Diabetes tipo 1: quais as caraterísticas desta doença autoimune?
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Quais as causas?
- 3. Sintomas
- 4. Diagnóstico
- 5. Consequências
Os sintomas da diabetes tipo 1 podem demorar a aparecer, mas, quando surgem, são geralmente intensos. Além da perda de peso, cansaço ou visão turva, os pacientes podem manifestar uma sensação quase constante de fome e de sede.
Comparativamente com a diabetes tipo 2, é mais difícil de prevenir e de antecipar, mas é possível mantê-la controlada e evitar danos sérios na saúde.
Saiba que outros aspetos caraterizam esta doença autoimune e quais os tratamentos indicados.
O que é a diabetes tipo 1
A diabetes é uma doença crónica caraterizada por um aumento de glicose no sangue. A glicose é essencial para que o nosso corpo tenha energia, mas, se os níveis forem muito altos, pode causar complicações na saúde.
O pâncreas produz a insulina, uma hormona que faz a regulação da glicose no sangue. Quando este órgão não produz insulina suficiente ou quando o corpo não responde eficazmente à insulina produzida, surge a diabetes.
Os tipos mais comuns são diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e diabetes gestacional.
A diabetes tipo 1 é a forma de diabetes mais predominante em crianças e jovens adultos, mas pode ocorrer em qualquer idade.
Quais são as causas?
A diabetes tipo 1 é menos frequente do que os outros tipos de diabetes. Ao contrário do que acontece com a tipo 2 , a diabetes tipo 1 não é causada por má alimentação ou sedentarismo, o que faz com que seja difícil de prevenir e de antecipar.
Algumas pessoas possuem genes que parecem aumentar a possibilidade de sofrer de diabetes tipo 1, mas outras, embora os tenham, nunca se tornam diabéticas.
Segundo o CDC (Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA), há questões ambientais, como um vírus, que também podem contribuir para desenvolvimento do diabetes tipo 1. Ainda assim, as causas ainda não estão totalmente identificadas.
É considerada uma doença autoimune porque é causada pelo próprio corpo, que, por motivos que ainda não são conhecidos, destrói as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina. Este processo pode prolongar-se por meses ou anos sem qualquer manifestação em termos de sintomas.
Quando o corpo reage desta forma, a pessoa passa a ser insulinodependente, isto é, vai ter de fazer um tratamento com insulina durante o resto da sua vida.
Sintomas
Devido à falta de insulina, a glicose não entra nas células e o corpo é obrigado a procurar outras fontes de energia, como as proteínas dos músculos e as gorduras. Este processo gera sintomas como perda de peso, cansaço, visão turva e uma sensação quase constante de fome.
Por outro lado, o corpo tenta eliminar a glicose em excesso através da urina, causando sensação de sede e necessidade de urinar mais vezes.
O facto de o organismo recorrer à gordura para produzir energia também provoca sintomas como mal-estar generalizado, com enjoos, vómitos e dor de barriga (a chamada cetoacidose diabética).
O desenvolvimento dos sintomas de diabetes tipo 1 pode ser lento (meses ou semanas), mas, quando surgem, são geralmente intensos. Por isso, caso note algumas destas situações, fale com o seu médico.
Diagnóstico
Quando existem os sintomas descritos, as análises ao sangue são o melhor método de confirmar o diagnóstico de diabetes tipo 1. O médico vai ter especial atenção aos valores de glicose no sangue (glicemia).
A Prova de Tolerância à Glicose Oral (PTGO) também é usada para corroborar o resultado das análises. A pessoa deve ingerir 75 gramas de glicose dissolvida em água e aguardar 2 horas. Findo esse período, volta a ser analisada a glicemia. Se for igual ou superior a 200 miligramas por decilitro, confirma-se o diagnóstico de diabetes tipo 1.
Dado tratar-se de um exame desconfortável, acaba por não ser rotineiramente utilizado no diagnóstico da diabetes, salvo em determinados casos, como em gestantes, para o rastreio de diabetes gestacional .
Outro exame realizado em laboratório é a concentração de Hemoglobina Glicada (hemoglobina A1C), que avalia a concentração de glicose nos 3 meses anteriores à data do exame.
Os médicos podem igualmente recorrer a testes para anticorpos e análises à urina para verificar a existência de corpos cetónicos, que resultam da utilização de gordura como fonte de energia.
Consequências da diabetes tipo 1
Quando os valores de glicose no sangue são elevados, podem ocorrer danos nos rins, olhos, nervos e artérias, bem como riscos acrescidos de enfarte agudo do miocárdio (ataque cardíaco) ou AVC.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), após 30 anos de diabetes, 4 em 5 pessoas têm lesão da retina (retinopatia diabética) e 2 em 5 pessoas têm problemas de visão que podem resultar em cegueira. São igualmente comuns as lesões nos nervos periféricos (neuropatia periférica), que se manifestam sobretudo nos pés (o chamado pé de diabético).
Após algumas décadas, 1 em cada 3 diabéticos apresenta problemas nos rins (nefropatia diabética), sendo a gravidade variável. Nas situações mais críticas, pode levar a uma insuficiência renal crónica que obrigue a diálise.
A diabetes aumenta também a prevalência de doença arterial coronária, de doença cerebrovascular, doença arterial periférica e angina de peito.
Controlar o açúcar no sangue é fundamental para evitar estes danos e para fazer com que, caso ocorram, não sejam irreversíveis.
Tratamento
O tratamento da diabetes tipo 1 consiste na utilização diária de insulina, através de injeções ou das bombas de insulina. O objetivo é compensar a ausência desta hormona, "imitando" o que o pâncreas deveria fazer.
Os diabéticos têm igualmente de medir regularmente o açúcar no sangue, conforme as orientações do médico, que vai indicar o valor ideal e a frequência com que estas medições devem ser feitas.
Há duas formas de medir a glicose: através de uma picada no dedo (glicemia capilar) ou de sensores de monitorização, que são colocados no braço e que fazem a monitorização contínua.
O tratamento da diabetes tipo 1 passa também pela adoção de hábitos saudáveis, como atividade física regular e uma alimentação cuidada.
A Direção-Geral da Saúde, no documento Crianças e jovens com Diabetes Mellitus Tipo 1 - Manual de formação resumido para profissionais de saúde e de educação, deixa algumas recomendações importantes no que respeita à alimentação:
- Usar como alimentos-base produtos hortícolas, fruta, cereais pouco refinados e leguminosas;
- Seguir os princípios da Dieta Mediterrânica, apostando em sopas, cozidos, ensopados e caldeiradas com produtos da época;
- Reservar os pratos mais elaborados para os dias de festa.