mulher com cancro rodeada de mãe e neta

Tipos de cancro hereditários: como gerir o risco oncológico?

7 mins. leitura

Indíce
  1. 1. Hereditário vs. esporádico
  2. 2. Tipos de cancro
  3. 3. Fatores de risco
  4. 4. Avaliação do risco
  5. 5. Aconselhamento genérico

Cerca de 5% a 10% de todos os casos de cancro podem ter origem genética. Efetivamente, a herança familiar pode aumentar a probabilidade de desenvolver determinados tipos de cancro. Mas o que isto significa exatamente?

Neste artigo, vamos perceber quais são os tipos de cancro hereditários, como pode ser avaliado o risco e, caso exista, como pode ser gerido.


Diferenças entre cancro hereditário e cancro esporádico

A maioria dos cancros ocorre devido a alterações genéticas desenvolvidas ao longo da vida.

Geralmente, essas mudanças acontecem à medida que a pessoa envelhece, fruto de mutações aquando da divisão celular.

Os fatores ambientais também têm um papel nas alterações genéticas, como luz solar ou exposição ao tabagismo, que atuam como cancerígenos.

Essas alterações genéticas não afetam todas as células do organismo, não são herdadas nem podem ser transmitidas aos filhos. São mutações adquiridas.

Os cancros causados por essas mutações são designados por cancros esporádicos, o tipo mais comum de cancro.

Já os cancros causados por alterações genéticas, ou cancro hereditário, são muito menos comuns do que os cancros esporádicos.

Doze em cada cem cancros diagnosticados estão associados a uma alteração genética hereditária. Diferentes alterações genéticas podem aumentar o risco de diferentes tipos de cancro.

médica a falar com filho de paciente com cancro

Tipos de cancros hereditários

Todas as pessoas têm genes BRCA1 e BRCA2 e as alterações nesses genes podem ocorrer tanto no sexo masculino como no sexo feminino.

Pessoas que herdam mutações nesses genes correm um maior risco de desenvolver diferentes tipos de cancro hereditários, incluindo:

  • Melanoma;
  • Cancro da mama;
  • Cancro do ovário;
  • Cancro da próstata;
  • Cancro do pâncreas;
  • Cancro colorretal.

Cerca de 70 em cada 100 mulheres com uma alteração no gene BRCA1 ou BRCA2 poderão desenvolver cancro da mama até aos 80 anos. Nos homens com uma alteração no gene BRCA2, a probabilidade é inferior a 10%.

O cancro do ovário pode atingir quase 45 em cada 100 pessoas que tenham uma alteração no gene BRCA1, que poderão desenvolver esse cancro até aos 80 anos.

Com uma alteração no gene BRCA2, quase 20 em cada 100 pessoas podem ter cancro do ovário.

Mutações genéticas nos genes BRCA1 e BRCA2 podem aumentar o risco de desenvolver cancro da próstata e cancro do pâncreas, apesar de esse risco ser menor quando comparado com o risco de desenvolver cancro da mama ou do ovário.


Fatores que aumentam o risco de desenvolver cancro

Certos fatores podem aumentar a probabilidade de desenvolver cancro, podendo ser divididos entre fatores controláveis e não controláveis.


Fatores de risco que podem ser controláveis

Entre os fatores de risco para cancro que podem ser controláveis, incluem-se:

  • Infeções por vírus, bactérias ou parasitas, como HPV, Helicobacter pylori e Schistosoma;
  • Exposição ambiental a agentes carcinogénicos, como radiação ultravioleta e produtos químicos;
  • Estilo de vida, como atividade física, alimentação e hábitos prejudiciais, como tabagismo e consumo excessivo de álcool.

O consumo de tabaco está associado a um maior risco de cancro do pulmão, cavidade oral, faringe, laringe, traqueia, esófago, pâncreas e bexiga.

Já o consumo prolongado de álcool pode aumentar o risco de cancro de cabeça e pescoço, esófago, fígado, mama e cólon.

A própria alimentação é um fator de risco para cancro. Por exemplo, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e carnes vermelhas pode aumentar o risco de determinados tipos de cancro.


Fatores de risco não controláveis

Os fatores não controláveis que aumentam o risco de desenvolver cancro hereditário são:

  • Idade;
  • Predisposição genética;
  • Etnia: por exemplo, 40 em cada 100 pessoas de etnia judaica asquenaze têm uma maior probabilidade de alterações nos genes BRAC1 ou BRCA 2.

Além disso, pessoas com síndrome do cancro da mama e do ovário hereditário correm um maior risco de cancro da mama, ovário, próstata e pâncreas.

Da mesma forma, pessoas com síndrome de Lynch têm maiores probabilidades de cancro colorretal, cancro do colo do útero e cancro do ovário.


médico a falar com paciente sentado na marquesa

Avaliação do risco de cancro hereditário

A avaliação de risco genético é baseada na análise cuidadosa do histórico pessoal, histórico familiar detalhado e um exame físico, quando apropriado.

Os parâmetros analisados são:

  • Histórico familiar de três gerações, pelo menos, de ambos os lados da família;
  • Pacientes e parentes, incluindo fatores como doenças e cirurgias anteriores e rastreios de cancro;
  • Exame físico, quando apropriado, na pele, circunferência da cabeça, língua, mucosa oral, tiroide, mãos, pés e abdómen;
  • Dinâmica psicossocial e familiar;
  • Princípios básicos da genética do cancro;
  • Diagnóstico diferencial;
  • Probabilidades de mutação;
  • Aconselhamento genético pré-teste;
  • Aconselhamento genético pós-teste;
  • Estratégias personalizadas de gestão de risco.

Aconselhamento genético: o que é e quando recorrer

Para pessoas com antecedentes de cancro, pessoais e familiares, que possam sugerir síndrome hereditária, é recomendado o aconselhamento genético.

O aconselhamento genético para alguns tipos de cancro hereditários permite conhecer melhor o cancro hereditário, assim como entender o próprio desenvolvimento cancerígeno e as suas opções de rastreio ou de redução do risco.

Ao recorrer ao aconselhamento genético relativo ao cancro hereditário, as pessoas podem tomar decisões informadas sobre os testes disponíveis, seja para elas próprias, seja para as suas famílias.

Este aconselhamento está indicado para indivíduos com:

  • Famílias com predisposição hereditária para cancro com mutação já identificada;
  • História familiar sugestiva de predisposição hereditária para cancro do lado paterno ou materno, respeitante a familiares próximos do mesmo lado da família, devendo ser iniciado por um familiar afetado em idade jovem.

Geralmente, uma pessoa deve suspeitar de predisposição hereditária para cancro nas seguintes situações:

  • Dois ou mais familiares próximos apresentam o mesmo tipo de cancro;
  • Padrão de cancro em duas gerações (pelo menos);
  • Cancro diagnosticado numa idade mais jovem do que é habitual na população em geral;
  • Diagnóstico de múltiplas neoplasias primárias na mesma pessoa;
  • Associação de cancro pouco habitual na família;
  • Padrão de cancro associado a uma síndrome hereditária conhecida, como o cancro da mama e do ovário hereditário e a síndrome de Lynch (cancro colorretal hereditário sem polipose).

Testes genéticos

Os testes genéticos não são adequados para todas as pessoas, uma vez que existem critérios definidos para garantir uma abordagem coerente.

Em primeiro lugar, é necessário o aconselhamento genético antes de se realizar uma colheita de amostra de sangue para efetuar os testes genéticos de predisposição hereditária para cancro.

Existem dois testes principais para testar um gene específico de cancro hereditário: teste de índice e teste de portador.


Teste de índice

O teste de índice é o primeiro teste ao gene ou aos genes na família e, normalmente, é recomendado a quem já teve cancro.

Com este teste, pretende-se confirmar se um determinado gene está associado ao padrão de cancro na família e envolve, geralmente, testar o gene inteiro. O resultado destes testes genéticos pode demorar vários meses a chegar.

Apesar de o teste de índice poder confirmar um cancro hereditário, não pode descartá-lo nos seguintes casos:8

  • Se for identificada uma mutação patogénica, o cancro hereditário é confirmado e pode realizar outro teste genético principal (teste de portador) aos restantes membros familiares;
  • Se não for identificada uma mutação, o cancro hereditário não está descartado e, em alguns casos, pode ser recomendável repetir o teste em outro membro da família afetada.

Entre 10% a 15% dos testes de índice apresentam resultados indefinidos.


Teste de portador

Uma pessoa só efetua o teste de portador quando já está confirmada uma mutação específica de um gene na sua família. Estes testes genéticos testam a presença ou a ausência dessa mutação específica.

Apesar de o resultado confirmar o estado de saúde da pessoa e os riscos associados, o teste não consegue prever quando ou se o portador irá desenvolver cancro. O resultado pode ser:

  • Positivo: a pessoa herdou um risco elevado para desenvolver tipos de cancro específicos;
  • Negativo: a pessoa não herdou um risco elevado para desenvolver tipos de cancro específicos e apresenta o risco da população em geral.

É possível prevenir cancros hereditários?

Embora não seja possível prevenir completamente alguns tipos de cancro hereditários, existem estratégias que podem reduzir significativamente o risco e aumentar as hipóteses de deteção precoce, melhorando os desfechos.

A título de exemplo, as pessoas com mutação dos genes BRCA1 ou BRCA2 devem seguir certas recomendações.

O aconselhamento genético pode ajudar a interpretar os resultados e guiar as decisões médicas em pacientes suscetíveis.

No que diz respeito ao cancro da mama hereditário, as mulheres podem realizar os seguintes exames médicos:

  • Mamografia anual, iniciando o rastreio aos 25 anos;
  • Ressonância magnética mamária, com início aos 25 anos, que pode ser agendado alternadamente com a mamografia a cada seis meses;
  • Exame clínico das mamas e dos gânglios linfáticos regionais a cada seis meses, também em simultâneo com exames de imagem;
  • Autoexame da mama mensal, sendo que este é opcional.

Já os homens, além de estarem atentos a qualquer alteração no peito e nas mamas, podem efetuar um:

Os portadores de cancro da mama hereditário têm, ainda, outra opção. Podem ser submetidos à remoção da mama com cirurgia reconstrutiva, que inclui:8

  • Reconstrução mamária, associada a uma redução de cerca de 90% do risco de cancro da mama;
  • Análise do tecido mamário removido para excluir hipótese de cancro.

A decisão de avançar para uma cirurgia deste género é complexa, devido ao seu impacto, quer na imagem corporal, quer na sexualidade, assim como outros fatores relacionados com a qualidade de vida do paciente.

Relativamente ao cancro do ovário, a remoção de ambos os ovários e trompas pode ser uma possibilidade, sendo que:

  • É mais eficaz se for realizada entre os 35 e os 40 anos;
  • Reduz o risco do cancro do ovário e das trompas de Falópio e reduz em 50% o risco de cancro da mama, se a cirurgia for efetuada antes da menopausa;
  • Ovários e trompas de Falópio removidos são analisados para excluir hipótese de cancro.

Dado que não existe um rastreio eficaz para alguns tipos de cancro hereditários, como o cancro do ovário, esta cirurgia deve ser ponderada.

Embora as mutações genéticas hereditárias aumentem o risco de desenvolver cancro, o diagnóstico precoce por meio de rastreio regular permite tratamentos mais eficazes e melhora significativamente as hipóteses de sucesso.

É recomendável procurar aconselhamento com o seu médico assistente.

Aviso: O Blog Mais Saúde é um espaço meramente informativo. A Medicare recomenda sempre a consulta de um profissional de saúde para diagnóstico ou tratamento, não devendo nunca este Blog ser considerado substituto de diagnóstico médico.

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