mulher deitada a observar medicamentos na mesinha de cabeceira

Menopausa: as doenças mais frequentes nesta fase

6 mins. leitura

A diminuição da produção de estrogénio, que acontece durante a menopausa, aumenta o risco de desenvolvimento de algumas doenças. Isto acontece porque a hormona produzida pelos ovários é a principal responsável pelo funcionamento do sistema reprodutor feminino, além de ter uma função preponderante na saúde dos ossos, do cérebro e do sistema cardiovascular.

Assim, após a menopausa acontecer, a mulher corre mais risco de desenvolver, também, quistos na mama, pólipos no útero ou mesmo cancro.


O que é a menopausa?

De uma forma muito simples, a menopausa é definida como a última menstruação, confirmada após 12 meses consecutivos de amenorreira (ausência de menstruação), o que marca, por sua vez, o fim da fase reprodutiva da mulher. Por norma, isto acontece entre os 45 e os 55 anos, sendo considerada menopausa precoce a que acontece antes dos 45 anos.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Ginecologia, no seu Consenso Nacional sobre Menopausa, considera-se menopausa tardia a que ocorre depois dos 54 anos. Neste documento, destaca-se, ainda, a menopausa iatrogénica, que acontece por causas médicas, nomeadamente quimio ou radioterapia e pela remoção dos ovários.

A transição menopáusica, vulgarmente chamada de perimenopausa, consiste no período de tempo variável, em que o ciclo menstrual se torna irregular e termina com a última menstruação.


Alterações físicas e sintomas da menopausa

Além das ondas de calor e dos suores frios que se lhes seguem, da secura vaginal e das mudanças bruscas de humor, sintomas sentidos pela grande maioria das mulheres após a menopausa, são várias as alterações físicas sentidas nesta fase.

  • Atrofia vaginal: o revestimento da vagina torna-se mais fino e mais seco, perdendo elasticidade, o que pode provocar dor durante as relações sexuais. Também a libido (o desejo sexual) tem tendência a diminuir e, normalmente, a mulher demora mais tempo a atingir o orgasmo.
  • Infeções e incontinência urinária: com a menopausa, a uretra fica mais curta e o seu revestimento perde densidade, o que leva a que a mulher possa, mais facilmente, ter infeções das vias urinárias. A necessidade de urinar torna-se mais urgente e poderá levar a incontinência urinária.
  • Pele mais fina e seca: a redução do nível de estrogénio, a par do envelhecimento, conduz à diminuição do colagénio e da elastina, fazendo com que a pele perca elasticidade e fique mais fina e seca e, portanto, mais sujeita a lesões.
  • Diminuição da densidade óssea: os ossos perdem densidade e ficam mais fracos, o que aumenta a probabilidade de fraturas.
  • Aumento do colesterol: após a menopausa, o colesterol LDL (o “colesterol mau”) aumenta, embora os níveis do HDL (o “colesterol bom”) se mantenham mais ou menos estáveis relativamente ao período pré menopausa.
mulher com dores na cama

As doenças mais frequentes na menopausa

Quistos nos ovários

São muito comuns devido às alterações hormonais produzidas na menopausa, podendo causar dores abdominais, sensação frequente de barriga inchada, bem como dor nas costas, náuseas e vómitos.

Quando surgem após a menopausa, estes quistos são, geralmente, malignos e têm de ser retirados. Muitas vezes, porém, são assintomáticos, só se descobrindo por meio de exames complementares de diagnóstico, como a ecografia, sendo, por isso, importante que a mulher tenha consultas regulares.


Quistos e cancro da mama

Os quistos, que se apresentam sob a forma de um caroço, podem surgir nesta fase, nomeadamente quando a mulher faz terapia de reposição hormonal.

As alterações hormonais podem conduzir também ao desenvolvimento de um cancro da mama, sendo, por isso, ainda de maior importância o autoexame da mama e a realização de ecografia e mamografia, conforme orientação do seu médico.


Pólipos no útero

O crescimento de pólipos no útero, ou pólipos endometriais, acontece com mais frequência nas mulheres que fazem tratamento de reposição hormonal ou nas que não tiveram filhos.

Muitas vezes, não provocam qualquer tipo de sintomas, mas podem provocar dor pélvica e sangramento espontâneo após as relações sexuais e raramente evoluem para cancro.

Tal como acontece com os pólipos endocervicais, são diagnosticados através do exame de Papanicolau.


Prolapso uterino

Sendo mais comum nas mulheres que tiveram mais de um parto normal, o prolapso do útero manifesta-se, exatamente, pela descida do útero, bem como por incontinência urinária e dor durante as relações sexuais.

Isto acontece porque, com a diminuição do estrogénio, os músculos pélvicos perdem tonicidade.

Através de cirurgia, irá proceder-se ao reposicionamento do útero ou à sua retirada.


Cancro do endométrio

Esta neoplasia pode surgir após a menopausa, especialmente tratando-se de uma menopausa tardia. Normalmente, é detetado precocemente, já que provoca dor e sangramento vaginal, sintomas que devem levar a procurar rapidamente tratamento médico.

mulher deitada a observar medicamentos na mesinha de cabeceira

Osteoporose

Embora a perda da densidade óssea seja normal no processo de envelhecimento, após a menopausa, este enfraquecimento acontece muito mais rapidamente que o normal, nomeadamente quando se trata de uma menopausa precoce. Isto pode conduzir à osteoporose, aumentando o risco de fraturas.

Nestes casos, a terapêutica de substituição hormonal é uma opção a considerar, sendo sempre sujeito a avaliação individual por parte do seu médico.


Síndrome metabólica

Obesidade (nomeadamente, aumento da gordura abdominal), colesterol elevado, hipertensão e aumento da resistência à insulina, que pode levar à diabetes, completam esta síndrome, que pode ocorrer por via das alterações hormonais provocadas pela menopausa.

Esta síndrome aumenta o risco de doenças cardiovasculares como aterosclerose, enfarte agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC).


Depressão

Por causa das alterações hormonais, nomeadamente, pela diminuição do estrogénio, também os níveis de serotonina e norepinefrina, que controlam o humor e a energia, diminuem, podendo levar à depressão.

A par disso, as mudanças físicas, a perda ou a diminuição do desejo sexual e a alteração do padrão de sono contribuem para que a instalação de um quadro depressivo nesta fase da vida da mulher.


Problemas de memória

Também a memória é afetada pelas alterações hormonais produzidas na menopausa, bem como a capacidade de concentração e de aprendizagem.


Disfunção sexual

A par da síndrome geniturinária, que pode causar dores durante as relações sexuais, pode ocorrer também diminuição da libido ou dificuldade em atingir o orgasmo, o que acontece devido à diminuição dos níveis de estrogénio.

O médico poderá receitar medicamentos à base de testosterona e antidepressivos.


Como amenizar os sintomas da menopausa e prevenir doenças

A terapia de substituição hormonal, recorrendo ao estrogénio ou à combinação desta hormona com a progesterona, é uma opção para amenizar os sintomas provocados pela menopausa e prevenir doenças, como a osteoporose, por exemplo.

No entanto, esta terapia tem também contraindicações, nomeadamente a possibilidade do desenvolvimento de cancro ou de AVC, pelo que esta opção deve ser bem ponderada.

De resto, e mesmo antes da menopausa, a mulher deve fazer uma consulta de Ginecologia, pelo menos, uma vez por ano.

Além da medicação ou das terapias recomendadas pelos especialistas, existem outros cuidados que a mulher deve ter no seu dia a dia, para minimizar os efeitos da menopausa.

Ter cuidado com a alimentação, aumentar a ingestão de líquidos, evitar condimentos e alimentos picantes, reduzir o consumo de café e de álcool, fazer exercício físico e reduzir o stress, fazendo ioga, meditação ou outras atividades que ajudem a relaxar são alguns dos comportamentos a adotar.

Aviso: O Blog Mais Saúde é um espaço meramente informativo. A Medicare recomenda sempre a consulta de um profissional de saúde para diagnóstico ou tratamento, não devendo nunca este Blog ser considerado substituto de diagnóstico médico.

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