Angina: o que é e que tipo de dor causa no peito?
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Indíce
- 1. O que é
- 2. Tipologia
- 3. Quais os sintomas?
- 4. Angina vs. Ataque Cardíaco
- 5. Quais as causas?
A angina, também conhecida como angina de peito, não é uma doença, mas um sintoma que surge na sequência de esforços ou de ocasiões de stress.
Pode ser confundida com um ataque cardíaco, mas há diferenças. Embora a angina seja menos grave, é um indicador de que algo não está bem com o seu coração, pelo que deve ser tratada.
Na maior parte das vezes, a angina pode ser prevenida com alterações no estilo de vida. Saiba quais.
O que é a angina
A angina é provocada por uma diminuição ou obstrução nas artérias coronárias, que transportam sangue de e para o músculo cardíaco (o miocárdio). Estas artérias endurecem ou entopem devido à acumulação de placas de gordura, pelo que o miocárdio não recebe o oxigénio necessário.
Assim, em caso de esforço físico ou noutras situações em que o coração precise de mais sangue, e como existe uma obstrução à sua circulação, surge uma dor no peito .
Por isso, a angina não pode ser considerada uma doença, mas como um sinal de que existe uma doença cardíaca, como a doença arterial coronária (DAC).
Tipos de angina
Há vários tipos de angina. Cada uma com fatores desencadeantes e sintomas diferentes.
Angina estável
A angina estável surge em situações de esforço, de stress emocional ou perante temperaturas muito altas ou muito baixas. Refeições pesadas e fumar também podem desencadear uma dor no peito, que dura cerca de cinco minutos.
É importante falar com o seu médico se costuma ter dores no peito nestas circunstâncias, para que seja feito o diagnóstico do problema e prescrito o tratamento mais adequado.
O repouso ou medicação de emergência para aumentar o fluxo de sangue para o coração costumam aliviar estas crises.
Angina instável
A angina instável, também conhecida como síndrome coronária aguda, aparece de forma inesperada, mesmo durante o repouso. É geralmente causada pela rutura de placas de aterosclerose (depósitos de gordura ou ateromas) nas paredes das artérias coronárias, provocando coágulos sanguíneos que bloqueiam a passagem de sangue para o miocárdio. Estes coágulos podem dissolver-se e voltar a formar-se, causando uma nova angina.
Este tipo de angina é uma emergência médica, que deve ser tratada, sobretudo quando ocorre subitamente durante o sono e dure mais tempo do que a angina estável. Neste caso, a angina pode ser sintoma de ataque cardíaco, implicando uma intervenção para reparar os danos nas artérias coronárias e miocárdio.
Angina variante ou de Prinzmetal
A angina variante, vasospástica ou de Prinzmetal, é um tipo raro de angina, que aparece durante a noite, provocando dores fortes e alterações no ritmo cardíaco motivados por espasmos transitórios das artérias coronárias. Frio, stress, medicamentos que estreitam os vasos sanguíneos (vasoconstritores), tabaco e consumo de estupefacientes são algumas das causas desta angina, que geralmente é controlada com medicação.
Angina microvascular
A angina microvascular é um sintoma de doença microvascular coronária, em que as lesões acontecem nas paredes das artérias de menor calibre. Tal como sucede nas restantes anginas, esta obstrução à passagem do fluxo sanguíneo provoca espasmos e dores no peito, geralmente em situações do quotidiano ou em momentos de stress.
Neste caso, porém, a dor é mais prolongada (pode durar entre 10 a 30 minutos) e é acompanhada por dificuldade em respirar, perturbações do sono, fadiga e falta de energia.
Quais são os sintomas de angina
A angina é uma dor no peito, descrita como uma pressão ou um aperto na região do tórax, mais especificamente, no esterno, mas que pode irradiar aos braços, ombros, costas ou maxilares. A intensidade é constante e não se altera com a respiração ou mudança de posição. Em pacientes idosos, diabéticos e mulheres, a sintomatologia pode variar.
Se resultar de esforço físico ou da exposição ao frio, a dor desaparece quando estas causas são interrompidas. Por vezes, dá-se após uma refeição pesada, pelo que pode ser confundida com uma indigestão.
A dor dura pouco tempo e, nos pacientes que já tiveram episódios anteriores e já estão medicados, um comprimido de nitroglicerina provoca alívio imediato.
Como distinguir uma angina de um ataque cardíaco
Como a angina é uma dor no peito, a vítima pode pensar que está a ter um ataque cardíaco (enfarte agudo do miocárdio).
No entanto, o ataque cardíaco é uma situação mais grave, uma vez que existe uma grande obstrução na artéria coronária, causando a morte das células do miocárdio.
A tabela seguinte resume as principais diferenças e semelhanças.
Angina | Ataque cardíaco | |
---|---|---|
Dor | Na parte de trás do esterno; intensidade contínua | Na parte de trás do esterno; intensidade contínua |
Irradiação | Braço esquerdo, dorso, pescoço, maxilar inferior ou abdómen | Braço esquerdo, dorso, pescoço, maxilar inferior ou abdómen |
Intensidade | Vai de um desconforto ligeiro até uma sensação de opressão intensa | Muito intensa, podendo agravar-se ao longo das horas |
Duração | Cerca de dois ou três minutos | Pode durar horas |
Fatores que desencadeiam | Esforço físico, emoções, frio intenso | Pode surgir em repouso e sem existir um fator |
Situações em que exista uma dor no peito ou dificuldade em respirar são situações graves ou de risco de vida, exigindo a intervenção do INEM. Por isso, se manifestar esses sintomas, deve ligar para o 112.
Quais são as causas da angina?
A angina é causada por fatores de risco que potenciam doenças cardíacas, como o tabagismo, hipertensão, diabetes, colesterol elevado, obesidade ou excesso de peso, estilo de vida sedentário ou uma dieta desequilibrada.
Este problema pode também ser potenciado pela síndrome metabólica, resultante da conjugação de fatores como um perímetro abdominal elevado, hipertensão, diabetes ou a idade (mais de 45 anos nos homens ou 55 nas mulheres).
Quem tem familiares com doença cardíaca também tem uma maior probabilidade de sofrer de angina de peito.
Diagnóstico
A história clínica do paciente e as caraterísticas da dor (localização, relação com o exercício, duração e intensidade) são importantes no diagnóstico.
O aspeto do doente (verificar se apresenta palidez ou suor) e a auscultação dos sons cardíacos também ajudam a perceber do que se trata.
O eletrocardiograma pode não detetar alterações na atividade elétrica do coração, mesmo durante uma crise. Se existir suspeita de angina, o médico poderá pedir exames complementares.
Tratamento
O objetivo do tratamento é evitar a progressão da obstrução e a deterioração do miocárdio, o que pode levar a um ataque cardíaco.
Os medicamentos que dilatam as artérias coronárias e melhoram o fluxo sanguíneo são frequentemente usados no tratamento. A utilização da aspirina, que ajuda a reduzir o risco de formação de coágulos nas artérias, também pode ser benéfica.
Se as queixas persistirem, poderá ser necessário avançar para procedimentos mais invasivos, como um cateterismo cardíaco e desobstrução das artérias coronárias, através de angioplastia ou bypass.
De modo que os tratamentos sejam eficazes, é fundamental que o doente mude o seu estilo de vida. Por um lado, deve eliminar hábitos prejudiciais, como fumar, e por outro, deve introduzir rotinas saudáveis, como uma alimentação adequada e a prática de exercício físico. Controlar a hipertensão arterial, diabetes e o colesterol é igualmente muito importante.