homem reconforta mulher

Síndrome do ninho vazio: como superar a ausência dos filhos?

5 mins. leitura

Indíce
  1. 1. O que é?
  2. 2. Porque acontece?
  3. 3. Quais os sintomas?
  4. 4. Como lidar?

Ver os filhos a deixar o lar, seja para estudar, trabalhar ou formar as suas próprias famílias, é um momento marcante para qualquer pai ou mãe. Esta transição, conhecida como síndrome do ninho vazio, pode desencadear uma série de emoções que afetam o bem-estar psicológico dos pais.

Fique a saber, neste artigo, o que é esta síndrome, causas e sintomas, bem como estratégias para enfrentar esta fase com resiliência e esperança.


O que é a síndrome do ninho vazio?

A síndrome do ninho vazio é uma experiência emocional que muitos pais vivenciam quando os filhos saem de casa para iniciar as suas vidas adultas.

Embora seja uma transição natural no ciclo familiar, pode causar sentimentos de perda, tristeza e até desorientação, sobretudo nos pais que dedicaram grande parte da sua vida a cuidar e a acompanhar os filhos.

Apesar de não ser considerada uma condição clínica, pode ter um impacto emocional significativo. Muitos pais passam por uma espécie de crise existencial, questionando o seu papel e propósito, agora que as responsabilidades diárias de cuidar dos filhos diminuíram ou desapareceram.

Estes sentimentos podem manifestar-se não só emocionalmente, mas também através sintomas físicos, como perturbações no sono ou alterações no apetite.

Ainda que possa afetar tanto homens como mulheres, é mais comum nas mães, as quais, tradicionalmente, assumem o papel de cuidadoras principais. Esta experiência pode ser, ainda, mais difícil quando coincide com outras grandes mudanças na vida, como a reforma ou a menopausa.

A saída dos filhos de casa é vista como um acontecimento natural e positivo, o que pode levar a que a tristeza e a sensação de perda passem despercebidas ou sejam subvalorizadas.


Porque acontece?

A sensação de perda é comum quando se enfrentam mudanças na vida, mas algumas alterações são mais complicadas do que outras. Qualquer pai pode vivenciar a síndrome do ninho vazio. Contudo, há vários fatores que podem aumentar a probabilidade de isso acontecer.


Identidade e papel de cuidador

Durante anos, muitos pais dedicam-se quase exclusivamente aos filhos, deixando pouco espaço para explorar os seus próprios interesses. Quando os filhos saem de casa, enfrentam uma perda dessa identidade de cuidador e precisam de redescobrir quem são fora desse papel.


Mudança de rotina e solidão

A saída dos filhos altera drasticamente a rotina dos pais. A ausência física dos filhos em casa cria um espaço vazio, reforçando a sensação de solidão e perda.

O silêncio e a ausência de responsabilidades constantes podem ser difíceis de lidar, principalmente quando se tratam de filhos únicos ou de famílias monoparentais. Também pode ser difícil para casais cuja relação não é satisfatória.


Arrependimento e relações tensas

Se o relacionamento entre pais e filhos foi conflituoso, especialmente durante a adolescência, os pais podem sentir arrependimento por não terem aproveitado oportunidades de aproximação. A saída do filho pode aumentar a angústia e o medo de perder o contacto.


Medo de separação e preocupações

Mesmo quando o relacionamento é positivo, os pais podem temer a crescente distância emocional e física, sobretudo se existe um histórico de trauma relativamente ao abandono ou à perda de um filho.

Existe também o receio de que as escolhas de vida dos filhos relativamente à carreira e a relacionamentos os coloquem em situações difíceis. O filho ter uma doença crónica também pode influenciar.

Estas preocupações reforçam o sentimento de impotência e ansiedade relativamente ao futuro dos filhos.


Falta de rede de apoio social

Pais que não têm um círculo forte fora da família, como amigos, colegas de trabalho ou atividades sociais, podem sentir-se ainda mais isolados e desamparados quando os filhos saem. A ausência de uma rede de apoio pode agravar os sentimentos de solidão.


Depressão preexistente

Em alguns casos, a síndrome do ninho vazio pode ser associada a episódios depressivos, especialmente quando já existe uma predisposição para a depressão.


Mudanças associadas à meia-idade

A saída dos filhos muitas vezes coincide com outros marcos de vida, como a reforma, a perda dos próprios pais ou mudanças físicas ligadas ao envelhecimento, como a perimenopausa, a menopausa e a andropausa, que contribuem para a irritabilidade, tristeza e outras alterações de humor.

Estas mudanças, em conjunto, podem aumentar a sensação de perda e desorientação.


mulher de cabeça baixa

Quais os sintomas da síndrome do ninho vazio?

Normalmente, a síndrome do ninho vazio manifesta-se durante o início da vida adulta dos filhos, quando estes saem de casa para estudar, trabalhar ou formar as suas próprias famílias. Porém, os sintomas podem surgir antes, quando os pais antecipam esta separação, ou depois, consoante vão percebendo a realidade de um lar silencioso e vazio.

As consequências da síndrome tanto podem afetar a saúde mental como os relacionamentos. Alguns casais podem enfrentar desafios no casamento, pois, sem os filhos para cuidar, a dinâmica entre os cônjuges muda, o que pode exigir ajustes na comunicação e nas expetativas.

A síndrome do ninho vazio é experienciada de forma diferente de pessoa para pessoa, mas pode incluir:

  • Medo;
  • Luto;
  • Tristeza;
  • Sentimento de culpa;
  • Stress;
  • Solidão;
  • Irritabilidade;
  • Sensação de vazio;
  • Impotência;
  • Rejeição;
  • Apatia;
  • Falta de esperança.

Se estas emoções e sentimentos lhe parecem semelhantes aos da ansiedade e depressão, é porque são. A síndrome do ninho vazio pode ser vista como uma forma mais leve e relacionada com uma situação específica dessas condições.

No entanto, se os sintomas se agravarem ou começarem a afetar significativamente o seu dia a dia, pode ser um sinal de algo mais grave e é importante falar com o seu médico.


mulher em consulta de psicologia

Estratégias para lidar com a síndrome do ninho vazio

A síndrome do ninho vazio não é apenas uma mudança na dinâmica familiar, mas também um momento de redefinição de identidade para os pais e uma oportunidade para novas descobertas e crescimento pessoal. Lidar com esta nova realidade exige autocuidado, resiliência e, em muitos casos, procurar apoio fora de casa.


Redescobrir a identidade pessoal

Aproveite o tempo disponível para recuperar interesses que possam ter sido deixados de lado enquanto cuidava dos filhos. Explorar novas atividades pode também ajudar a preencher o vazio emocional.


Fortalecer a relação conjugal

A saída dos filhos pode ser uma oportunidade para os casais redescobrirem a sua relação. Passar mais tempo juntos, viajar ou desenvolver novos interesses em comum pode fortalecer a ligação.


Ampliar a rede social

Manter ligações sociais é fundamental para evitar o isolamento. Envolver-se em grupos de apoio, atividades comunitárias ou voluntariado pode ser uma boa forma de lidar com a ausência dos filhos.


Cuidar da saúde física e mental

Praticar o autocuidado, como exercício físico regular, manter uma alimentação equilibrada e adotar práticas de relaxamento, como meditação ou ioga, pode ajudar a manter o bem-estar durante esta fase.


Manter contacto com os filhos

É importante manter a comunicação, por meio de telefonemas, mensagens ou visitas, para reduzir o impacto emocional da ausência dos filhos.


Aceitar a dor e dar tempo para se adaptar

Permita-se sentir tristeza e reconhecer os seus sentimentos. Rituais, como redecorar o quarto do filho ou estabelecer novas rotinas, podem ajudar a lidar com a mudança.


Procurar ajuda profissional, se necessário

Caso os sentimentos de tristeza ou ansiedade se intensifiquem, considere procurar ajuda de um psicólogo, o qual pode oferecer estratégias para enfrentar esta transição.


Planear o futuro

Se ainda tem filhos a viver em casa, prepare-se gradualmente para o momento em que todos saiam, para evitar um impacto muito brusco quando o último filho sair.

Aviso: O Blog Mais Saúde é um espaço meramente informativo. A Medicare recomenda sempre a consulta de um profissional de saúde para diagnóstico ou tratamento, não devendo nunca este Blog ser considerado substituto de diagnóstico médico.

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