humor (agitação ou agressividade);
- Alucinações e delírios;
- Dificuldade em avaliar o perigo;
- Perda de objetos de valor;
- Perda de sentimentos como empatia e compaixão;
- Dificuldade em controlar emoções;
- Fazer falsas afirmações;
- Perda de autonomia, já que não consegue realizar tarefas simples.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito com recurso à história clínica, exames neurológicos e a exames adicionais, como a tomografia computorizada ou a ressonância magnética.
Algumas pessoas com demência vascular têm também doença de Alzheimer e, como é difícil distinguir, por vezes, o diagnóstico definitivo só ocorre com exames ao cérebro após a morte.
Tratamento da demência vascular
O tratamento da demência vascular depende da causa e do grau da doença. Como não é possível reverter os danos causados no cérebro, incide sobretudo na prevenção de outros enfartes, através de medicamentos para controlar a tensão arterial, colesterol, doença cardíaca e diabetes. A aspirina e outros medicamentos para prevenir a formação de coágulos nos vasos sanguíneos pequenos também são usados como forma de prevenção de enfartes.
Estes tratamentos devem ser complementados com hábitos saudáveis, como praticar exercício físico, ter uma alimentação equilibrada, não fumar e moderar o consumo de álcool.
Já a medicação para a depressão, agitação e insónias é uma forma de diminuir alguns sintomas. O treino cognitivo e da memória, sobretudo em fases iniciais da doença, contribui para reduzir os seus efeitos.
Adicionalmente, é de extrema importância a implementação de medidas de apoio e segurança no ambiente onde o paciente reside e/ou frequenta, a fim de beneficiar de maior estabilidade física e psíquica, assim como de maior conforto.
Como prevenir a demência vascular?
A prevenção deste tipo de demência passa por controlar fatores de risco cardiovasculares e assumir um estilo de vida saudável, eliminando hábitos como o sedentarismo, tabagismo, alcoolismo ou má alimentação. A realização de exames de rotina também é importante para detetar precocemente problemas como a diabetes ou a hipertensão.