Útero representado numa cartolina

Hemorragia uterina: o que está por trás do sangramento anormal?

6 mins. leitura

Indíce
  1. 1. O que é?
  2. 2. Quais as causas?
  3. 3. Quais os sintomas?
  4. 4. Que complicações podem surgir?
  5. 5. Diagnóstico

A hemorragia uterina anormal é um problema de saúde que pode afetar mulheres de todas as idades, causando preocupação devido ao volume ou à duração do sangramento. Este fenómeno é, muitas vezes, um sintoma de condições subjacentes que necessitam de atenção médica.

Continue a ler para compreender as causas, sintomas e as várias abordagens para o tratamento da hemorragia uterina anormal.


O que é a hemorragia uterina anormal e quão comum pode ser?

A hemorragia uterina anormal é qualquer hemorragia vaginal intensa, longa ou irregular. O sangramento, nestes casos, não segue um padrão previsível como um período menstrual típico. Qualquer hemorragia que ocorra fora da menstruação ou durante um período muito longo, intenso ou irregular é considerada uma hemorragia uterina anormal.

Este tipo de hemorragia pode surgir em diferentes fases da vida da mulher, incluindo puberdade, período reprodutivo e menopausa. Na gravidez, a hemorragia tem outras causas.

Em qualquer situação, é fundamental informar o seu médico sobre hemorragias anormais. A causa do sangramento pode ser inofensiva, mas também pode ser um sinal de um problema mais grave.

Estima-se que entre 10% e 35% das mulheres em idade reprodutiva possam apresentar hemorragia uterina anormal. Esta condição é ainda mais frequente durante a perimenopausa, os anos que antecedem a menopausa, e no início da menstruação, por volta dos 12 anos. No entanto, muitos casos podem não ser relatados e a percentagem de mulheres afetadas ser maior.


mulher em consultório de ginecologia

Quais as possíveis causas?

O sangramento uterino pode estar relacionado com desequilíbrios hormonais, condições estruturais ou outros problemas médicos.

Devido à variedade de causas possíveis, é essencial consultar um médico para diagnosticar corretamente a origem da hemorragia e determinar o tratamento adequado.


Desequilíbrios hormonais

Esta é a causa mais comum. A alteração nos níveis de estrogénio e progesterona pode causar um espessamento excessivo do revestimento uterino, levando a sangramentos intensos quando esse revestimento se desprende.

Este desequilíbrio pode ser influenciado por fatores como stress, obesidade ou alterações hormonais associadas à puberdade ou à menopausa.


Crescimentos uterinos

Miomas, pólipos uterinos, adenomiose e endometriose são condições que podem gerar hemorragias excessivas.

Os miomas e pólipos são tumores benignos que, ao pressionar o útero ou os vasos sanguíneos, podem causar sangramentos.

A adenomiose ocorre quando o revestimento uterino cresce na parede muscular do útero, podendo também provocar hemorragias intensas.


Falta de ovulação

Quando não ocorre ovulação, o revestimento uterino pode continuar a crescer sem ser eliminado adequadamente, resultando em sangramentos irregulares ou mais intensos.


Distúrbios da coagulação sanguínea

Problemas como a doença de von Willebrand (anomalia hereditária que afeta o funcionamento das plaquetas), ou outros distúrbios hemorrágicos podem prolongar o sangramento, uma vez que o sangue não coagula corretamente.


Infeções

Infeções sexualmente transmissíveis, bem como infeções que não se contraem sexualmente, podem causar hemorragias irregulares devido à inflamação do útero e das suas estruturas. Eis alguns exemplos:

  • Tricomoníase;
  • Cervicite;
  • Doença inflamatória pélvica;
  • Clamídia;
  • Gonorreia;
  • Endometrite;
  • Vaginite.

Cancro

Embora raro, o cancro uterino, cervical, vaginal ou de ovário pode ser uma causa de hemorragia uterina anormal, especialmente em estágios mais avançados.


Outras condições de saúde

Doença hepática, renal ou da tiroide, aborto espontâneo, gravidez ectópica, lesões no útero devido a traumatismo, são outros fatores que podem contribuir para a hemorragia uterina anormal.


Medicamentos

O uso de anticoagulantes, terapias hormonais ou dispositivos intrauterinos (DIU) pode interferir no ciclo menstrual e provocar sangramentos anormais.


mulher a sentir-se cansada

Quais os sintomas da hemorragia uterina anormal?

Os sintomas dependem da causa, mas geralmente incluem hemorragias intensas e irregulares. Alguns sintomas comuns são:

  • Sangramento abundante que exige a troca de pensos ou tampões a cada hora, durante várias horas, ou o uso de múltiplos produtos higiénicos;
  • Manchas ou hemorragias que ocorrem entre os períodos menstruais;
  • Menstruações que duram mais de sete dias;
  • Ciclos menstruais irregulares;
  • Amenorreia, ou seja, ausência de menstruação por mais de três meses;
  • Sangramento após a menopausa.

Além dos sintomas referidos, podem surgir sinais relacionados com a perda excessiva de sangue, como cansaço e fraqueza, sintomas típicos de anemia.

Outros sintomas causados por alterações hormonais podem incluir:

  • Crescimento excessivo de pelos (hirsutismo);
  • Ondas de calor;
  • Alterações de humor;
  • Secura ou sensibilidade vaginal.

Que complicações podem ocorrer?

A hemorragia uterina anormal pode causar complicações graves que afetam tanto a saúde como a qualidade de vida. A perda excessiva de sangue pode levar à anemia, uma condição em que o sangue carece de glóbulos vermelhos suficientes para transportar oxigénio de forma eficiente. Como resultado, é comum sentir-se cansaço, fraqueza e falta de energia.

Além disso, esta condição pode estar associada a problemas de fertilidade e aumentar o risco de cancro do endométrio. Em casos raros, pode ser um sinal de gravidez ectópica, especialmente se ocorrer hemorragia durante a gravidez. A gravidez ectópica é uma situação grave que exige atenção médica imediata.

Após a menopausa, qualquer hemorragia deve ser avaliada, mesmo em mulheres a fazer terapia de reposição hormonal, uma vez que pode indicar condições subjacentes graves.

É essencial procurar aconselhamento médico em caso de hemorragia intensa ou persistente, para prevenir complicações como anemia severa, infertilidade ou doenças mais graves.


Como é feito o diagnóstico da hemorragia uterina anormal?

O diagnóstico da hemorragia uterina anormal envolve avaliação médica e exames, para identificar as causas subjacentes. O processo pode incluir: 1 - 5

  • História clínica: o médico fará perguntas sobre os padrões de sangramento, como intensidade, duração, frequência e outros sintomas associados. Será importante também informar se monitoriza os ciclos menstruais e se toma medicamentos ou suplementos.
  • Exame físico: inclui um exame pélvico e, se necessário, um teste de Papanicolau para detetar o cancro do colo do útero.
  • Testes laboratoriais: nomeadamente, o teste de gravidez para excluir a possibilidade de gravidez, uma vez que o aborto espontâneo pode causar hemorragias intensas. Exames de sangue, incluindo hemograma completo para avaliar a quantidade de sangue perdida e verificar sinais de anemia, testes de coagulação e estudo hormonal (para verificar desequilíbrios hormonais).
  • Exames de imagem: ecografia transvaginal para observar o útero e identificar massas, como miomas ou pólipos, ou alterações no revestimento uterino. Histerossonografia com infusão de soro fisiológico para uma avaliação mais detalhada da cavidade uterina. Ressonância magnética, usada em casos específicos para detetar adenomiose ou outras condições.
  • Procedimentos adicionais: histeroscopia, para visualizar diretamente o interior do útero e identificar anomalias, como miomas ou pólipos. Biópsia do endométrio para verificar sinais de alterações celulares, como pré-cancro ou cancro.

O acompanhamento dos sintomas ao longo de vários ciclos pode ser útil para fornecer informações detalhadas e auxiliar no diagnóstico.


Que opções existem para tratamento da hemorragia uterina anormal?

O tratamento depende de vários fatores, incluindo a idade da mulher, intensidade do sangramento, presença de alterações no revestimento uterino e desejo de engravidar. O principal objetivo é controlar o sangramento e prevenir possíveis complicações.

Existem opções farmacológicas e cirúrgicas, que podem ser combinadas conforme o caso. O acompanhamento médico é essencial para ajustar o plano terapêutico e monitorizar os resultados.


Opções farmacológicas

A medicação é, normalmente, o primeiro tratamento a considerar, podendo ser recomendados diferentes tipos de medicamentos.


Medicamentos hormonais

Os medicamentos hormonais indicados para casos de hemorragia uterina anormal incluem:

  • Pílulas contracetivas combinadas: regulam o ciclo menstrual, reduzem o fluxo sanguíneo e diminuem o risco de cancro do endométrio.
  • Progestina: é indicada para mulheres que não podem usar estrogénios. Pode ser administrada por via oral, injetável, implante ou através de um dispositivo intrauterino (DIU) que liberta levonorgestrel.
  • Agonistas e antagonistas da hormona libertadora de gonadotrofinas: reduzem temporariamente o fluxo sanguíneo e podem diminuir o tamanho de miomas.

Outras opções terapêuticas

Além de medicamentos hormonais, o médico pode recomendar:

  • Suplementos de ferro, para tratar a anemia causada pela perda de sangue.
  • Antibióticos, caso a causa da hemorragia seja uma infeção.

Opções cirúrgicas

Existem vários procedimentos disponíveis para tratar a hemorragia uterina anormal, conforme a causa, nomeadamente:

  • Ablação endometrial: procedimento que destrói o revestimento uterino através de técnicas como calor, frio ou laser, indicado para mulheres que não desejam engravidar.
  • Histeroscopia e curetagem: remoção de tecidos anómalos ou espessados do útero, utilizada tanto para diagnóstico como para tratamento.
  • Miomectomia ou embolização da artéria uterina: tratamentos direcionados para remover ou reduzir miomas, preservando o útero.
  • Histerectomia: remoção do útero, recomendada em casos graves, como cancro ou quando outros tratamentos falharam.

Tratamento de emergência

Em situações de hemorragia intensa, podem ser necessárias intervenções urgentes, como transfusões de sangue, administração de estrogénio intravenoso (limitada a curto prazo) ou uso de balões intrauterinos para controlo imediato do sangramento.


É possível prevenir?

Embora nem sempre seja possível prevenir a hemorragia uterina anormal, é possível adotar medidas que ajudam a reduzir o risco de condições que podem desencadeá-la.

Manter um estilo de vida saudável é um dos principais fatores preventivos. Por exemplo, controlar o peso pode ajudar a manter um equilíbrio hormonal adequado, enquanto uma dieta equilibrada contribui para a saúde geral.

Além disso, a prática de sexo seguro, como o uso de preservativos, diminui o risco de infeções sexualmente transmissíveis (IST), que podem causar sangramentos irregulares.

A hemorragia uterina é um problema sério que não deve ser ignorado. Consultar um médico aos primeiros sinais é fundamental para assegurar um tratamento adequado e evitar complicações futuras.

Aviso: O Blog Mais Saúde é um espaço meramente informativo. A Medicare recomenda sempre a consulta de um profissional de saúde para diagnóstico ou tratamento, não devendo nunca este Blog ser considerado substituto de diagnóstico médico.

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